Oi Gente
O objetivo de hoje é dividir aqui com você um pouco sobre a vida de Clarice Lispector, que nasceu na Ucrânia no dia 10 de dezembro de 1920, porém se considerava brasileira e pernambucana, pois Clarice veio com seus pais para o Brasil com apenas 2 anos de idade.
Clarice Lispector é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX e no ano passado completaria 100 anos.
Um pouco sobre sua biografia
A chegada de Clarice a esse mundo já veio com uma expectativa de que, com a gravidez de sua mãe que se encontrava doente, segundo uma superstição ucraniana, o bebê poderia ser a cura do mal que atingia sua mãe.
Clarice chega a sua família que era composta por seu pai Pedro, sua mãe Mania, sua irmã mais velha Lea (a primogênita) e outra irmã de nome Tânia que seria a filha do meio. Assim, nasce Clarice, a caçula da família, em um momento crítico onde estava sendo implantado o regime comunista na Russia.
Seus pais estavam passando por situações difíceis, em razão do antissemitismo, devido a Guerra Civil Russa (1918-1920) e Clarice nasce em um momento em que sua família se preparava para fugir de seu país. O seu primeiro nome era Haia, ganhando outro nome em sua chagada no Brasil.
A maior parte da família de sua mãe já havia emigrado para a América do Sul, onde trabalhavam em organizações judaícas e, assim, colaboraram para a vinda da família para o Brasil.
Primeiramente, a família se estabelece em Maceió, onde seu pai vai trabalhar como mascate com seu cunhado de nome José Rabin. Os dois resolveram abrir uma fábrica de sabão, porém o ganho da família era muito pequeno e vivam com dificuldades. Com a mãe sempre enferma, quem cuidava de sua casa era sua irmã Léa com apenas onze anos de idade.
A infância de Clarice
Em 1924, a pequena Clarice vai para a escola, ainda em Maceió. Com as dificuldades da família e brigas familiares, seu pai resolve tentar a vida na cidade de Recife, em Pernambuco.
Em 1925, Clarice chega ao Recife, onde vai residir no bairro Boa Vista. Nessa cidade havia, também, uma população judaica mais coesa.
“Clarice, antes mesmo de aprender a ler, aprendeu a inventar histórias, as quais nunca tinham fim. Fabulava com uma amiguinha e, quando a história parecia não ter mais possibilidades de continuação, a menina encontrava um modo de prosseguir até mesmo “ressuscitando” personagens. Mais tarde, ao ler Herman Hesse, reaparecerá na escritora esse fio temático de história sem fim, conforme ela confessa ao dizer: “Fui ler Herman Hesse. Tomei um choque. ‘O Lobo na estepe ou da estepe’, não sei. Aí comecei a escrever um conto que não acabava mais. Terminei rasgando, jogando fora” (Gotlib, 1995:85).” https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-58112007000100004
Clarice estudou no Grupo escolar João Barbalho, no colégio Hebreu Hídiche-brasileiro e desde muito jovem se interessa pela leitura.
“Aos nove anos, Clarice foi ao teatro. A garota assistiu a uma peça romântica que a impressionou tanto que decidiu escrever a sua própria peça. Num caderno de escola, escreveu, em poucas páginas e com apenas três atos, Pobre Menina Rica. Não queria que conhecessem seu texto, no qual falava de amor; escondeu-o, então, atrás da estante. Num dia de mudança, Clarice correu apanhar as folhas para que ninguém visse. Não se sabe se os originais foram perdidos ou rasgados.” https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-58112007000100004
O falecimento de sua mãe
Sua mãe, com apenas 41 anos, por uma congestão edematosa, devido a tuberculose. Ainda com 09 anos a pequena Clarice se depara com a tristeza da perda da mãe, ela que tinha vindo com a promessa de salvar a própria mãe.
Clarice vai morar no Rio e para colaborar com as despesas da casa, irá dar aulas particulares de português e matemática.
No ano de 1937, com dezesseis anos, ingressa no curso complementar de Direito na Universidade do Brasil, um curso de duração de dois anos e em 1938 é transferida para o Colégio Andrews onde completará seus estudos. Nesse período também frequentava curso de inglês e datilografia.
