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A criança brinca e o adulto fantasia

Tempo de leitura 6 min.

Oi Gente

O post de hoje traz aqui para você algo de interessante sobre a importância do brincar da criança e como, na vida adulta, onde o brincar já não se faz presente, o adulto fantasia…

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Gostaria de dizer para você que acessa o meu blog,  quando escrevo aqui sobre assuntos relacionados a psicologia/psicanálise não tenho a intenção de passar aqui conhecimentos detalhados e/ou aprofundados sobre cada assunto, até porque o meu blog é de variedades, cultura e demais assuntos que curto escrever e falar e não somente direcionado a psicologia e psicanálise. 

O meu objetivo maior é passar alguma informação, de forma mais simples possível, para que você possa ter uma idéia a respeito e possa refletir ou buscar mais informações detalhadas sobre o assunto que lhe interessar. Tento escrever de forma simples para que você, leigo nos assuntos de psicologia, possa compreender um pouco sobre essa área.

O campo de estudo da psiquê dos seres humanos são vastos e, as vezes, é de seu interesse ter pelo menos uma ideia do que se trata. Procuro me embasar, é lógico, em estudos e no meu percurso de aprendizagem, experiência e conhecimentos a respeito.

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A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA A CRIANÇA

Algumas pessoas, por falta de conhecimento, quando leva seu filho a um psicólogo ou psicanalista (veja a diferença por aqui entre os profissionais que cuidam da saúde mental: https://blogdamaricalegari.com.br/2016/09/21/psiquiatra-x-psicologo-x-psicanalista/,e pagam por isso, as vezes, por exemplo, não entende porque a criança vai lá e fica brincando na sessão. Vou tentar falar sobre isso um pouco com você para que possa entender a respeito.

Somos humanizados a partir do momento em que entramos no mundo da linguagem. Você que é papai e mamãe e observa o seu filhinho(a) já percebeu o quanto esse processo é demorado e exige muita paciência, incentivo, dedicação. 

A criança não nasce pronta, ela vai sendo constituída durante as diversas fases de sua vida até se tornar um adulto, onde se espera que possa atuar na sociedade enquanto tal. Mas esse processo é longo e nem sempre a idade cronológica acompanha a idade psicológica. Ou seja, o fato de se ter 30 anos de idade, não significa que seu processo de maturidade esteja acompanhando essa mesma faixa etária. E isso é tão sério que, as vezes, necessita sim de um profissional para que possa auxiliar já na idade adulta, através de análise, para alcançar a maturidade necessária para que se possa assumir as responsabilidades e lidar com os desafios de uma vida adulta.

É gente, ser adulto não é fácil, demanda tempo e um bom desenvolvimento que vem sendo feito desde o nascimento de nós seres humanos. Por isso, só para lembrar, não devemos julgar ninguém. Esse processo é individual e cada ser humano apresenta em alguma área certa defasagem e, tenha certeza, que ele está sendo o que consegue ser para o momento, ou seja, em alguns casos, um adulto infantil.  Essa questão é muito séria nos dias de hoje.

Tem um texto do Freud onde ele escreve sobre escritores criativos e devaneios, e nos chamam a atenção sobre o assunto que aqui trago para você nesse post  e, embasado nele, quero ver se tento transmitir aquilo que é mais interessante para que você possa saber um pouco a respeito.

Primeiramente, o brincar na criança é algo sério e de vital importância para ela e é, através de suas brincadeiras, até mesmo por não possuir a fala ainda desenvolvida, que ela nos comunica sim muito do seu sofrimento e desenvolvimento. De acordo com Freud: “O brincar da criança é determinado por desejos: de fato, por um único desejo – que auxilia seu desenvolvimento -, o desejo de ser grande e adulto. A criança está sempre brincando de adulto, imitando em seus jogos aquilo que conhece da vida dos mais velhos. Ela não tem motivo para ocultar esse desejo”. 

Você já deve ter percebido como a criança imita os adultos que estão mais próximos a ela. Gosta de colocar os sapatos da mamãe, gosta de dirigir o carrinho como o papai e, inclusive, tem alguns que imitam tão bem, que parece os pais em miniatura. É gente, o exemplo de comportamento dos pais também são importantes na constituição da criança.

Tem alguns ditados populares que nos dizem sobre isso:  “O fruto não cai longe do pé”, “Dize-me com quem andas que direi que és”, ö exemplo vale mais que mil palavras” e essas coisas assim. Lógico que não é tão simples assim, mas faz sentido quando sabemos que a imitação na aprendizagem, principalmente na primeira infância, tem um significado enorme. 

