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Quem foi Emily Dickinson? A grande poeta americana

Quem foi Emily Dickinson? A grande poeta americana

Tempo de leitura 8 min.
emily-dickson

Oi gente

Quem foi Emily Dickinson? A grande poeta americana. Uma jovem poeta que publicou não mais que 10 de seus poemas em vida e deixou em torno de 1800 outros que foram publicados após a sua morte.

Algum tempo atrás publiquei um post aqui e, também, no Youtube sobre a famosa escritora Sylvia Plath: A depressão e Sylvia Plath e uma das seguidoras lá do Youtube me pediu para fazer um vídeo sobre essa poetisa Emily Dickinson. Confesso que não a conhecia, porém lendo a respeito da mesma e curiosa que sou resolvi pesquisar sobre ela e divido aqui com você, hoje, um pouco sobre o que consegui.

Emily com 30 anos a esquerda e sua amiga Kate Scott Turner – Via Pinteres

Um pouco sobre a sua biografia

Emily Elizabeth Dickinson nasceu em uma família que tinha laços fortes com sua comunidade. Nasceu no Estado de Massachusetts, na cidade de Amherst, no dia 10 de dezembro de 1830 e viveu apenas 55 anos. Morreu em maio de 1886.

Sua família

Seu pai, Edward Dickinson, era um advogado e administrava o Amherst College. Seus avós e bisavós faziam parte da grande leva de imigrantes puritanos que chegaram aos Estados Unidos e por lá prosperaram.

Samuel Dickinson, seu avô paterno, foi um dos fundadores do Amherst College e no ano de 1813 conseguiu construir uma grande mansão na rua principal da cidade, onde ali a vida da família Dickinson passou por quase um século.

Emily e seus irmãos (via Pinterest)

Em 1828, seus pais, Edward Dickinson e Emily Norcross se casaram no dia 06 de maio e desse casamento nasceram 3 filhos: William Austin (1829 a 1895); Emily Elizabeth (1830-1886) e Lavinia Narcross (1833-1899) que também era chamada de Vinnie.

Educação Infantil

O início de sua educação se deu em um prédio de dois andares na rua de sua casa. Sua educação foi clássica e sempre acompanhada o seu progresso pelo pai. Seu pai,mesmo em viagem, fazia questão que as crianças estudassem e aprendessem.

Quando Emily Dickinson tinha apenas 7 anos, seu pai escreveu para casa, onde lembrava seus filhos de “manter a escola e aprender, para me dizer, quando eu voltar para casa, quantas coisas novas você aprendeu”.

A poetisa Dickinson chegaria a descrever seu pai como um homem amoroso e se refere a mãe, através de suas correspondência, sugerindo ser uma mulher fria e distante. Diria a um confidente sobre a mãe que a mesma “era horrível, mas eu gostava mais dela do que de ninguém”.

EMILY DICKINSON
Via Pinterest

Fez o primário junto com sua irmã Lavinia e na sua adolescência passou 7 anos na academia.

Adolescência de Emily Dickinson

Durante sua adolescência, como uma garota estudiosa, estudou durante 7 anos inglês, literatura clássica, botânica, geologia, história, filosofia mental e aritmética. Tinha um comportamento exemplar e escreveu a um amigo dizendo que a academia era “uma escola muito boa”.

Dos 09 aos 16 anos, Dickinson coletou mais de 400 espécies de plantas que foram catalogadas por ela à mão, as vezes com o nome comum e outras com o nome científico. https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/01/15/As-p%C3%A1ginas-do-herb%C3%A1rio-da-poeta-Emily-Dickinson-foram-digitalizadas.-E-est%C3%A3o-on-line

Essa coleção de seu herbário pode ser vista no site da Biblioteca da Universidade de Harvard, que foram digitalizadas 66 páginas no total. Veja ele por aqui.

Desde nova, se sentia perturbada sobre a possibilidade da morte. Perdeu sua prima Sophia Holland, sua amiga intima e prima de segundo grau em abriu de 1844, de tifo. Dickinson tinha apenas 14 anos e ficou traumatizada e escreveria dois anos mais tarde sobre esse fato “parecia para mim que eu deveria morrer também se não pudesse vigiá-la ou mesmo olhar para o seu rosto”.

Incapaz de morrer é aquele que é amado, pois o amor é imortalidade.... Frase de Emily Dickinson.

Após passar um tempo em Boston com familiares e se recuperar pelo trauma da perda da prima, retornou aos seus estudos, onde durante esse período, conheceu várias pessoas que tornariam seus correspondentes durante sua vida.

De 1845 ela viveu um reavivamento de sua fé, frequentando a igreja o que levaria a escrever a um amigo “Nunca desfrutei de uma paz e felicidade tão perfeitas como no curto período em que senti que havia encontrado meu Salvador”e diria ainda “maior prazer comungar sozinha com o grande Deus e sentir que ele ouviria minhas orações”.

Passado esse tempo onde, apesar de suas declarações sobre sua paz, ela nunca fez uma declaração formal de sua fé.