“De acordo com ela, “como eu não tinha orientação de nenhuma espécie sobre o que estudar, fui estudar advocacia”. Apesar da relutância do pai, que temia mudanças estressantes na filha, ela seguiu com seus planos e tinha um objetivo: “Minha ideia … era estudar advocacia para reformar as penitenciárias”.https://pt.wikipedia.org/wiki/Clarice_Lispector
As 19 anos, Clarice perde o interesse pelo Direito e passa a se dedicar a Literatura.
Em 25 de maio de 1940, ela publica seu primeiro conto “Triunfo”na Revista Pan, onde descreve os pensamentos de uma mulher abandonada pelo seu companheiro.
Clarice amava ler
Entre suas leituras, entrou em contato com Dostoievski, Kafka e Virgínia Woolf. Mas, foi com a leitura do “O Lobo da Estepe”, aos 13 anos, de Herman Hesse, que a ajudou a decidir que o que mais queria era escrever.
Em 26 de agosto de 1940, Clarice perde seu pai, após passar por uma cirurgia de retirada de vesícula aos 55 anos.
Com a morte do pai, Clarice e sua irmã vão morar com Tania, sua irmã casada e como o apto era muito pequeno, a irmã dormia na sala e Clarice no quarto da empregada onde estudava e escrevia.
Clarice insatisfeita com seu trabalho em escritório, foi trabalhar na área de jornalismo e na redação da Revista Vamos ler, direcionada ao público masculino de alta classe.
Logo mais, passa a escrever para vários jornais e inicia suas viagens para diferentes localidades. “Com o primeiro salário de jornalista comprou o livro Felicidade de Katherine Mansfield, que a influenciaria ao longo da vida e sobre o qual comentou, em sua primeira leitura: “Este livro sou eu”.
Naturalização e Casamento
Depois de obter a sua naturalização em 12 de janeiro de 1943, no mesmo mês, no dia 23 de janeiro se casa com Maury Gurgel Valente, diplomata brasileiro.
O que é escrever, o que é ser autora de sua própria vida. Saber quem sou eu?
“A inspiração vem dessa longa elaboração inconsciente”. Clarice Lispector
Em 1943, Clarice escreve seu último livro “A hora da Estrela” que narra a história de uma datilógrafa alagoana de nome Macabéa que chega ao Rio de Janeiro. Mas tarde esse livro virou filme e segundo a sua produtora dizia ser a imagem do Brasil naquela época.
Em 1944, escreve uma carta a sua irmã Tania, antes de partir para um período de 15 anos na Europa.
Clarice tinha a lingua presa, mas não quiz fazer cirurgia, pois achava que deveria ser muito doida. Veja abaixo uma de suas ultimas entrevistas.
Clarice também excursionou pela pintura. O grande público certamente não conhece suas obras.
Clarice publicou mais de 30 livros, sendo que desses 23 enquanto estava viva e os outros sete após sua morte. Ela se dedicou a vários gêneros literários, desde literatura infantil, romances, entrevistas, contos, crônicas, lendas brasileiras.
De acordo com Nádia Battela Gotlib, em uma palestra no quinto ciclo de conferências da Academia de Letras, ela comenta sobre uma carta de Clarice onde ela comenta que escrever é o que mais amava na vida. Ela dizia que entre o amor e a literatura, ela sem duvida optava pela literatura.
Clarice era fumante e tomada remédios para dormir. Teve um episódio em sua vida onde dormiu com um cigarro aceso. O apartamento pegou fogo e Clarice teve muitas queimaduras em seu corpo, momento em que ficou hospitalizada durante vinte dias, quase teve sua mão amputada, porém com a intervenção da irmã recebeu enxerto de pele e com inúmeras fisioterapia conseguiu recuperar seus movimentos ficando com um pouco de limitação.https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/livros/noticia/2020/12/clarice-lispector-quase-morreu-em-um-incendio-veja-sete-curiosidades-sobre-a-autora-ckigegn8t007v019wwvr3gguf.html
Na véspera de seu aniversário, em 09 de dezembro de 1977, Clarice Lispector morreu devido a um câncer de ovário, um dia antes de completar 57 anos.
Abaixo, veja um vídeo sobre Clarice, através do olhar de seu filho. Achei muito legal.
Era isso por hoje.
Obrigada pela sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.
Um abraço.
Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Clarice_Lispector
https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-58112007000100004
Especial Clarice Lispector 100 anos da TV Cultura