Oi Gente
O objetivo do post é trazer um pouco aqui, para você, alguns fatos, fotos e vídeos da moda de 1980 a 1990. É interessante fazer um post como esse, pois na minha idade, nessa década, já participava da história e mil e uma lembranças retornam em nossa memória…
FATOS
A década de 80 foi marcada com grandes acontecimentos e muitas mudanças no mundo. No Brasil, então, que anos loucos, principalmente em se tratando da economia.
“Em 1981 o PIB caiu 3% e a inflação permaneceu no patamar de 100% até 1982. O Brasil entrou em uma recessão em 1981 que se arrastou por nove trimestres. Foi a mais intensa na história do país, com uma contração acumulada no PIB de 8,5%%.”https://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/economia-brasileira-decada-de-1980/69426/
É nosso Brasil, não é de hoje que deixa os brasileiros sempre instáveis quando o assunto é economia. Essa década também pode ser lembrada pelo fim da ditadura, pela eleições diretas para presidente e pela redemocratização.
Quanto ao dinheiro passava do cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, com Inflação altíssima e troca de moeda. Quando estava nos acostumando com o novo momento,já estava lá outro plano econômico chegando e por aí tudo ia acontecendo. Me casei nessa década, em 1986, e me lembro bem que foi uma época onde houve uma mudança de plano econômico e os brasileiros iam as compras, deixando as prateleiras vazias, devido ao preços estarem baratos.
Nessa década, em 1981, acontecia do casamento real de Lady Dianna e Prince Charles, na Grã-Bretanha. Um casamento entre um rei e uma rainha que, dentro do mundo da moda, passaria a ser referência mundial. David e Elizabeth Emanuel fizeram o modelo mais importante da vida de Dianna: o vestido de tafetá de seda marfim usado na Catedral Saint Paul, no dia 29 de julho de 1981.
A jovem Dianna, que viveu de 1961 a 1997, uma das personalidades mais fotografadas no século XX. “Aonde quer que fosse, seu estilo era minuciosamente inspecionado, discutido e imitado (…) Diana usava roupas sérias com babados na gola e saias franzidas simples.” (Taylor K. p. 168)
Com o tempo, Dianna passou a usar trajes de veludo escuro, como forma de combinar suas jóias e com sua cor pálida. “Muitas vezes usava preto, apesar dos conselhos de que isso iria contra o protocolo real”. p. 168
Grande número de países desenvolvidos passou por uma recessão nos anos 80, com um alto número de desemprego. A roupas passaram a ser fabricadas pelos países onde a mão-de-obra era mais barata. Entrava a licença maternidade no mundo ocidental, a igualdade de remuneração e mais mulheres chegavam ao mercado de trabalho, tornando o vestuário feminino mais comum.
Falar de moda nessa década só me vem a cabeça que foi uma época do eclétismo, pois se via de tudo. Das roupas comportadas de alfaiataria, com grandes ombreiras, as roupas de strech.
A moda das academias vão para as ruas
A onda das academias, trazia para a moda as famosas calças legging que saem das academias para o uso diário e usadas, as vezes, com meia branca e mocacins, ou até mesmo com salto agulha. Não acreditam? Pois é, parece que tudo estava valendo nessa década. Há quem diga que esse período, na moda, foi considerada a mais cafona.
Nossa, cafona que palavra mais cafona (kkk). Com certeza, quem não viveu esses tempos não saberia dizer o que é isso. É incrível como a gente, as vezes, ainda traz algumas palavras dessa época e os jovens ficam sem entender, quando não dão risada, quando a gente explica.
Polainas, faixas na cabeça, tênis brancos e coloridos, os famoso all-star de várias cores, estavam nos pés de homens, mulheres e crianças, moletons, lycra, os famosos sapatos mocassim baixinhos e confortáveis vieram para ficar, nas cores mais clássicas ou coloridos, adoro até hoje. As sapatilhas de plástico coloridas da Melissas era uma febre entre as jovens.
