Oi Gente
As vezes você não se pega pensando como que determinado produto ou algo que você gosta, curte ou utiliza foi criado? Como eu curto muito saber de onde vieram determinados produtos sempre estou pesquisando a respeito. Tenho um carinho especial por trens, locomotivas, até porque a família do meu pai, inclusive ele, trabalhou na ferrovia durante todo o tempo de suas vidas e esses assuntos, desde criança, fazia parte das conversas em casa. E assim, além de adorar viajar de trem quando se é possível fora do país, gosto muito desse meio de transporte. E hoje é sobre ele que vou falar um pouco por aqui…
Qualquer criação de um produto foi por alguém ou por muitos pensado. As vezes a necessidade cria-se a oportunidade. Dizem que o brasileiro é muito criativo, o que a gente pode pensar e até concordar com isso, basta observar o que o pessoal inventa em todas as áreas para facilitar o seu meio de sobrevivência, o seu modo de produção, com um detalhe muito importante, com muito ou quase nenhum incentivo financeiro para isso.
Enfim, não preciso falar mais nada, um país com tanta desigualdade social e tantas necessidades, se obriga a desenvolver a criatividade em meio a essa realidade. Sendo assim, a necessidade também gera pessoas criativas.
Essa foto só coloquei aqui, pois acho o trem algo fantástico, acho ele elegante e imponente e a importância desse meio de transporte na nossa história foi e continua sendo fundamental.
Como uma máquina tem a capacidade de puxar tantas outras, isso para mim é fascinante e sou suspeita, pois me traz lembranças mil de minha infância, nas viagens que fazíamos de trem, com as famosas cabines. Eu amava tudo isso, ainda mas quando seu avô estava dentro do trem (meu avô Augusto que era chefe de trem) e trazia uns doces para gente. Tudo de bom…
Mas vamos lá então falar um pouco sobre essa invenção.
A máquina a vapor, assim como todo e qualquer produto teve seu processo criativo, ou seja partiu de algum lugar para se chegar a sua criação. Os produtos vão sendo melhorados e aperfeiçoados, como foi o caso das locomotivas até chegarem nos famosos trens balas que estão presentes nos grandes países atualmente.
Primeira invenção da máquina a vapor partiu desse instrumento chamado Eolípila, conhecida também por Máquina de Heron ou Máquina térmica de Heron, que consiste em uma esfera oca, abastecida por uma bacia de água, que após ser aquecida começa a produzir um vapor e a partir dai produz um movimento.
Ela foi desenhada por Heron de Alexandria, no século I d.c. e é considerada a primeira máquina a vapor que se tem documento na história.
Esse modelo aqui que se baseava na termodinâmica, (sinceramente não sei bem o que é isso), mas foi o primeiro modelo de um motor a vapor.
Em 1698 – Thomas Savery, também inglês, e com alto grau educacional, entre outras matérias se interessava por mecânica e matemática e, assim, se tornou um engenheiro militar, criando um motor que poderia ser utilizado dentro das fábricas.
E assim as máquinas iam sendo aperfeiçoadas, pois havia uma necessidade cada vez maior de inovações para o desenvolvimento industrial da época. Essa por exemplo foi criada por James Watt que era um fabricante de instrumentos em Londres. Ele observou no trabalho de Newcomm uma falha, na qual se gastava muito tempo para aquecer a máquina em função do aquecimento do vapor e do combustível estarem no mesmo cilindro.
Mas o que isso tudo tem a ver com o trem e a criação do trem, esse meio de transporte, tão importante que conhecemos hoje? Tem muito a ver, pois foi a partir dessas primeiras invenções que foi possível chegar nas famosas locomotivas que tiveram papeis fundamentais no desenvolvimento das cidades, das indústrias e do mundo de modo geral.
Richard Trevithic (1771-1833) é o britânico que é considerado o inventor do trem.
Era filho de um engenheiro e costumava ver máquinas a vapor bombearem água para fora das minas de estanho e cobre, o que era comum na época naquela região onde residia. Veja bem gente, todo criador é um observador.
Desde criança ele também era um curioso, observava as máquinas a vapor bombearem água para fora das minas de estanho e cobre.