A água se ensina pela sede; A terra,... Emily Dickinson - Pensador

Em 1852, ela relatou através de um poema “Alguns guardam o sábado indo à Igreja – eu o mantenho, ficando em casa”.

No ultimo ano em que frequentou a academia ela conheceu Leonard Humphrey, diretor da academia, que se tornaria seu amigo. Mas tarde, ela retorna a sua casa e se dedica a trabalhos domésticos, cozinhando para família.

A palavra morre no momento em que é... Emily Dickinson - Pensador

Ela também conheceu um jovem advogado chamado Benjamin Franklin Newton, que se tornou seu amigo e quem provavelmente apresentou Emily aos escritos de William Wordsworth e “seu presente para ela do primeiro livro de poemas coletados de Ralph Waldo Emerson teve um efeito libertador.”

Newton a reconhecia como uma poetisa. Porém, quando ele estava morrendo de tuberculose, chegou a escrever para Dickinson que gostaria de estar vivo para poder presenciar a sua grandeza como poetisa.

Escritores que possivelmente a influenciaram na sua trajetória

Dicknson conhecia bem a Biblia e estava familiarizada com a literatura contemporânea. Talvez alguns de seus influenciados tenham sido Lidya Maria Child, através de um livro que ganhou de Newton, Kavangh de Henry Wadsworth Longfellow, que seu irmão levou uma cópia para ela e ainda Jane Eyre de Charlotte Bronte em 1849. William Shakespeare também teve uma influencia grande em sua vida.

No início de 1840 Dickinson estava bem e feliz em Amherst, porém após receber a noticia de mais uma morte de um de seus amigos Leonard Humphrey de 25 anos que morreu repentinamente de congestão cerebral. Dickinson entraria em um estado de melancolia, revelando a uma amiga, após dois anos, a extensão de sua tristeza.

“… alguns dos meus amigos se foram, e alguns dos meus amigos estão dormindo – dormindo o sono do cemitério – a hora da noite é triste – era uma vez minha hora de estudo – meu mestre foi descansar e a folha aberta do livro, e o estudante na escola sozinho, fazem as lágrimas virem, e eu não consigo enxugá-las; eu não faria isso se pudesse, pois eles são o único tributo que posso pagar ao falecido Humphrey.”

A sua forte amizade com sua cunhada Susan Gilbert

Susan Gilbert (cunhada de Emily Dickinson) via Pinterest

Dickinson, durante a década de 1850, teve como amiga a sua cunhada, Susan Gilbert. Para se ter uma idéia, ela chegou a enviar mais de trezentas cartas para Susan. A sua cunhada e grande amiga a apoiava muito. Ela chegou a comentar que: “Com exceção de Shakespeare, você me falou de mais conhecimento do que qualquer pessoa viva”.

“Lena Koski escreveu: “as cartas de Dickinson para Gilbert expressam sentimentos homoeróticos. Em uma de suas cartas de 1852, a poeta escreveu”

“Susie, você vai realmente voltar para casa no próximo sábado, e ser minha novamente, e me beijar… Eu espero tanto por você, e me sinto tão ansiosa por você, sinto que não posso esperar, sinto que agora devo ter você… que a expectativa de mais uma vez ver seu rosto me faz sentir calor e febre, e meu coração bate tão rápido… minha querida, tão perto de você pareço, que desdenho esta caneta, e espero por uma linguagem mais quente.”

Essa relação entre Emily e Susan foi retratada no filme Wild Nights with Emily e explorada na série de TV Dickinson.

Apesar de ser casada com o irmão de Emily, em Austin no ano de 1856, após um namoro de quatro anos, o casamento não era assim tão feliz.

Emily cuidou de sua mãe até a morte da mesma

A mãe de Emily ficou acamada, a partir de meados da década de 1850. Ela apresentava várias doenças crônicas que a levaria a morte no ano de 1882. As responsabilidades domésticas pesavam sobre Emily e acabou se confinando em Homestead.

Impossibilitada de viver a sua vida, devido aos cuidados com a mãe, Emily foi cada vez mais se afastando do mundo exterior e no ano de 1858, ela começou a rever poemas que havia escrito anteriormente e cuidadosamente começou a organizá-los. “Os quarenta fascículos que ela criou de 1858 a 1865 eventualmente continham quase oitocentos poemas. Ninguém sabia da existência desses livros até depois da sua morte.

Aos poucos, seu comportamento começou a mudar. Só deixaria sua casa, caso fosse absolutamente necessário. “… já em 1867, ela começou a falar com os visitantes do outro lado de uma porta, ao invés de falar com eles cara a cara. Adquiriu notoriedade local; ela raramente era vista e, quando era, geralmente estava vestida de branco.”

Durante seus últimos 15 anos, alguns poucos moradores que trocavam mensagens com ela a viram pessoalmente.

No dia 16 de junho de 1874, Emily perde seu pai Edward Dickinson devido a um derrame. O funeral aconteceu no hall da sua casa e Emily permaneceu em seu quarto, com a porta aberta. Ela escreveu ao amigo Higginson “o coração de seu pai era puro e terrível e acho que não existe outro igual”.