“(…) do terninho que era símbolo do poder às etérias criações desconstruídas de estilistas japoneses de vanguarda, dos babados, chapéus de pirata e casacos soltos de new romantic ao minimalismo futurista das roupas usadas pela banda alemã Kraftwerk. Parece que houve de tudo”. p. 156
A partir de 1981, a venda de vestidos diminuíram comparada às décadas anteriores, porém as saias continuavam com tudo. Mas, ainda, o fato das mulheres terem adotado “maciçamente o uso da calça, as mulheres não renunciaram de modo algum à parte propriamente feminina de seu guarda-roupa. A calça não substitui progressivamente os trajes arquetípicos da mulher, mas doravante figura ao lado deles, como opção suplementar. Persistência de um guarda-roupa especificamente feminino, que não deve ser apreendida como sobrevivência inerte destinada a desaparecer, mas como condição de uma liberdade de vestuário maior e mais variado”. (LIPOVETSKY, G. 2009, P. 156)
Geração Yuppie
Essa nova década também ficou conhecida pela geração Yuppie, onde o foco nas carreiras e a busca pela igualdade de direitos entre mulheres e homens, no mercado de trabalho, era um dos assuntos do momento. Podia se observar as diferenças entre as geração dos anos 60 e 70, que lutaram por outros valores na sociedade como a liberdade de expressão.
Moda masculina da geração yuppie
Os yuppies voltaram novamente a um certo conservadorismo, estando mais focados na questão da carreira e profissão.
As mulheres, inseridas no mercado de trabalho, reivindicava direitos iguais aos homens, tendo que lidar com um certo preconceito. As casadas, que trabalhavam fora de casa, ainda tinham que lidar com preconceitos vindos das próprias mulheres que escolhiam ser mãe, esposa e donas-de-casa. Era comum receber um certo questionamento se era mesmo necessário trabalhar, sem contar com um certo machismo dentro das empresas, onde as mulheres tinham a todo momento que provar a sua competência. Acredito que, infelizmente, algumas dessas situações ainda ocorram atualmente.
Era um período onde a moda caminhava para uma inovação no sentido de direcioná-la para o estilo próprio. O que faz com que pensemos que foi uma década das variedades de opções. Com o surgimento de novos materiais para a criação da moda, havia estilos para todos os gostos, dos mais formais, aos informais. O casual fazia parte desse momento, onde a mesma roupa com que se ia ao trabalho, podia esticar para a noite.
Programa da Xuxa
Xuxa e Luiza Brunet disputavam as capas de revistas. Foram ícones da moda nesse período.
Madonna
Segundo Glória Kalil, os anos 80 é a década do Poder “A aids dá um breque na curtição dos 1970. Menos prazer, mais poder; Os yuppies e os meninos da Bolsa dominam o mundo ganhando fortunas e gastando em carros, champanhe, roupas de marca (gravatas Hermés, canetas montblanc, computadores IBM); A celebridade é Madonna. Mas os holofotes também iluminam Boy George, Bill Gates, Reagan, Margareth Thatcher e Michael Jackson; o seriado da TV é Dallas, o programa é Xuxa, a novela é vale-tudo; começa a obsessão pelo fitness e o mundo pratica o jogging; os homens usam cabelos com gel, e as mulheres, medonhos penteados crespos, maquiagem exagerada, sombras azuis nos olhos; as grifes poderosas: Mugler, Montana, Alaia, Halston, Calvin Klein; a década termina com a queda do Muro de Berlim, o Mercado Comum Europeu e a globalização. A moda era ser poderoso: o que já não era tão chic…”. p. 21
Quando se fala dos anos 80, não tem como não lembrar desse filme Flashdance. Eu o assisti, pelo menos, umas 3 vezes no cinema e acredito, quem foi jovem nessa época, deve-se lembrar.
http:/https://www.youtube.com/watch?v=iN7s96TnG_I
Um pedacinho do filme só para recordar
Cortes de cabelo
E os cortes de cabelo “chitãozinho e xororó” e pigamaleão, quem se lembra? Aqui no Brasil, nesses anos 80, era o que mais se ouvia nos salões de beleza, kkk. Me lembro bem do meu kkkk. Estou me divertindo fazendo esse post. Aí, para quem não sabe o que é cafona, vai observando…
Usava-se também as famosas tranças nos cabelos, das mais simples as famosas embutidas. Quando se descobria uma profissional que sabia fazer tranças lindas no cabelo, o horário era bem disputado. O gel no cabelo new wave para dar o efeito molhado, tanto para homens quanto para mulheres e neutrox para ser usado como condicionador ou, ainda, para proteção dos cabelos antes do mar ou piscina.
