Oi Gente
O post de hoje se refere a uma visita que fiz, em julho de 2017, a cidade de Guaíba, próxima a Porto Alegre, que é considerada “A cidade berço da Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul”.
Durante um passeio rápido é possível conhecer um pouco sobre a história do Rio Grande do Sul, onde ali morreu Bento Gonçalves da Silva que foi um militar brasileiro e um dos líderes da Revolução Farroupilha que tinha como objetivo a separação da Província do Rio Grande do Sul do Império Brasileiro…
Chegamos na cidade de Guaíba, vindo de Catamarã, fiz um post por aqui Porto Alegre – Passeio de Catamarã no rio Guaíba
e tínhamos apenas 1 hora para conhecer um pouco da cidade. Resolvemos então fazer o passeio turístico que valeu muito a pena, não só pelos lugares que tivemos a oportunidade de ver e visitar mas, também, por poder aprender um pouco sobre a história do Rio Grande do Sul, mas específicamente sobre a Revolução Farroupilha.
Chegamos de Catamarã e, logo na saída, você já avistará essa jardineira que faz o passeio turístico pela cidade, ao preço de 15,00 reais por pessoa.
Compramos o ingresso ali mesmo na chegada, tudo muito fácil e tranquilo. Essa jardineira, tem 7 no nosso país semelhante, segundo informações da guia local.
No trajeto é possível observar alguns pontos da cidade e, com as explicações da guia turística, conhecer um pouco de sua história.
A cidade de Guaíba
Guaíba é uma cidade vizinha da capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, e fica aproximadamente a 30 km de distância. Os gaúchos nascidos nessa cidade, são chamados de guaibenses.
Existem na cidade alguns sítios arqueológicos onde, alguns estudos arqueológicos, registram a presença da cultura dos índios tupi-guarani e também da cultura umbu, que habitavam essa terra há cerca de 12 a 13 mil anos.
Primeiramente, Guaíba foi um distrito de Porto Alegre com o nome de Pedras Brancas e a cidade foi fundada em outubro de 1926 e o seu nome foi uma homenagem ao rio Guaíba. Há uma discussão se o Guaíba é um lago ou um rio.
“Foi em Pedras Brancas, a hoje cidade de Guaíba que os grandes heróis da cruzada farroupilha, à sombra acariciante do gigantesco cipreste, que ainda se ergue soberbo e viril, – foi, debaixo da suavidade amena da tradicional árvore, que se reuniram em conclaves memoráveis, os extraordinários vultos de Bento Gonçalves, Gomes Jardim, Neto, Onofre Pires e outros para concertarem o plano revolucionário que mais tarde redundou na República de Piratini.”
A ilha que conta história
Algumas das fotos foram feitas de dentro da Jardineira, a qualidade não está tão boa, mas acredito que está valendo para que você possa ter uma ideia.
Essa Ilha da foto acima, segundo foi nos explicado pela guia turística, é conhecida como a Ilha da pólvora, onde elas eram guardadas. Foi nessa ilha que Carlos Araújo, ex-marido da ex-presidenta Dilma ficou preso e a mesma passou uma noite por lá, quando foi visitá-lo na prisão. Ali também havia uma prisão destinada aos presos considerados perigosos.
O Matadouro São Geraldo
No trajeto do tour, passamos por esse prédio histórico que já foi o antigo matadouro “Pedras Brancas”de Porto Alegre, quando Guaíba ainda era o Distrito da Capital. Depois o mesmo, recebeu o nome de Matadouro São Geraldo.
O matadouro foi construído na década de 1920, sendo relevante para a indústria do charque do Rio Grande do Sul . “Em 1916, os irmãos Linck adquirem uma área de 12 hectares no bairro Ermo. Assim, em 1926, ano da emancipação de Guaíba, inicia-se a obra do Matadouro São Geraldo. O projeto foi realizado provavelmente pelo arquiteto Christiano de la Paix Gelbert, que era funcionário da prefeitura de Porto Alegre, e o prédio foi concluído em 1927. Com maquinaria originária da Europa, era um dos estabelecimentos mais modernos do estado.”
