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Você tem o hábito de colecionar?

Você tem o hábito de colecionar?

Tempo de leitura 6 min.

Oi Gente

Não sei se você já colecionou, coleciona, ou ainda,  já tentou colecionar alguma coisa em sua vida. Eu sinceramente já comecei várias coleções e já parei, já voltei e começo outras e assim vai, dependendo da época e do que me dá vontade e ainda hoje, tem alguns objetos que gosto de colecionar. As fotos são de uma das minhas coleções que são de lencinhos bordados a mão. Adoro bordado então é tudo de bom. É sobre isso que trata o post de hoje que resolvi dividir com você…

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Então gente, apesar das fotos estarem apresentando um pouco da minha coleção de lencinhos bordados, o Post traz para você alguns significados desse ato de colecionar que nós, ou muitos de nós seres humanos temos.

A palavra colecionar com sua origem latina Legere,  significa colher, escolher, recolher. Colecionar significa “escolher entre objetos para formar um conjunto com características comuns”.

“Mas colecionar tem outros significados,  e aqui se encontra um elo para pensar como a prática de exteriorizar sentidos de permanência dos objetos e das pessoas adquire um sentido relacional entre as próprias e o ambiente. Seguindo essas referências iniciais pode-se supor que as urnas funerárias – e depressa o costume de enterrar os mortos em um mesmo lugar, os primeiros cemitérios – foram uma primeira forma exteriorizada coletivamente de coleção, que se projetava como sentimento ou representação de finitude humana, ou ciclo vital completo.”

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Alguns estudiosos do assunto, como o pesquisador alemão Phillip Bloom, que inclusive escreveu um livro a respeito. Em em sua entrevista questiona se seria o medo da morte o principal motivo para se colecionar e ele acredita que sim, dizendo que o fato de colecionar possibilitaria a pessoa uma forma de continuar por aqui mesmo depois de sua partida.  Pensando assim, faz sentido no que ele nos fala. Pois se pensarmos bem, quando visitamos algum museu e lá estão todos os objetos de determinada pessoa expostos e contam através deles a sua história, é sim uma forma dessa pessoa permanecer vivo entre nós.

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De acordo com Marshall, (2005. p.15) “coletar e comunicar pode-se perceber esse nexo semântico civilizatório com o amparo da filologia clássica ( o que é filologia? Do antigo grego, é o amor ao estudo e instrução e a filologia é o estudo da linguagem em  fontes históricas escritas e a filologia clássica é historicamente primária, das mais antigas)   e do indo-europeu, que nos remetem a experiências de linguagem reveladoras do espectro de práticas sociais dessas palavras, em seus sentidos originários. Colecionar, do latim collectio, possui em seu núcleo semântico a raiz leg, de alta relevância em todos os falares indo-europeus e mesmo antes, pois essa raiz está entre as poucas que conhecemos do protoindo-europeu, há mais de 4 mil anos atrás, com sentidos ordenadores. […] aparece o núcleo semântico e significativo do colecionismo: uma relação entre pôr em ordem – raciocinar – discursar, onde o sentido de falar é derivado do de coletar: a razão se faz como discurso. O discurso, morada da razão. Ordenar, colecionar, narrar.

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Outro autor que fala sobre o ato de colecionar, José Rogério Lopes, do Vale do Rio dos Sinos, diz que: “Saindo dos limites naturais de compreensão do ciclo vital humano, marcado pela finitude e degeneração, as interações entre o desenvolvimento da inteligência nos indivíduos e o ordenamento racional e coletivo do mesmo, mediadas pelo ato de colecionar, dá permanência aos objetos dispostos no mundo – entre eles, o próprio ser humano – fazendo o humano ingressar na civilização.”

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Gente, os estudos apontam que o fato de colecionar é muito interessante e faz parte das necessidades vitais do ser humano, é sim uma forma de poder juntar, ordenar, e assim ir construindo conhecimentos e através de cada objeto que traz consigo uma história e uma relação dessa história do colecionador com o seu desenvolvimento. “colecionar é ordenar conhecimento e razão, e comunicá-los, mais conhecimento produzido gera mais opções e possibilidades de colecionar, e vice-versa. Isso explicaria por que as coleções contemporâneas são extremamente diversificadas, no sentido de que elas têm objetivos, interesses e finalidades distintas.

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“Um exemplo que talvez seja o mais conhecido, que é o da filatelia (coleção de selos), tem uma complexidade enorme, com organizações e códigos às centenas. Tanto que já assumiu um carater exterior às motivações das pessoas, gerando convergências dos colecionadores em federações locais, regionais, nacionais e internacionais”.

