Oi Gente
No post de hoje quero dividir aqui, com você, um pouco sobre a história das rendas e apresentar abaixo, em um vídeo que publiquei no Youtube alguns modelos para você se inspirar.
Não sei se você é daquelas que admira o trabalho das rendeiras e das várias utilidades dela, seja nos vestuários, decoração e enxovais.
Além de gostar dessas maravilhas, eu admiro muito o trabalho dos artesãos que produzem essas lindas rendas.
Atualmente, a maioria das rendas que conhecemos já são fabricadas nas indústrias, porém nem sempre foi assim. E, ainda, encontramos uma variedade de tipos de rendas produzidas artesanalmente e que faz parte da atividade econômica de muitas famílias. Aqui no Brasil, principalmente, no Nordeste.
A renda é feita de fios de algodão, seda e ou linho. Mas, de onde vem essas lindas criações que até hoje encantam os nossos olhos?
Um pouco sobre a história da renda
Pesquisando sobre a origem da palavra renda, não se sabe bem de onde ela surgiu, mas está ligada a randa, do espanhol com o significado de adorno, adornar. Talvez a sua origem mesmo seja céltica.
Segundo, Zanella, Balbinot e Pereira, (2000) o significado da palavra renda aparece como “…tecido de malhas abertas e contextura geral delicada, cujos fios (de linho, algodão e seda) trabalhados à mão ou máquina, entrelaçam-se formando desenhos e que é usado para guarnecer ou confeccionar peças de vestuário, alfaias, roupas, roupa de cama e mesa, etc”.
As rendas, desde o início de sua produção, tem origem na cultura européia. A data certa quando elas surgiram não se sabe ao certo, mas acredita-se que foi em torno do final do século XV e o princípio do século XVI. Com o passar do tempo elas foram adquirindo técnicas diferentes e, a partir de 1560, recebeu da língua portuguesa o nome de “renda.”
A partir do século XVI, “a sua transparente beleza mobilizou a imaginação e o fascínio que sempre exerceram e deu asas às modas que se definiram a partir desse século. Golas e gravatas, toucas e punhos, são feitos de rendas, como de rendas se trata ainda, nas mulheres, o sublinhar de largos decotes ou do volume das saias e, nos homens, da liga de grande laçarote, logo abaixo do joelho e o pé em elegante sapato de salto e fivela, onde não falta mais um laço de renda. Em todos, as rendas estão ainda presentes no emoldurar, hierático, dos rostos.”
Na Europa, antes do século XIX, principalmente na Itália, França e Bélgica, em uma região chamada de Flandres, as rendas eram confeccionadas todas a mão, o que exigia muito tempo e habilidade dos artesãos nas criações dos diversos trançados, o que a tornava muito cara. Na Bélgica, ainda hoje as rendas são muito procuradas pelos turistas.
As roupas adornadas com rendas eram utilizadas em vestimentas, tanto feminina quanto masculina, principalmente pela alta nobreza.
“…o artesanato em renda parece ter florescido nos altos e baixos escalões da sociedade, tanto nas esferas domésticas comuns quanto na alta costura real; “A renda também era feita em casa, para decoração de roupa de casa, roupas e outros objetos”, explicam os especialistas do Victoria and Albert Museum. Eles cobririam seu vestido, seu cálice – até mesmo seu caixão. Quanto mais rico você era, mais extravagantes as peças se tornavam. Punhos e golas de renda podem dizer tanto sobre sua riqueza quanto colares de diamantes e anéis de ouro.” https://www.messynessychic.com/2020/01/14/the-coded-couture-of-antique-lacework/
Me lembro de ter visitado na Suíça um Museu textil com lindas rendas antigas, bordados e tecidos. Vale a pena dar uma olhadinha nesse post:
https://blogdamaricalegari.com.br/2017/03/30/o-famoso-museu-textil-de-st-gallen-na-suica/
Outro museu onde visitei e que é muito interessante para se aprender sobre essas histórias foi o Victoria and Albert Museum, em Londres.
“A base de todas as rendas era – rolo de tambor – rede! Suas origens remontam a milhares de anos, e a própria palavra “Lace” vem da raiz latina para ensnare , laceum . Foi só no século 16, diz o Museu Nacional de História Americana, que a arte da renda explodiu na Europa com extravagância real e depois se espalhou para a América.”
“A renda de agulha é feita com uma agulha e um fio só. A renda é trabalhada sobre um desenho preso com pontos a um tecido encorpado. Quando a renda fica pronta, cortam-se os pontos que a prendiam ao tecido.”
Por volta dos anos de 1800, a moda masculina deixou de usar a renda em suas vestimentas e nesse período o comércio das rendas artesanais começou a competir com as rendas industrializadas. As rendas, de certa forma, agora mais no domínio do artesanato feminino, apresentava em seus trabalhos uma forma também de contar as suas histórias.
O vestido de casamento da Rainha Victoria todo de renda
A rainha Victoria que se casou com seu primo Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, aconteceu no ano de 1840 e o seu vestido de casamento era como o que se tinha de mais moderno na época.
