Mitologia Grega – O mito de Édipo

Mitologia Grega – O mito de Édipo

Tempo de leitura 8 min.

Oi Gente 

O objetivo do post é dividir aqui com você sobre o mito de Édipo, um mito da tragédia grega, de onde Freud partiu para criar a sua teoria do Complexo de Édipo. Saiba um pouco por aqui…

A Mitologia Grega nos traz vários mitos sobre deuses, semideuses e heróis. A tragédia do Rei Édipo é uma das mais conhecidas e que serviu de base para o desenvolvimento do conceito de Freud sobre o Complexo de Édipo. 

Os pais verdadeiros de Édipo

Laio e Jocasta, mesmo advertidos pelo Oráculo, se tornaram os pais biológicos de Édipo. Eles  viveram vários anos em um casamento sem filhos, quando em um determinado momento resolveu questionar o oráculo, o que era costume na Grécia Antiga, sobre a sua descendência. Assim, o deus respondeu:

“Não geres nenhum filho contra a vontade do céu;

  Pois, se o tiveres, esse filho te matará,

  E toda a tua casa trilhará a estrada de sangue.” p. 94

Laio era o rei de Tebas e, de acordo com o Oráculo de Delfos já havido sido advertido por três vezes de que não devia ter feito um filho em Jocasta, pois segundo o Oráculo, Tebas só seria salva se ele morresse sem descendência.

Existem várias formas de se contar esse mito. A tragédia de Ésquilo sobre os Sete contra Telas, que foi precedida por duas peças, Laio e Édipo.

Na primeira peça, por exemplo, contava-se a história de Laio que não levava a sério o que pedia o Oráculo e, após o nascimento de Édipo, o próprio pai Laio enjeitara o filho e com essa atitude, Laio chamou sobre si a cólera de Hera e, também, do deus Delfos. 

Hera, então, mandou da Etiópia a Esfinge, um tipo de monstro na figura feminina, para atacar todos os tebanos.

Em Tebas, havia um sábio profeta de nome Tirésias, que já sabia que Laio era o rei odiado pelos deuses e o advertiu que o mesmo fizesse um sacrifício à Hera, a deusa do casamento. E, Laio, mais uma vez não quis ouvir o seu conselho.

Assim Laio “subjugado pela luxúria e pelo vinho, acabou gerando um filho, que imediatamente enjeitou. Longos anos depois, compelido por sinistras apreensões, decidiu perguntar ao oráculo se a criança enjeitada ainda vivia; tomou o caminho mais curto para Delfos, através da região da Fócida, e chegou a uma estreita encruzilhada.” p. 95 E é nessa encruzilhada que pai e filho se reencontram. Siga lendo, como se deu isso.

Como todos os mitos, esse também há várias formas de ser transmitida. Uma das mais conhecidas é a de Sófocles, o famoso dramaturgo grego, que escreveu sobre o Édipo Rei.

O que aconteceu com Édipo, após seu nascimento?

Na história, contada por Ésquilo em Laio, a criança foi enjeitada durante o inverno, em um pote de barro e seus pés foram furados com um alfinete de ouro ou por um cravo de ferro, por isso Édipo teria o “pé-inchado” durante a vida inteira. p. 96

O pequeno Édipo, enjeitado pelo pai, “foi atirado à água dentro de uma arca, no Golfo de Corinto ou no Euripo, o estreito que separa a Eubeia da Beócia.” p. 96

A arca, com o bebê,  flutuou sobre o mar e chega a praia, onde a Rainha Peribeia estava lavando suas roupas. Édipo, assim, cresce na casa de Pólíbio, rei Corinto e Peribeia, também chamada por Mérope, acreditando que esses eram seus pais e, como filho do rei Corinto, assim Édipo seria destinado a se  tornar um rei.

Há, ainda, uma outra versão, onde diz que Édipo bebê foi “exposto no Monte Citéron, onde os pastores de Tebas, de um lado, e os Sícion, de outro, podiam encontrar-se. Os pastores de Laio abandonaram a criança, os de Pólibo podem tê-la achado”. p.96

Édipo então casa-se com Jocasta, sem saber que eram mãe e filho, através dos encontros da vida e tem 4 filhos, sendo  2 homens e duas mulheres. 

Os filhos de Édipo são: Eteócles, Polinices, Ismênia e Antígone. Todos os seus filhos sofreram algum tipo de tragédia.

A morte do rei Laio

Édipo que viveu em Corinto, fiho do rei Políbio,  era considerado um dos mais notáveis cidadãos de Corinto.

Em uma determinada época, sem a permissão dos pais, Édipo resolve ir até Delfos e recebe do oráculo as previsões sobre as desgraças que estariam por vir sobre sua vida.

Segundo o oráculo, Édipo casaria com sua própria mãe e seus filhos teriam uma vida amaldiçoada e que, ainda, ele mataria o seu próprio pai, aquele que lhe deu a vida.