Segundo James Laves, em seu livro A roupa e a Moda, comenta que: “Na década de 80, a mística da alta costura evaporou-se. As mulheres tinham mais conhecimentos sobre corte e tecido do que em qualquer época desde a Segunda Guerra Mundial, e toda mulher estava bem equipada para criar seu próprio look”. pg. 278
Essa década é considerada também a do culto ao corpo e a busca constante pela Beleza. As mulheres começam a dar importância a musculação e aos contornos do corpo e a busca do ideal de ser magra. “As ruas de Paris são tomadas pelo cheiro de Poison, de Christian Dior, um Chipre almiscarado que grudava na pele. Mesmo assim, as mulheres continuavam em busca do grande amor e Anais Anais, o floral absoluto de Cacharel, se garante como campão de vendas.” p. 210 (DUARTE & CASTRO, 2008).
Moda praia e piscina
O Brasil, quanto aos biquinis, sempre chamaram a atenção em suas criações. Inicialmente surgem os enroladinhos, asa-delta e o fio dental. Aparecem também nesse período o “lacinho nas laterais, além do sutiã cortininha. (…) A musa das praias cariocas dos 80 foi sem dúvida a então modelo Monique Evans, sempre com minúsculos biquínis e também adepta do topless.”http://almanaque.folha.uol.com.br/biquini.htm
OS TERNINHOS MARCARAM ESSE PERÍODO
Desenhos de Jorge Armani
Os conjuntos de alfaiataria, tanto para ele quanto para ela, apresentava paletó largos e soltos, onde se usava as mangas dobradas e enormes ombreiras, as calças tinham cintura alta e as famosas preguinhas. Era comum, ver os alfaiates produzindo os famosos terninhos para os homens e também para as mulheres.
“Os desenhos de Giorgio Armani, Gianni Versage, Missoni, Franco Moschino, Gianfranco Ferré e Valentino ajudaram a transformar Milão na capital da moda italiana. Em 1981, Armani introduziu uma linha de preços mais acessíveis, chamada Emporio, tornando-se pioneiro no que se conhece como linha de divulgação, um exemplo que muitos outros estilistas de todo o mundo passaram a seguir.” p. 234
Kalvin Klein – 1989
Kalvin Klein
Já em New York estavam em destaque os estilistas Ralph Lauren, o qual fez fortuna com seu estilo clássico “que une a aristocracia inglesa e a elegância burguesa norte-americana”. Kalvin Klein “capitalizou a sensualidade, apresentando um prêt-a-porter que enfatizava fendas, jeans provocantes, perfumes muito bem planejados e criativas cuecas de algodão”. p. 135A coleção de estréia de Donna Karan New York em 1985, Seven Easy Pieces, revolucionou o mundo da moda com sua simplicidade, versatilidade e facilidade de uso. Por mais de 25 anos, Karan permaneceu na vanguarda do mundo da moda com suas peças sofisticadas para o guarda-roupa de trabalho moderno, mantendo qualidade, artesanato e tecidos finos no coração de cada coleção. Hoje, a coleção de citações de Donna Karan New York inclui tudo, desde blusas de cetim luscious até camisetas e camisas em caxemira e misturas de seda. Bordados impressionantes, beading e lantejoulas dão uma sensação de estilo alto inconfundível, ideal para um look noturno que mostra luxo que exala luxo.
Coleção de Karan 1985
Dona Karan criava o body, o qual poderia ser ao mesmo tempo uma roupa de trabalho e também para a noite. Em 1985, ela revolucionou o mundo da moda, apresentando ao mesmo tempo uma simplicidade e facilidade de uso. Karan se tornou uma das criadoras mais versáteis no mundo da moda.
Estilistas japoneses um novo conceito de moda para o Ocidente
Os estilistas japoneses Rei Kawakubo, Yohji Yamamoto e Issey Miyake “fascinaram críticos e compradores com seus desenhos inspirados em arte”, em Paris.
Rei Kawakubo
http:/https://www.youtube.com/watch?v=lj1wtrGeXmM
Desfile em Paris de Rei Kawakubo em 1981
Segundo o professor de Design de Moda do Senac-SP, esses estilistas japoneses, “mudaram os conceitos sobre o modo de se vestir trazendo formas esculturais e arquitetônicas para as peças”. http://www.portalsaofrancisco.com.br/curiosidades/historia-da-rei-kawakubo
Yohji Yamamoto
http:/https://www.youtube.com/watch?v=96vkVYfbYQU
Desfile de Yamamoto em 1981
Issey Miyake
Issey Miyake -1980
Issey Miyake -1982
Issey Miyake -1983
Issey Miyake – 1987
Issey Miyake – 1989
Calça com pregas e Jeans
Os jeans também exibiam cinturas alta e comprimento até os tornozelos, geralmente revelando meias brancas. As saias quase sempre justas, podiam ser supermini ou na altura dos joelhos, sem falar das calças baggy que trazia conforto, mas quanto ao quesito elegância é questionável.