O vestido de noiva da Rainha Victória foi confeccionado a partir de peças de renda, sendo o design criado por William Dyce. Ele foi executado com uma renda do tipo honiton-“um tipo de renda de bilro característico da Inglaterra. Uma renda muito cara e até então era uma febre na Europa, rendas feitas em Bruxelas. Mas, o vestido da rainha de fabricação inglesa, era uma forma da Rainha afirmar um compromisso com a crescente indústria britânica.” Já fiz um post aqui no blog sobre o estilo vitoriano:
https://blogdamaricalegari.com.br/2016/07/12/para-voce-que-curte-o-estilo-vitoriano/
Como a renda chegou no Brasil?
A renda fazia parte da cultura Europeia e chegou ao Brasil pela mão de nossos colonizadores portugueses. A renda de Bilros era produzida, inicialmente, nos conventos pelas freiras. “Elas teciam alfaias para os altares das igrejas. Tanto no Brasil, quando em Portugal, a renda de bilro é feita por mulheres de pescadores em geral. Esse fator é associado à chegada das rendas pelos litorais.”
A beleza das rendas faziam parte dos adornos das vestimentas religiosas, bem como nos detalhes dos enfeites das toalhas que se preparava as missas, nas roupas de batizados e casamentos.
Aqui no Brasil, as primeiras rendeiras surgiram na região Nordeste, onde elas elaboravam as tramas confeccionadas com linho. Esse ofício foi sendo transmitido de mães para filhas e as matérias primas foram se diversificando, sendo tecidas com algodão, seda, viscose, náilon e elastano.
Do Vestuário religioso ao uso, nas lingeries, no século XX, a verdade é que a renda sempre esteve e, ainda hoje, permanece no imaginário das pessoas.
A renda de Bilro
A renda de Bilros trazida pelos portugueses é produzida sobre uma almofada. O enchimento “é feito por materiais como crina, serragem, capim ou algodão. Ela é coberta por tecido com cor neutra para não confundir a visão da artesã. A Almofada é a base para a confecção do trabalho e deve ficar apoiada num material de madeira para o manuseio. Por cima da almofada fica um molde com o desenho, onde será seguido com o trançar dos bilros.”
Os bilros são os objetos de madeira e que possuem uma pequena cabeça, onde são enroladas as linhas para a execução do trançado. Quando da produção da renda pode estar envolvido vários bilros que são, geralmente, usados em pares.
Os bilros são objetos de madeira, com uma pequena cabeça nas extremidades na qual é enrolada a linha para execução do trançado. Na produção pode ter vários bilros, geralmente, utilizados em pares.
A renda de Bilro, além do Nordeste, também apareceu na Ilha de Santa Catarina, no século XVIII, pelos açorianos. Enquando os homens se dedicavam as atividades da pesca, as mulheres passavam o tempo se dedicando a tecer nas almofadas de bilro. Essa atividade das mulheres eram vendidas nos mercados da cidade e também trocadas por produtos de primeira necessidade, como forma de colaborar no orçamento familiar.
Veja abaixo um documentário da estilista Fernanda Yanamoto sobre as rendeiras do Nordeste.
A história das rendas são bem interessantes e daria para escrever um livro. Mas, o objetivo aqui do post foi apenas de falar um pouco sobre essa história.
Abaixo então, divido com você o meu vídeo que coloquei no canal do Youtube. Aproveito para convidá-lo(a) para dar uma olhadinha por lá e se inscrever no canal, para que nós que já passamos dos 50 anos, possamos estar presente nas mídias sociais e dividindo assuntos de nossos interesses. ok?
Enfim gente, espero preparar aqui um outro post no futuro somente sobre a renda renascença que sou apaixonada pela beleza delas e quero aproveitar para parabenizar as nossas rendeiras brasileiras pelo lindo trabalho que executam e que fazem, também, parte da nossa cultura.
Era isso por hoje.
Obrigada pela sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.
Um abraço e se cuidem. Vale lembrar que a pandemia ainda não terminou.
Referências:
http://amodistadodesterro.com/casamento-rainha-vitoria/
https://www.fashionbubbles.com/historia-da-moda/a-historia-da-renda/
https://escola.britannica.com.br/artigo/renda/481693
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vit%C3%B3ria_do_Reino_Unido
https://www.messynessychic.com/2020/01/14/the-coded-couture-of-antique-lacework/
https://www.infoescola.com/curiosidades/historia-da-renda/
http://www.rendasdebilros.com/documentos/cap1.pdf
Respostas de 2
olá, sou rendeira, faço Renda Renascença e adorei seu post, os contextos históricos, imagens e relatos de forma bem fácil de entender cada renda, isso é muito importante para todos nós, gosto muito de saber mais sobre a história de cada época, fonte de inspiração e referência para o nosso trabalho atual, parabéns! amei!
Olá Anália
Seja bem vinda por aqui. Que bom que gostou. Que lindo o seu trabalho, acho maravilhosas as rendas renascença. Muita admiração pela habilidade dessa produção. Obrigada.
Um bjoo