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História da Moda – O início do uso das roupas

História da Moda – O início do uso das roupas

Tempo de leitura 10 min.

Oi gente

O objetivo do post de hoje é trazer aqui para você um pouco da história da moda sobre o início do uso das roupas. Graças as descobertas e os estudos sobre as pinturas em cavernas, as primeiras civilizações, tanto do Egito quanto da Mesopôtania, já não respondem mais sobre o início sobre essa história. Houve tempos anteriores, onde nem se pensava na palavra moda…

O fato de me interessar pela  História da Moda é pelo fato de que, quando se pensa em moda, logo vem a cabeça os looks e o que se está usando e tal, mas a moda tem muito mais a nos informar além do que vemos na atualidade. Acho hiper interessante, pois desde os primórdios da humanidade o modo de se vestir já trazia um simbolismo em todas as culturas.

É uma oportunidade de conhecer por trás de um vestuário, além de toda a história dos materiais que o compõe, também nos possibilita pensar sobre o que determinada civilização, nas diferentes culturas espalhadas pelo mundo, traduzia e traduzem através de suas vestimentas.

A roupa e acessórios que compõem um traje, formando uma imagem podemos refletir sobre o que esse modo de se vestir pode significar para aquele que a veste e o que pode transmitir para aquele que observa. 

Pesquisando sobre a história da moda, você pode adquirir conhecimentos culturais incríveis além de fazer as conexões para os dias atuais. Sem dúvida alguma, o modo de se vestir nos permite conhecer e observar algo daquele que o veste e, ainda, observar mudanças de comportamento de acordo com a forma que a pessoa se apresenta.

Só para citar um exemplo para você poder pensar a respeito: Uma pessoa, por exemplo, que trabalha em uma instituição que comporta um uniforme, quando está usando roupas normais no seu dia a dia é uma pessoa, mas, quando veste aquele uniforme cheio de significações há junto a esse modo de se vestir um outro comportamento, como se aquela peça, uniforme ou até mesmo um acessório, trouxesse com ela um determinado “poder” fazendo com que ela se apodere de um valor e comportamento totalmente diferente. Vamos lá então conhecer um pouco sobre o início do uso das roupas.

O início de tudo

Primeiramente, uma das justificativas que levou o homem a utilização de materiais para cobrir o corpo, nos primórdios da humanidade, foi a necessidade de se proteger contra o frio. “Os geólogos nos conscientizaram de uma sucessão de eras glaciais, nas quais o clima de grande parte da Europa tornou-se extremamente frio”. p. 8

Se comparado o homem com os animais, nós seres humanos, não recebemos da natureza a felicidade de podermos nos proteger como eles. Assim, o homem percebeu que os animais é quem poderia colaborar com ele nesse sentido, não só fornecendo a carne para a alimentação, mas também a sua pele.

Alguns problemas com o uso da pele dos animais 

Colocar simplesmente a pele do animal sobre o corpo, além de restringir os movimentos, a mesma não cobria todo o corpo. Embora sem ter meios de dar início a forma de uma vestimenta, era necessário que se pensasse sobre como utilizar aquelas peles para que se cumprisse o objetivo da proteção do corpo.

Outro problema enfrentado era o fato de que as peles quando se secavam, as mesmas ficavam duras e apresentavam dificuldades de manejá-las junto ao corpo. Era necessário descobrir alguma forma de deixá-las macias. E como faziam isso? através da mastigação. “Mesmo hoje, as mulheres esquimós passam parte considerável do dia mastigando as peles que seus maridos trazem da caça”.  Após essa tentativa, pensaram então em algum outro método para melhorar a maleabilidade da pele. O passo seguinte, após a raspagem de todos os resquícios de carne grudadas nela, a pele era molhada e sovada.

Aos poucos, descobriram que as banhas dos animais marinhos, bem como o óleo, se fosse esfregado junto a pele a mesma poderia se tornar mais maleável, pelo menos até que o óleo secasse. E, assim, foram surgindo novos tipos de procedimentos para que pudessem utilizar as peles de uma forma mais maleável. Eis então o próximo passo que foi o curtimento, o qual conhecemos até os nossos dias.

Como era feito o processo de curtimento? 