As calças com pregas e cintura alta, na linha mais clássica, e os famosos mocassins que eu sempre gostei, principalmente pelo conforto.
Propaganda de jeans
http:/https://www.youtube.com/watch?v=nJPaYw1Vr9A
A moda dos anos 80 foi marcada pelo exagero, ostentação e marcas. Não bastava usar roupas de grife, era necessária exibí-las, com grandes logomarcas e etiquetas. Essa década será lembrada pelo início do movimento punk, os anjinhos da fiorocci, blazer de linho, coturnos, moletons e as famosas calças baggy e fuseau, saias balonê e manga-morcego.
É impossível em um único post falar de uma década de moda, mas o objetivo foi trazer um pouco sobre essa década de 80 e acredito que deu para se ter uma idéia.
Você poderá ver por aqui, também, outros posts sobre a história da moda:
Fatos e fotos da Moda no período de 1900 a 1910
Fatos e fotos da moda entre 1910 a 1920
Fatos e fotos da moda de 1920 a 1930
Fatos e fotos da moda de 1930 a 1940
História da moda de 1940 a 1950
História da Moda de 1950 a 1960
História da Moda – de 1970 a 1980
Era isso por hoje.
Obrigada por sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.
Um abraço.
Referencias:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/curiosidades/historia-da-rei-kawakubo
COGRAVE, B. -História da Indumentária e da moda, Ed. Itinerário Editorial Ltda, 2000.
KALIL, G. – Chic[érrimo] – 2003
LAVER, J. – A Roupa e a Moda – Uma história concisa – Ed. Companhia das letras, São Paulo, 1989.
LIPOVETSKY, G.- O império do efêmero, Ed. Companhia das Letras, São Paulo, 2009.
Respostas de 6
“Medonhos penteados crespos” soou tão racista que parei de ler ali.
Ola Layanny
Essa opinião sobre essa epoca, você deve ter obaervado foi da nossa estilista Glória Kalil. Mas, acredito que de acordo com a redação e a fala dela, não tem nada a ver com a questão do racismo. Acredito que foi ima forma de assinalar que não somente a moda “era cafona” como os cortes de cabelos e penteados. Opinião dela.
Quando li não entendi assim como você.
Acontece muito quando a gente ve fotos da gente mesmo em determinadas epocas e achamos engracadas e até feia mesmo. Tenho cabelo crespos e não achei que o texto ali tenha algo de discriminatorio. Minha opinião e respeito a sua.
Um abraço
Eu fui muito fã da Madonna, nem imagina o quanto. Essa foto dela é bem o estilo que ela fazia na época do sucesso “Borderline”. É, década, contraditoriamente, da singeleza. Eu jamais, naquela época, iria imaginar que depois eu ia descobrir que “Borderline” não era só o título de uma linda música da controversa Madonna. Os cortes de cabelo, céus! Sem comentários. Roupa? Kkk, como eu podia gostar daquilo…? Bem, mas se eu não gostasse, eu seria uma visionária, todos gostavam… Kk. É bom lembrar dessa época leve, maluquete ( termo bem anos 80!), e ao mesmo tempo tão pesada, no Brasil e no mundo, cada país de uma forma. Bem, só pra finalizar, eu não sou border, , rsrs, mas conheço alguns, e o importante é não descontinuar o tratamento; não devem ceder. Bjks, @anos 80!!
Que legal Ana. Quanto ao “Borderline” esses diagnósticos tão questionáveis, devemos sempre lembrar que por trás de um diagnóstico sempre tem uma pessoa que é muito mais que um diagnóstico. Um abraço
Olha, você falou rudo. Acabei me expressando da forma que li num livro, e que até me causou um certo… desconforto, mas algumas coisas nos influenciam sem que percebamos. Até porque eu trabalho com um determinado grupo, já em outra esfera de trabalho, que também levam tipo, um rótulo, como se fossem de outro planeta, e tenho aversão a isso, não os rotulo, somos todos pessoas. Valeu! Às vezes a forma como nos expressamos traz embutida uma mensagem que nem gostamos. Foi muito bom ler isso, concordo plenamente. Bjs.
bjos