Se eu puder aliviar o sofrimento de uma... Emily Dickinson - Pensador
Via site pensador

Passado exatamente um ano, no dia 15 de junho de 1875, foi sua mãe que sofreu um derrame, produzindo uma paralisia lateral parcial e teve a memória prejudicada e assim ela cuidou da mãe até sua morte em 1882. Sobre as crescentes demandas físicas e mentais de sua mãe Dickinson escreveu “O lar é tão longe de casa”.

Emily, aos poucos foi perdendo aqueles a quem tinha tido por grandes amigos e até mesmo algum sentimento mais profundo.

Via site Pensador

Otis Phillips Lord, por exemplo, que era um juiz idoso do Supremo Tribunal de Massachusetts de Salem, foi um grande amigo e até mesmo, sem comprovação, pode ter tido algum pequeno romance com o mesmo. Eles se correspondiam por cartas, a qual ela esperava ansiosamente para recebe-las. Tinham interesses em comum, como o gosto pela leitura de Shakespeare.

Em março de 1884, Emily perde Otis Phillips e outro amigo o Pastor Charles Wadsworth, também, já havia morrido há dois anos atrás.

Os últimos anos de Emily Dickinson

Nos últimos anos, antes de sua morte, Emily Dickinson não editava e nem organizava mais seus poemas, porém continuava a escrevê-los. Ela pediu a sua irmã Lavinia, que queimasse todos os seus papeis.

Emily foi perdendo todas as pessoas que mais amava, após a morte de sua mãe, em 14 de novembro de 1882, perderia seu sobrinho predileto no ano seguinte, o filho mais novo, o terceiro, de seu irmão Gilbert e Sue, de febre tifoide.

A medida que Emily for perdendo as pessoas queridas de seu convívio, seu mundo foi desabando. Em 1884, no outono ela escreveu: “As mortes foram muito profundas para mim, e antes que eu pudesse levantar meu coração de uma, veio outra”.

No ano de 1885, no verão, ela desmaiou enquanto estava na cozinha, permanecendo até tarde da noite e após algumas semanas se seguiram com problemas de saúde. Aos poucos, ela foi enfraquecendo.

A partir de 30 de novembro de 1885, ela ficou vários meses na cama e mesmo assim conseguiu enviar várias cartas na primavera, falando sobre o que pensava ser ela.

No dia 15 de maio de 1886, aos 55 anos, após o agravamento de seus sintomas, Emily Dickinson faleceu. Seu irmão Austin escreveu: “… ela parou de respirar aquela respiração terrível pouco antes do apito (da tarde) soou por seis”. A sua causa morte, segundo o médico da família, foi uma doença de Bright (doença renal crônica) que durou dois anos e meio.

As possíveis causas de sua reclusão

Emily Dickinson chegou a ser “denominada por alguns como a grande reclusa”. Ela nasceu e morreu nessa mesma propriedade. Ela nunca se casou e sua reclusão uns dizem que durou 25 anos.

“Alguns criticos atribuem essa postura de isolamento a frustrações no campo afetivo; entre seus amores estariam homens mais velhos, casados, alguns frequentadores da casa dos pais, como o editor Samuel Bowles e o juiz Otis Lord e o pastor Charles Wadsworth.”

Além do fato acima, outros acreditam que ela tenha tido uma paixão pela cunhada Suzan e ainda outros ainda atribuem um problema de saúde, um distúrbio renal crônico, sem tratamentos naquela época, o que provocava incontinência urinária e também mau cheiro em seu corpo.

Pode-se pensar, também, que ao ser designada para cuidar da mãe adoentada, ela não tinha outra opção a não ser permanecer em casa, o que a levaria a sua reclusão. Um vida estagnada, para cuidar de outra.

Provavelmente, escrever foi a forma que ela pode lidar com todo esse tempo de reclusão, pois a escrita também é uma forma de elaboração de possíveis situações, onde não há como externar os seus sentimentos.

Ela não deixou nada explicando sobre seu trabalho de uma vida. A maior parte de sua produção literária foi feita em segredo. Apenas 10 de seus poemas foram publicados e a maioria sem seu consentimento.

Foi sua irmã Lavinia que, após a sua morte, ficou surpresa por encontrar em torno de 1800 poemas, sendo alguns encadernados em pequenos livretos pela própria Emily.

Após quatro anos de sua morte, foi publicado o primeiro volume de Dickinson e somente em 1955, Thomas H. Johnson publicou os Poemas Completos de Emily Dickinson.

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Enfim gente, achei muito interessante a biografia dessa poeta americana e quis dividir aqui com você.

Era isso por hoje.

Obrigada pela sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço.

Referencias:

https://en.wikipedia.org/wiki/Emily_Dickinson#Family_and_early_childhood

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/01/15/As-p%C3%A1ginas-do-herb%C3%A1rio-da-poeta-Emily-Dickinson-foram-digitalizadas.-E-est%C3%A3o-on-line

https://iiif.lib.harvard.edu/manifests/view/drs:4184689$22i

https://www.publishersweekly.com/pw/by-topic/industry-news/tip-sheet/article/67591-the-10-best-emily-dickinson-poems.html

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