Nesse matadouro era produzido além do charque (carne que era salgada e seca ao sol), salame, “linguiça, graxa para uso doméstico, sebo para fábricas de sabão, chifres, cascos e cabelos para as fábricas de pentes e pincéis, materiais era extraídos de suínos, ovinos e bovinos” e, além desses produtos eram também produzidos ali adubos.
O Matadouro São Geraldo foi fechado em 1972 e foi tombado em 1999, pela prefeitura de Guaíba.
Igreja Nossa Senhora do Livramento
Igreja Nossa Senhora do Livramento
“Em 1857, a Igreja Nossa Senhora do Livramento foi fundada por alvará imperial de Dom Pedro II, em terreno doado por dona Isabel Leonor. A elevação da Capela do Distrito das Pedras Brancas à condição de Freguesia marca o processo de transformação da antiga fazenda em vila.”
Nossa Senhora do Livramento é também a padroeira da cidade de Guaíba.
A Casa de Gomes Jardim
A casa de Gomes Jardim, é um dos pontos altos da visita a Guaíba, por se tratar de uma casa que fez parte e guarda lembranças da Revolução Farroupilha.
“É certo que o imóvel foi construído como casa de fazenda por Antonio Ferreira Leitão, ainda no século 18. Depois foi passado para sua filha mais nova e o genro José Gomes de Vasconcelos Jardim, que eram os proprietários na época da Revolução Farroupilha. No final do século 19 a casa havia sido dividida em duas, e no século 20 sofreu reformas que a alteraram e descaracterizaram sua configuração original de casa de fazenda. As duas economias passaram por reformas independentes, e na época do tombamento, em 1994, a ala esquerda da edificação possuía beiral, com telha cerâmica do tipo francesa; na ala direita (bloco da esquina) o beiral havia sido substituído por platibanda, e as telhas originais por telhas de fibro-cimento. Durante as obras de restauração, ocorridas em 2006 e 2007, a cobertura foi alterada para resgatar a unidade da edificação. A parte interna não foi restaurada”.
Quem foi Gomes Jardim?
José Gomes de Vasconcelos Jardim, nascido na cidade de Triunfo, no Rio Grande do Sul, em 1773, foi um fazendeiro, médico prático e militar brasileiro. Viveu durante 81 anos e participou da Revolução Farroupilha desde seu início, e, em sua casa na então estância das Pedras Brancas, que foi planejado o ataque a cidade de Porto Alegre.
O Busto em sua homenagem está bem a frente da sua casa. Ele foi o segundo presidente da República Rio Grandense, substituindo o então Bento Gonçalves, após a sua prisão.
Um pouco sobre essa História da Revolução Farroupilha
Pelo que entendi um pouco sobre essa história, era o seguinte: O Rio Grande do Sul queria a separação da Província (naquele tempo, os estados que conhecemos hoje, eram chamados de Províncias) do Império, pelo fato de cobrarem os altos impostos. Os estancieiros da época não aceitavam o fato de produzirem e serem taxados com impostos altos, e o Império não retornar benefícios com eles a sua Província. Se pensar bem é o que ainda acontece hoje no nosso país…
“Segundo a Constituição vigente, a de 1824, cada província recebia do governo central uma quantia em dinheiro para custear suas despesas. Quando havia déficit, o governo enviava mais dinheiro, mas, no caso de superávit, apropriava-se do dinheiro e o utilizava como desejasse. Para o Rio Grande do Sul que quase sempre tinha um superávit, essa situação era de grande insatisfação, principalmente porque a província carecia de alguns benefícios, e esse dinheiro se fazia necessário.”
Outro motivo também eram as taxas de exportação e importação altíssimas cobradas pelo Império, o que desfavorecia o Estado do Rio Grande do Sul, levando muitos gaúchos ao descontentamento, incentivando a se revoltarem contra o Império e em 20 de setembro de 1835, então, os gaúchos começam a lutar pela sua independência.
Estava a frente dessa revolta Bento Gonçalves que no dia 21 de setembro resolvem invadir Porto Alegre, para derrubar o então presidente daquela Província.