Por isso, é muito importante saber com quem deixa seus filhos pequenos, quem são seus cuidadores e saber se compactuam com os valores que você papai e mamãe querem passar para seus filhos. Conhecer a creche, as escolinhas e saber sobre a orientação educacional é necessária. Não vale somente ver o espaço físico, bonito, limpinho e da moda, ou porque o filho ou sobrinho(a) está por ali. É necessário saber sobre quem são as pessoas onde seus filhos estão sendo deixados, qual o projeto da escola quando se trata de aprendizagem e desenvolvimento do seu filho. Afinal, seu filho é único no mundo e você papai e mamãe, como únicos, também querem passar o que entendem ser o melhor para ele. Vale a pena reservar um bom tempo, para conversar e conhecer a respeito.

Freud nos fala: “Quando a criança cresce e pára de brincar, após esforçar-se por algumas décadas para encarar as realidades da vida com a devida seriedade, pode colocar-se certo dia numa situação mental em que mais uma vez desaparece essa oposição entre o brincar e a realidade. Como adulto, pode refletir sobre a intensa seriedade com que realizava seus jogos na infância, equiparando suas ocupações do presente, aparentemente tão sérias, aos seus jogos de criança, pode livrar-se da pesada carga imposta pela vida e conquistar o intenso prazer proporcionado pelo humor”. 

E ainda: “Ao crescer, as pessoas param de brincar e parecem renunciar ao prazer que obtinham do brincar. Contudo, quem compreende a mente humana sabe que nada é tão difícil para o homem quanto abdicar de um prazer que já experimentou. Na realidade, nunca renunciamos a nada; apenas trocamos uma coisa por outra. (…) Da mesma forma, a criança em crescimento, quando pára de brincar, só abdica do elo com os objetos reais; em vez de brincar, ela agora fantasia. Constrói castelos no ar e cria o que chamamos de devaneios”.

AS FANTASIAS NO ADULTO

As brincadeiras das crianças é algo mais fácil de se observar, enquanto as fantasias nos adultos se tornam mais difíceis. De acordo com Freud: A criança, é verdade brinca sozinha ou estabelece um sistema psíquico fechado com outras crianças, com vistas a um jogo, mas mesmo que não brinquem em frente dos adultos, não lhes oculta seu brinquedo. O adulto, ao contrário, envergonha-se de suas fantasias, escondendo-as das outras pessoas. Acalenta suas fantasias como seu bem mais íntimo, e em geral preferiria confessar suas faltas do que confiar a outro suas fantasias”.

Então gente, são as fantasias no adulto que poderão gerar todos os problemas relacionados a sua saúde mental. Sobre esse assunto, são muitos estudiosos que nos trazem inúmeros conceitos, experiências, tratamentos a respeito.

Freud nos diz nesse texto, ainda: “As forças motivadoras das fantasias são os desejos insatisfeitos, e toda fantasia é a realização de um desejo, uma correção da realidade insatisfatória. Os desejos motivadores variam de acordo com o sexo, o caráter e as circunstâncias da pessoa que fantasia, dividindo-se naturalmente em dois grupos principais: ou são desejos ambiciosos, que se destinam a elevar a personalidade do sujeito, ou são desejos eróticos”.

Como disse, esse assunto é para uma infinidade de textos que você caso se interesse poderá se dedicar a respeito. Mas o que Freud no coloca ainda que é importante e que faz nos refletir sobre o cuidado com as fantasias é o seguinte: “Quando as fantasias se tornam exageradamente profusas e poderosas, estão assentes as condições para o desencadeamento da neurose ou da psicose. As fantasias são também as precursoras mentais imediatas dos penosos sintomas que afligem nossos pacientes, abrindo-se aqui um amplo desvio que conduz à patologia”.

Enfim, minha gente amiga, dê se puder mais atenção as brincadeiras das crianças, reservando um tempo para que você possa observá-los e, principalmente, respeitá-los nesse momento de suma importância para o desenvolvimento psíquico da criança. Não dá para tirar o celular, os joguinhos, a televisão, mas acredito que pode sim dosar e deixar as crianças brincarem, como antigamente, para que elas, cada uma do seu jeitinho, possa se constituir como um adulto saudável.

Quanto aos adultos, respeitem uns aos outros, pois somos seres humanos com todo tipo de “buracos” em nossa constituição e, por isso, não tem situação mais difícil para um adulto que ser comparado a um outro. E aqui, vale lembrar, que não se trata de diferenças sociais.

Somos únicos nesse Universo, cada qual com seu quantum de sofrimento e o mínimo que precisamos uns dos outros é um olhar humano, de amor, carinho e compreensão. Viver e sobreviver é o nosso maior desafio.

Era isso por hoje.

Obrigada pela visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço.

 

 

 

 

Referência: Texto do Freud: Escritores Criativos e Devaneios – pg. 135 a 143 das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud – “GRadiva”de Jensen e outros trabalhos – Edição Standard Brasileira – Ed. Imago volume IX 1996.

Imagens do Google.

 

 

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