A natureza sempre presente colaborando com o homem: “A casca de certas árvores, especialmente do carvalho e do salgueiro, contém ácido tânico, que pode ser extraído ao se mergulhar a casca em água. Após ficarem imersas nessa solução por tempo considerável, as peles tornam-se permanentemente maleáveis e à prova d’água”. p.10

A partir desse processo, houve a possibilidade de deixar as peles mais maleáveis permitindo que fossem cortadas e moldadas. E aí como unir essas peles? Embora as vezes nunca pensamos na importância de uma ferramenta tão simples e importante para a história do homem, eis que houve então uma nova descoberta tão importante que, a mesma é comparada à invenção da roda e do fogo: surge a agulha de mão.

Como eram feitas as agulhas?

A foto acima você já pode perceber de onde vieram as primeiras agulhas. É bem isso, os mamutes foram um dos animais que colaboraram para essa invenção. “Grandes quantidades dessas agulhas, feitas de marfim de mamute, de ossos de rena e de presas de leão-marinho foram encontradas em cavernas paleolíticas, onde foram depositadas há 40 mil anos”.

 

Aos poucos as agulhas iam sendo cada vez mais aprimoradas, conforme a necessidade, algumas inclusive bem pequenas e trabalhadas. Com mais essa ferramenta se tornou possível unir os pedaços de pele para que pudessem ser amoldadas junto ao corpo. 

Os vestimentas dos esquimós, ainda hoje utilizadas, é resultado desse avanço ocorrido com a utilização das agulhas elaboradas com os materiais vindos dos diversos tipos de animais.

Os povos que viviam nas regiões mais frias do globo terrestre foram criando aos poucos formas as vestimentas para que pudessem se proteger do frio e os povos das regiões mais quentes, como foram criando as suas vestimentas?

Os povos dos climas temperados e suas vestimentas

“Todos os fios e cordas do Paleolítico Superior descobertos em sítios arqueológicos foram feitos de fibras de plantas torcidas. O fio, por sua vez, era necessário para a manufatura do tecido, ou seja, o entrelaçamento de dois conjuntos de fios, o urdume e a trama, em que o primeiro na vertical é tensionado através de algum tipo de tear para a inser’ão da trama na transversal”. (Analwalt) p. 18

Os povos que viviam em regiões de climas temperados foram descobrindo aos poucos a utilização de fibras animais e vegetais. “(…) outra técnica primitiva, que também utilizava fibras vegetais, era o aproveitamento da casca de certas árvores, como a amoreira ou a figueira. A casca era arrancada e mergulhada em água. Três camadas eram então colocadas sobre uma pedra chata, sendo as fibras da camada do meio dispostas de modo a formar ângulos retos com as das outras duas. As camadas eram então sovadas com um malho até que se juntassem e passava-se óleo ou tinta no tecido resultante para aumentar sua durabilidade”. p. 11

Essa técnica utilizada é muito semelhante a que os egípcios antigos utilizavam em seus papiros  que serviriam para a escrita e ela é considerada uma etapa intermediária na fabricação de tecelagem e esteiras. “O tecido de casca, entretanto,é difícil de cortar e costurar, e as roupas feitas com ele são, em geral, apenas um retângulo que se enrola no corpo”. p. 11

Para se chegar ao uso dos tecidos que hoje conhecemos foram anos para se fazer essa transição. Através das estatuetas e baixos-relevos no terceiro milênio a.C, da antiga civilização suméria da Mesopotâmia, mostram “pessoas usando saias compostas de tecidos em tufos, isto é, panos com a aparência de tufos de lã dispostos simetricamente, às vezes como uma série de babados. Quando esses tufos, ou tiras independentes, foram relegados à bordas dos retângulos de pano, transformaram-se em franja, e esse vestígio pode ser visto claramente em quase todas as vestimentas usadas pelos assírios e babilônios de ambos os sexos”. p. 14

“O termo Kaunakés, que inicialmente significava velo de carneiro ou pele de cabra de pelo longo, passou mais tarde a designar o próprio traje. (…) o tecido Kaunakés servia igualmente como símbolo na iconografia eclesiástica, por exemplo o manto lanoso de São João Batista”. (ANAWALT, P.)