Assim, ele se dedicou a melhorar o design dos motores a vapor e a partir dai conseguiu construir máquinas mais leves, menores mais com uma potencia maior, gerando assim pressões de vapor mais alta e por consequência mais energia.
A partir de 1801 ele resolve aplicar rodas a uma de suas máquinas, era como se fosse uma locomotiva rodoviária que ficou conhecida pelo nome de The Puffing Devil. Esse invento ficou conhecido como um dos primeiros veículos rodoviários a carregar passageiros.
Uma vez por ano, a cidade onde o engenheiro Trevithick nasceu faz um homenagem desfilando com algumas das máquinas por ele criadas. Acho essa iniciativa fantástica, principalmente para os jovens poderem pensar sobre a história e a evolução dos produtos hoje comercializados.
No video abaixo você poderá ver uma réplica dessa invensão. No video está então The Puffing Devil.
Esse vídeo acima mostra o desfile dessas máquinas criadas pelo seu cidadão ilustre.
Trevithick foi observando as necessidades e criando diversos tipos de projetos de máquinas a vapor. No ano de 1804, ele construiu a primeira locomotiva. Essa máquina primeiramente foi usada nas minas de ferro, no País de Gales. Ela tinha 10 vagões atrelados, e andava a uma velocidade de 8km/por hora. A sua primeira viagem foi realizada em 21 de fevereiro de 1804.
Esse inventor construiu outros tipos de máquinas, porém não achava patrocinadores para seus inventos. Em 1816, foi trabalhar no Peru, para construir locomotivas para as minas de lá. Depois surgiu a guerra civil em 1826 e retornou a Inglaterra, sem dinheiro. Morreu na pobreza e seus inventos foram poucos reconhecidos.
Mais alguns de seus inventos você pode observar nesse vídeo. Camborne é a cidade Natal de Trevithick e eles fazem esses desfiles como em homenagem ao famoso engenheiro.
Em 1812 – um outro Inglês John Blenkinsop inventou outra locomotiva a vapor cujo o nome foi a Salamanca.
As rodas eram dentadas e possuia um suporte longo para ajudar na tração, devido a fricção produzida entre as rodas e o carril não ser de confiança.
Em 1814, George Stephenson, também inglês, construiu a locomotiva chamada de Blucher. Essa locomotiva se destinou ao transporte dos materiais das minas de Killingworth e já conseguia puxar uma carga de trinta toneladas a uma velocidade de 6 km/hora.
Locomotiva Blücher, de George Stephenson.
Em 1829, o francês Marc Seguin, inventa a locomotiva Rocket que já atingia a velocidade de 30 km/hora e essa locomotiva já circulava na linha férrea recém construida entre Liverpool e Manchester. (achei bem bonitinha essa). Pensa bem poder sair da carruagem e andar nesse trem, devia ser o máximo para época.
Em 1830, nos EUA é criada na Carolina do Sul, a primeira locomotiva chamada de Best Friend of Charleston – o primeiro trem a vapor programado para carregar 141 passageiros nas ferrovias da América. Necessitava aqui 4 maquinistas, um par de cada lado.
Best Friend of Charleston
Em 1832, John B. Jervis, construiu a Experiment. Apenas um par de maquinistas era necessário e ela se adaptava melhor as curvas, desenvolvendo maior velocidade.
E assim em cada país os engenheiros foram desenvolvendo modelos e máquinas cada vez mais potentes.
Aqui no Brasil a locomotiva que fez seu primeiro passeio era chamada de “Baronesa”. A viagem foi no dia 30 de abril de 1854, percorrendo uma distância de 14 km num percurso entre Baía de Guanabara, Petrópolis, Rio de Janeiro. O Barão de Mauá foi o responsável pela construção dessa ferrovia.
E assim os trens foram evoluindo e aqui no Brasil a famosa “Maria Fumaça”, como eram conhecidas transportou muitas mercadorias e passageiros pelas longas estradas férreas do país e até hoje algumas delas ainda fazem o papel de passeios turisticos em algumas cidades do Brasil.
Em 1879, na Exposição Mundial de Berlim, surge a primeira locomotiva elétrica, apresentada por Werner von Siemens, tendo um desenvolvimento melhor a partir de 1890 e é utilizada até os nossos dias.