Depois de ouvir todas essas coisas dos deuses, Édipo decide sair de corinto para que pudesse evitar tantas desgraças que os deuses lhe falaram.

Seguindo pela estrada, em um encruzilhada,  ele se depara com alguns viajantes que vinham no sentido contrário. Nesse momento, o cocheiro e viajante o empurraram para longe da estrada.  Édipo ataca furioso o cocheiro e o viajante ao lado começa a chicoteá-lo no rosto e, na sua fúria, Édipo  mata todos os viajantes, restando apenas um.

Entre a comitiva estava o rei Laio que, até então, Édipo nada sabia sobre a sua verdadeira origem. Assim, Édipo segue seu caminho, até que começa a escutar os rumores na cidade sobre a morte do rei, sem imaginar que fosse um daqueles que tivesse sido matado por ele.

Escutando na cidade sobre como acontecera a morte de Laio, Édipo lembrou desse episódio, e da semelhança sobre o que o povo estava falando. 

Jocasta, sem saber de nada, o tranquiliza, pois Laio, seu ex-marido, tinha recebido do oráculo esse destino de que seria matado pelo próprio filho.

Como Jocasta tinha a certeza de que o seu filho com Laio tinha sido morto ainda bebê, a pedido do ex-marido Laio, tranquilizou Édipo de que ele não seria aquele que havia matado o rei e, ainda, desacreditava do que o oráculo havia dito sobre essa possibilidade e, assim, seguiram as suas vidas.

Édipo recebe de um mensageiro a notícia da morte de seu pai Políbio

Um certo dia, chega um mensageiro dizendo que seu pai Pólibio havia morrido de doenças da idade. E Édipo fala então, surpreso a sua esposa Jocasta:

“Ora eis aí, minha mulher! Para que, pois, dar tanta atenção ao solar de Delfos, e aos gritos das aves no ar? Conforme o Oráculo, eu devia matar meu pai; ei-lo já morto, e sepultado, estando eu aqui, sem ter sequer tocado numa espada… A não ser que ele tenha morrido de desgosto, por minha ausência… caso único em que eu seria o causador de sua morte! Morrendo, levou Políbio consigo, o prestígio dos oráculos; sim! os oráculos já não têm valor algum!”  pg. 66 

Édipo, deveria voltar a Corinto, pois agora substituiria Políbio e assumiria o reinado.

O mensageiro, ouvindo o Oráculo que Édipo acabara de falar a sua esposa, pede para que ele continue dizendo sobre o que mais o oráculo o havia advertido.

Apesar de pensar ter se livrado das previsões do oráculo, em relação a morte de seu pai, ainda pensava sobre o outro destino que o Oráculo lhe previra e assim, conta ao mensageiro:

“Pois vai saber: Apolo disse um dia que eu me casaria com minha própria mãe, e derramaria o sangue de meu pai. Eis ai por que resolvi, há muitos anos, viver longe de Corinto… Tive razão; mas é tão agradável contemplar o rosto de nossos pais!” p. 69.

Nesse momento, Édipo ainda estava atormentado pelos dizeres do oráculo, por saber que aquela que tinha como sua mãe, a esposa de Políbio, continuava viva e, temendo as previsões do oráculo, não queria retornar a Corinto.

Jocasta, mais uma vez, lhe fala de que se o oráculo já errou contra a previsão da morte do pai, ele deveria esquecer essa história de previsão dos deuses, pois do futuro ninguém tem o controle.

Assim fala Jocasta à Édipo: “De que serve afligir-se em meio de terrores, se o homem vive à lei do acaso, e se nada pode prever ou pressentir! O mais acertado é abandonar-se ao destino. A idéia de que profanarás o leito de tua mãe te aflige; mas tem havido quem tal faça em sonhos … O único meio de conseguir a tranquilidade de espírito consiste em não dar importância a tais temores”. p. 67

O mensageiro conta a Édipo a verdade sobre seus verdadeiros pais

O mensageiro, então, revela à Édipo o fato de que Políbio não tinha nenhuma relação de sangue para com ele. Como assim, pergunta Édipo? Políbio não é meu pai? O que você sabe sobre a minha verdadeira história?

O mensageiro lhe conta que Políbio não tinha filhos e ele próprio, que era pastor há tempos atras,  recebeu das mãos de um servo do rei Laio, um embrulho com um bebê que havia sido deixado na Grota de Citéron.

O bebê estava todo enrolado e com os pés furados.  O rei Laio, temendo que esse bebê, seu filho,  viesse a matar no futuro,  como previra o oráculo, havia pedido para que o servo se livrasse da criança e providenciasse a sua morte.

Édipo questiona: É por isso que tenho essa cicatriz e os pés sempre inchados? 

O mensageiro lhe explica que o encontrou enrolado e já com pés assim e, por isso, recebeu o nome de Édipo.(pés inchados). 