O traje básico do vestuário sumério era composto de um longo retângulo de tecido de lã franjado enrolado no torso, onde uma das extremidades que eram drapejadas no ombro esquerdo, deixando o ombro direito livre. “Trajes drapejados à moda suméria constituíram o padrão do vestuário na Mesopotâmia por um longo período: já as cores e estampas dos tecidos tornaram-se progressivamente luxuosas.”p. 20

 

“Esta cena do monumento assírio conhecido como o Obelisco Negro de Salmanazar retrata Jeú, rei de Israel (842-814 a. C), prostrado diante do rei assírio Salmanazar III. O governante vitorioso veste a coroa oficial assíria, um adorno semelhante a um fez sustentando um remate pontiagudo, e um mando franjado enrolado na túnica e drapejado sobre um dos ombros. Os atendentes do rei também vestem túnicas com mangas e mantos franjados. Todos usam sandálias presas no dedão por um anel. “. (ANAWALT. P) P. 22

As roupas nesse período já eram tecidas em teares horizontais que eram apoiados no chão, onde trabalhavam com fios de lã ovina, pelo caprino e, em menor escala, o linho. “O pelo caprino  era aparentemente usado na fabricação de cordas, cobertores e camas; o linho era usado para fazer cobertas e cortinas de templos, trajes sacerdotais, lençóis, representações do vestuário de divindades, e tecidos utilizados em rituais médicos e outras cerimônias”. p. 20

Alguns trajes do povo sumério

O sumérios antigos deixaram registros de duas categorias de roupas, sendo a primeira vestuário de ritual e a segunda o traje básico. “Trajes ricamente ornamentados eram reservados para reis, rainhas, cortesãos e representações de deuses; os altos dignitários dobravam seus tecidos franjados retangulares, formando uma faixa que era usada sobre a túnica. O comprimento das franjas, cada vez mais importante, refletia a condição social”. p. 20

 

 

 

O linho

O linho, no Oriente Médio, era a planta principal, pelo fato de sua adaptação ao clima quente. “Os indícios mais antigos da domesticação da planta vêm de sítios no leste do Iraque, 5.500 a C. e do noroeste do Iraque, 5.000 a.C, embora o uso humano de linho venha de, no mínimo 6500 a.C, prossivelmente coletado em sua forma selvagem”. (Anawalt) p.18

Uma das evidências mais antigas de roupa de fibra vegetal, onde fragmentos foram encontrados em uma caverna de Israel, Nahal Hemar, no ano de 6500 a.C. apresenta a confecção de um saco feito de linho não tecido, “emalhado com agulhas e contendo botões de pedra, possivelmente usado como chapéu cerimonial. p. 18

Os persas

Em uma inscrição assíria de 834 a.C. é onde aparece o primeiro registro sobre os persas. Aparece como Parsua e também Muddai, sendo Parsua os persas e Muddai os medos. Parsua era um termo designado para se referir as tribos iranianas do sudoeste. Os gregos os chamavam de medos, porém a partir do século V a.C. também começam a utilizar essa denominação persa como forma de se referir ao império de Ciro, o Grande. Você poderá verificar por aqui mais informações sobre os persas https://pt.wikipedia.org/wiki/Persas

O território persa só para que se possa situar foi um território que se estendeu pelas áreas hoje chamadas de Turcomenistão, Afeganistão, Turquia, Paquistão, Usbequistão, Irã e Iraque.

“Arqueiros persas de Susa, séculos V-IV a. C. Túnicas de tecido estampado, com cintos e mangas largas. Os cabelos e as barbas eram cacheados com pinças quentes”. p. 13

No século VI a. C. a civilização da babilônia era dominada pelos persas, região onde hoje se encontra o Irã. “Além da lã e do linho, tinham também acesso à seda trazida da China pela longa rota das caravanas. No entanto conservaram seu adorno de cabeça, o chapéu macio de feltro que os gregos chamavam de “frígio”

Origem do Chapéu e suas curiosidades  e cerca de dois mil anos depois, seria adotado pelos revolucionários franceses como “o chapéu vermelho da liberdade”

Quanto as sapatos utilizavam uma bota fechada de couro flexível com a ponta ligeiramente voltada para cima. O traje típico persa que foi uma inovação era a calça que, de acordo com registros disponíveis, também faziam parte dos vestuário das mulheres.

De acordo com alguns historiadores, os persas são considerados como os primeiros povos a cortar e fazer peças sob medidas, diferente dos egípcios. Ao longo do tempo foram adequando as suas vestimentas de acordo com a necessidade. 