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Assim gente, as coleções que as pessoas geralmente tem em suas casas mesmo “se percebendo que apresenta diversidade grande de estímulos e intenções, é importante enfatizar que essas práticas devem ser pensadas em razão da biografia das pessoas, no sentido de que o momento em que se começa a colecionar e os motivos das coleções tem relação com a trajetória de vida das pessoas,  e marcam propriedades atribuídas a seus ciclos de vida”.

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Se você observar isso se faz sentido, uma vez que de acordo com a idade os interesses dos objetos a serem colecionados também vão se transformando conforme o tempo de vida vai sendo aumentado no sujeito.

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Se, conforme os pesquisadores nos apontam que colecionar é uma maneira de você estar a todo momento se perpetuando e de certa forma marcando o seu sentido de pertencimento e uma forma ainda de lidar com a questão da finitude da vida, com certeza morro de medo de morrer, kkk assim como a maioria de nós seres humanos. Já falei a respeito em outro post por aqui sobre esse ser o maior medo da maioria dos seres humanos, o medo de morrer.

Digo isso porque já colecionei de tudo um pouco. Na primeira infância, as famosas figurinhas, quantos álbuns de figurinhas preenchi e que delícia ganhar um dinheirinho e correr na banca comprar os famosos pacotinhos de figurinha, fazer as trocas de figurinhas com os amigos (acredito que é daí que vem o termo, trocando figurinhas). Tinha uma revista, deve existir ainda não tenho conhecimento, que se chamava RECREIO onde tinha várias atividades para a gente fazer, montar e colecionava ela também. Guardava essas revistas com carinho.

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Depois o tempo vai passando e o tipo de coleção vai mudando também,  e passei a colecionar livros, o que adoro até hoje. Comecei com o Clube dos livros, alguém de vocês dessa época deve se lembrar disso. Foi ali que comecei a tomar gosto de verdade pela leitura. Cada vez que chegava um querida ler logo. Me lembro de um livro O Coma, nossa eu almoçava e não queria desgrudar da leitura. Era muito bom. Mas o que mais eu amava mesmo era os da Agatha Christie, li muitos deles. E com certeza essa autora foi uma das que teve influência no meu gosto pela leitura.

Se você é daquele (a) que ainda não aprendeu a gostar de ler, os livros da Agatha Christie é tudo de bom para te incentivar  a pegar o gosto pela leitura. Acho muito legal para os adolescentes iniciarem nesse tipo de leitura.

E assim vão se passando os anos, as escolhas do que colecionar. E tem depois de um tempo a ajuda as coleções dos filhos, a de chaveiros, a de bonecas,a de papel de cartas (nossa como as filhas e as mães também acabavam trocando papel de cartas, uma mais linda que a outra). Em casa temos várias coleções, cada um com as suas desde copos do marido, de chaveiros e moeda dos filhos, de bonecas das meninas, coisas de família.

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Como gosto de bordado a mão as fotos desse post são algumas peças dessa minha coleção. Gente adoro minha coleção de caixinhas também que qualquer hora coloco por aqui. E como cada um tem a sua mania e os seus objetos que falam de você e da sua biografia. Se quiser deixe um comentário aqui pra gente para saber qual é a sua coleção.

Gente poderia passar a noite aqui falando de pessoas e suas coleções e com certeza você também deve ter várias histórias a respeito. Só para retornar um pouco no tempo, as coleções das famosas flamulas de time de futebol e a de canecos de shopp que geralmente as pessoas exibiam com o maior orgulho.

Muitas das coleções em um certo momento da vida são expostos para viabilizar com elas uma elaboração da fase em que está se passango, quando essa fase é ultrapassada essas coleções são guardadas em caixas ou em algum lugar especial, significando que fizeram sim parte da historia e biografia do sujeito.

Fazendo esse post não teve como não lembrar da coleção de meus irmãos, de amigos, dos filhos. Quero citar uma delas pelo menos que é a de canetas maravilhosas de meu irmão mais velho Ricardo, o qual quando pegava as suas canetas e começava a falar sobre as mesmas, que por sinal são belíssimas, era um momento em que o brilho dos seus olhos era notado no amor aos objetos por ele escolhido naquele momento de sua vida.

Era isso por hoje gente.

Obrigada pela visita. Você sempre é bem vindo (a)  por aqui.

Um abraço.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referencias:

http://www.scielo.br/pdf/ha/v16n34/16.pdf

http://origemdapalavra.com.br/site/arquivo-perguntas/2012/08/03

http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,pesquisador-investiga-o-habito-de-colecionar,20030711p350

MARSHALL, F. Epistemologias históricas do colecionismo. Episteme, Porto Alegre, n. 20, p. 13-23, jan./jun. 2005.

Fique a vontade para expor sua opinião, afinal aqui discutimos ideias e não pessoas.

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