Na época, assustado e com pena da criança, o mensageiro conta que foi até o Rei Políbio falar sobre o ocorrido e este resolveu adotá-lo e criá-lo como seu próprio filho.

Édipo quer saber sobre a verdade história de sua vida

Embora Jocasta tenha pedido a Édipo para deixar essa história para lá. Ele responde a ela assim:

“Que venha o que vier, mas minha origem, por humilde que seja, eu quero conhecer! Ela, sem dúvida, orgulhosa como mulher, envergonha-se por meu baixo nascimento. Eu, porém, considero-me um protegido da Fortuna, e por isso não me sentirei amesquinhado. Sim, ela é que é minha mãe; e os anos, que foram passando, ora me diminuíam, ora me exaltavam…Tal é minha origem; nada mais poderá modificá-la. Por que, pois, haveria eu de renunciar a descobrir o segredo do meu nascimento? “p. 77

O mensageiro traz até Édipo o outro servo de Laio, aquele que o deixou no Monte Citéron, a pedido do rei Laio e ali começam um diálogo, onde Édipo realiza várias perguntas: Quem era você? O que fazia para Laio? O que se lembra daquela época? 

O servo, amedrontado, fica bravo com o mensageiro, dizendo: Qual a razão de mexer em coisas do passado? Porém, Édipo prolonga essa conversa e quer saber toda a verdade e faz ameaças ao servo, caso não lhe conte o que sabe sobre toda a verdade dessa história.

O servo então, depois de ameaçado, pede a Édipo que pergunte sobre essa história a Jocasta, pois ela saberá contar toda a verdade. E, assim, Édipo vai sabendo que foi sua própria mãe que entregou ele ao servo, a pedido de seu pai Laio, com medo das profecias dos deuses.

Édipo ainda pergunta: Por que não realizou o que meu pai havia pedido e me entregou ao mensageiro? O servo então responde: Porque eu acreditava que ele iria para outro país e jamais essa verdade seria descoberta.

Assim Édipo, faz as associações sobre a sua verdadeira história e comenta:

“Oh! Ai de mim! Tudo está claro! Ó luz, que eu te veja pela derradeira vez! Todos agora sabem: tudo me era interdito: ser filho de quem sou, casar-me com que me casei…e….eu matei aquele a quem eu não poderia matar!”. p. 86

O final triste de Édipo

Chega então um emissário gritando que a rainha Jocasta já não vive mais. E como foi a morte da rainha?

Jocasta, desesperada e arrancando os cabelos foi para o seu quarto, e começou a gritar o  nome de Laio, recordando o filho que ela teve em seus braços há tantos anos atrás. O Emissário, então conta o que viu:

“Presa da maior angustia, ela se lastimava em seu leito, onde, conforme dizia, tivera uma dupla e criminosa geração. Como teria morrido, não sei dizer, pois Édipo, aos gritos, precipitou-se com tal fúria, que não pude ver a morte da rainha. Todos os nossos olhares voltaram-se para o rei, que, desatinado, corria ao acaso, ora pedindo um punhal, ora reclamando notícias da rainha, não sua esposa, mas sua mãe, a que deu a luz a ele, e a seus filhos. No seu furor invocou um deus – não sei dizer qual, pois isto foi longe de mim! Então, proferindo imprecações horríveis, como se alguém lhe indicasse um caminho, atirou-se no quarto. Vimos então, ali, a rainha, suspensa ainda pela corda que a estrangulava…  Diante dessa visão horrenda, o desgraçado solta novos e lancinantes brados, desprende o laço que a sustinha, e a misera mulher caiu por terra. A nosso olhar se apresenta, logo em seguida, um quadro ainda mais atroz: Édipo toma seu manto, retira dele os colchetes de ouro com que o prendia, e com a ponta recurva arranca das órbitas os olhos gritando: “Não quero mais ser testemunha de minhas desgraças, nem de meus crimes! Na treva, agora, não mais verei aqueles a quem nunca deveria ter visto e nem reconhecerei aqueles que não quero mais reconhecer!” Soltando novos gritos, continua a revolver e macerar suas pálpebras sangrentas, de cuja cavidade o sangue rolava até o queixo e não em gotas, apenas, mas em um jorro abundante. Assim confundiram, marido e mulher, numa só desgraça, as suas desgraças!. p. 91.

Édipo, após tanto sofrimento é recolhido no palácio do agora rei Creonte e lhe pede que o envie para outro país, por não ter mais condições de estar nesse lugar. Ele, agora, se pergunta porque não o deixaram morrer como era o desejo dos deuses.

 

Era isso por hoje.

Obrigada pela sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço.

 

Referências:

KERÉNYI, K – A Mitologia dos Gregos – A História dos Heróis –  Vol. II – Ed. Vozes – Petrópolis – RJ, 2015

SÓFOCLES – Rei Édipo, pesquisado em https://cdn.culturagenial.com/arquivos/edipo-rei.pdf

 

 

 

 

 

 

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