 

 

 

Caso você queira dar uma olhadinha, achei bem interessante um blog onde a proposta é trazer informações sobre o irã e lá a autora traz mais detalhes sobre a questão da moda dessa época até os dias de hoje. 

https://chadelimadapersia.blogspot.com.br/2013/06/breve-historia-da-moda-no-ira.html

Os egípcios

Os trajes utilizados pelos egípcios eram mais leves do que os da Assíria e Babilônia. A roupa era tida como uma distinção de classe. Enquanto os escravos e as pessoas de classes mais baixas andavam praticamente nus, as pessoas das classes mais favorecidas, tinham o privilégio de se vestir.

O povo do Egito antigo manufaturavam seu vestuário, geralmente de linho basicamente branco, em um tear horizontal. “O traje masculino característico era o saiote de linho branco, uma peça de tecido retangular enrolada na parte inferior do corpo e amarrada na frente; por baixo, vestia-se uma tanga triangular, ou shente, cujas pontas eram ocasionalmente presas com um cordão. O comprimento, volume e ajuste do saiote variavam conforme a posição social e a época”. Esse modelo era mais utilizado durante o Império Antigo. Já no Império médio as saias eram mais longas podendo ir o seu comprimento até os tornozelos. p. 24

No Império novo o adorno que prendia o saiote era agora visível do lado de fora. O volume das roupas eram, tanto no traje masculino, quanto no feminino, concentrados na frente do vestuário, sendo ajustados na parte de trás.

O traje feminino era um vestido estilo tubo reto, longo e justo e sustentado por alças mais largas, no Imperío Antigo. Já no século XVI a.C. surgiu a túnica com mangas curtas. “Durante o período mais luxuoso do Novo Império, a túnica adquiriu mais volume e passou a ser usada como um traje externo; essa roupa era feita de linho fino plissado, quase transparente”.p. 24

O Egito apresentava altas temperaturas no verão, mas no inverno fazia bastante frio. Havia outros trajes como camisas e vestidos leves para o verão e no inverno, tanto as mulheres quanto os homens, usavam peças mais grossas com capas, geralmente feitas de lã.

Sandália Tutancâmon

Quanto aos sapatos, tanto homens quanto mulheres, usavam o mesmo tipo de sapatos, geralmente sandálias que eram feitas de palha e “folhas limpas de palmeira ou papiro trançadas à mão. (..) as sandálias de couro eram raramente usadas, mas sandálias elegantes aparecem em figuras retratadas durante o período Amarna. Na tumba de Tutancâmon, foram encontrados quase cem calçados, desde peças de uso diário até os itens mais extravagantes”. p.28

Enfim gente, como disse no início o objetivo do post é trazer um pouco sobre o início do uso das roupas, porém para cada um desses povos caberia um post em separado, principalmente dos egípcios que se tem muito material a respeito. Em outro momento espero trazer mais sobre eles por aqui.

Se você gosta do assunto sobre a história da moda, te convido a visitar alguns outros posts por aqui:

História da Moda – Indumentária Greco-Romana

Como surgiu a marca no mundo da moda

Fatos e fotos da Moda no período de 1900 a 1910

Fatos e fotos da moda entre 1910 a 1920Fatos e fotos da moda de 1920 a 1930

Fatos e fotos da moda de 1930 a 1940

História da moda de 1940 a 1950

História da Moda de 1950 a 1960

História da Moda 1960 a 1970

Fatos, fotos e vídeos da moda de 1980 a 1990

Era isso por hoje.

Obrigada pela sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço.

 

Referências:

ANAWALT, P. R. – A história mundial da roupa – Tradução Anthony Cleaver e Julie Malzoni  Ed. Senac – São Paulo, 2011.

LAVER, J, – A roupa e a moda – Uma história concisa – Tradução: Gloria Maria de Melo Carvalho – Ed. Companhia das Letras – São Paulo, 1989

Imagens disponíveis do Google imagens e do Pinterest

 

4 respostas

  1. Nossa Mari do céu. Rodei o google inteiro pesquisando sobre a indumentária das antigas civilizações, mas só achava artigos picados. Muito obrigada pelo trabalho!

    1. Olá Tiago

      Sem problemas, só gostaria que colocasse a fonte junto a sua publicação ok? O objetivo do blog também é esse, transmitir informações que possam ser uteis.
      Sucesso com a loja.
      Um abraço.

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