“Em pouco tempo, Porto Alegre, Rio Pardo, Rio Grande, Pelotas e Piratini encontravam-se nas mãos dos rebeldes, que se apressaram em tranquilizar os ricos comerciantes portugueses. Uma série de pequenos confrontos passou a suceder. Um dos primeiros ocorreu em 17 de março de 1836 quando Bento Manuel derrotou os farroupilhas, matando mais de 200 soldados rebeldes. Em seguida, em junho de 1836, os farroupilhas perderam a posse de Porto Alegre em um combate quando a cidade foi atacada por mar e por terra, em que os farroupilhas perderam praticamente toda a sua frota. A perda de Porto Alegre foi muito sentida, pois assinalava a clara anexação ao império do comércio, artesanato e dos grandes escravistas.”
Foi em 11 de setembro de 1836, que “o coronel farroupilha Antônio de Souza Neto proclamou em Piratini, próximo à fronteira com o Uruguai, a separação da província e a República Sul-rio-grandense.”
O Ciprestre de Guaíba
Gente, esse ciprestre ainda se encontra lá para visita. Mas, acabei não tirando a foto. Mas foi dali desse ciprestre, onde planejavam a Revolução, que partiram para o ataque a Província de Porto Alegre.
A República Rio Grandense durou 10 anos e, entre tantos conflitos, o Império retoma a Província do Rio Grande Sul, incorporando novamente ao Brasil. Mas, para o Estado do Rio Grande do Sul, essa luta foi reconhecida e o dia 20 de setembro, é feriado no Estado, considerado o dia do gaúcho, em homenagem a esse período.
Foi nessa casa, então, que os líderes da Revolução Farroupilha se reuniam para traçar as suas táticas de ataque a Porto Alegre. Está aí a importância dessa casa para a história do Rio Grande do Sul.
Foi nessa cama que Bento Gonçalves morreu, em 18 de julho de 1847, de pleurisia (um tipo de doença no pulmão), com apenas 58 anos.
Um pouco de objetos preservados na casa
Na casa se encontram vários objetos utilizados nessa epóca que preserva a história do Rio Grande do Sul, não só para os gaúchos, mas para todos os brasileiros em geral.
Gostei dessa coleção de fotos, aqui nesse quadro, onde conta um pouco da história de alguns trabalhadores daquela época que tiveram importância dentro dessa história.
A visita é guiada pela nora do proprietário da casa, uma senhora, bem simpática, que nos acompanha durante a visita, contando com detalhes toda essa rica história da casa e dos feitos desses heróis gaúchos.
Foi cobrada uma taxa no valor de 5,00 reais para colaborar com a manutenção da casa que, vem ao longo do tempo, sendo preservada e aumentado o seu acervo para dar conhecimento aqueles que ali a visitam.
Vitrine Cultural
Saindo da casa de Gomes Jardim, atravessando a rua, está a Vitrine Cultural, mais um espaço para conhecer e entender um pouco da história dessa cidade e da tradição gaúcha. Antes de 1990, esse espaço era conhecido também como a casa do juiz.
A ESCADARIA 14 DE OUTUBRO
Ainda próximo a casa Cultural, você poderá também apreciar uma vista linda da cidade de Porto Alegre. Essa escadaria tem 147 degraus e o nome, acredito que se deve ao fato de estar situada na rua de mesmo nome.
Enfim gente, gostei muito desse passeio rápido na cidade de Guaíba. Foi uma tarde bem aproveitada, quando de minha viagem à Porto Alegre e, é aquele tipo de passeio que você traz muito aprendizado na memória.
Gostaria de parabenizar o povo guaibense por preservar a sua história e nos oferecer essa oportunidade, como visitantes, de saber um pouco a mais e ao vivo sobre acontecimentos que fizeram parte da história do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Precisamos valorizar muitos exemplos bons que temos no nosso país e não deixar que maus exemplos possam tirar as riquezas que o povo brasileiro vem construindo, com seu trabalho e dedicação, há tantos anos.
Quem tiver um tempo e a oportunidade de visitar, quando estiver em turismo em Porto Alegre, super indico reservar uma tarde para esse passeio, onde curte o rio Guaíba, um passeio de barco e aproveita para adquirir conhecimentos.
Era isso por hoje.
Obrigada pela visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.
Um abraço.
www.guaiba.rs.gov.br
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http://www.iphae.rs.gov.br/Main.php?do=BensTombadosDetalhesAc&item=43102
http://books.scielo.org/id/kkf5v/pdf/luvizotto-9788579830082-06.pdf
Respostas de 2
Que prazer ler um pouco mais de História.
Obrigada Ana.