Primeira locomotiva elétrica aqui no Brasil
Na década de 60, as locomotivas a vapor já estavam praticamente todas substituídas por outras mais modernas, ficando as locomotivas a vapor para uso turistico. No Brasil elas atuaram até 1994, na Estrada de Ferro Tereza Cristina.
As máquinas a vapor continuam sendo usadas na China, devido ao baixo custo do carvão, quando comparado ao petróleo. Já na Índia o vapor foi trocado pelo diesel e eletricidade na década de 1990. Mas por aqueles lados a questão de transporte ainda é um problema sério para os moradores do país.
A evolução de um produto ou de uma máquina vai sendo transformada junto com a história, mas fico encantada de ver de onde tudo começou, onde chegou até hoje e penso até onde ira os avanços dessa criação. Hoje os trens balas estão transportando milhares de gente a uma velocidade digna do seu nome.
Para mim, que já estou com meio século e mais um pouco (53 anos) me sinto privilegiada quando penso na evolução de tantos produtos. Por que além de saber, eu participei literalmente dessa evolução. Assim como cheguei a andar nos trens na minha infância, desde os mais simples aos mais sofisticados, pois havia me lembro bem, vagões de trem de primeira e segunda classe. Os de primeira classe eram com os bancos todos de couro, e havia também as cabines onde ficávamos toda a família e o vagão do restaurante.
Viajávamos várias crianças todos primos de uma cidade pequena até a casa de minha avó, que era no sítio, sózinhas. Imaginem que delícia que era viajar de trem, nas férias um monte de primos juntos e a gente ficava andando de vagão em vagão. Tudo era tão tranquilo e natural, sem essa loucura de hoje em dia, onde as crianças tem que ficar presos junto a seus pais, ou trancados dentro de apartamentos…
Tenho muita saudades de tudo isso e gostaria muito que os trens de passageiros voltassem a circular nesse país, favorecendo muito a toda a população.
Em uma das minhas viagens a Europa, também tive o privilégio de viajar nesse trem dito “bala” que, além de confortável, é incrível o ganho de tempo nessas viagens. A Europa é tudo de bom quando o assunto é viajar de trem, tudo acontece de uma forma tranquila e fácil.
Nessa viagem, de 2013, pegamos o trem bala na Suiça até a França.
Era isso por hoje.
Confesso que foi muito legal ter feito esse post, pois a cada pesquisa e a cada escrita, parece que estava fazendo junto ao meu pai, que infelizmente faleceu muito novo (56 anos) de um aneurisma cerebral. A vida sempre nos pega de surpresa, umas boas outras ruins, não é mesmo? A morte faz parte da vida, é difícil? Muito e triste também. Mas, temos que aprender a conviver com isso. Isso é a vida, isso é viver. E assim vamos caminhando…
Um abraço.
Referências:
http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/locom0/locom0.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Locomotiva_a_vapor
Respostas de 4
Parabéns, Maricalegari! Sou gamado por trens, sejam eles Maria Fumaça até trem Bala! Em São Paulo, existia o famoso trem da Cantareira(imortalizado na música do Adoniran Barbosa) que eu tive o prazer de conhecer e usar. Pena que no Brasil, deixaram a ferrovia de lado substituindo-a pela rodovia.
Olá Mauro
Seja bem vindo por aqui. Então somos dois, até tenho uma paixão por trens que é afetiva mesmo. Sou filha, neta e sobrinha de ferroviários, já falecidos, porém avô, pai e tio passaram pela história da ferrovia e, além das lembranças de infância aqui no Brasil das viagens em família de trem, acho lindo e deliciosa essas experiências de viagens de trem. Realmente é uma pena aqui no Brasil a ferrovia não ter tido continuidade para passageiros, como na Europa por exemplo. Mas quem sabe, ainda poderemos ver algo nesse sentido. Um transporte tão seguro, divertido e com a possibilidade de podermos caminhar pelos diferentes vagões. Amoo
Um abraço.
Belas palavras que também faria minhas.
Quanto aos trens (minha paixão), boa matéria.
Obrigada Gilson. Também tenho um carinho especial pelos trens.