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Filme: Juventude transviada a adolescência nos anos 50

Filme: Juventude transviada a adolescência nos anos 50

Tempo de leitura 5 min.

Oi Gente

O filme Juventude transviada, de 1955, onde James Dean, ícone da juventude dos anos 50, atuou no papel principal nos transmite a imagem do adolescente naquela época. O filme e a reflexão sobre o mesmo poderá te levar a rever o período de adolescência de alguns que viveram nessa época. Saiba um pouco sobre ele por aqui…

James Dean – via Pinterest

Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso, em seu livro Adolescência em Cartaz, traz uma série de filmes que retratam a adolescência como forma de refletir e pensar sobre essa etapa da vida, utilizando-se de alguns filmes que nos mostram sobre esse período e, nas palavras dos autores do livro “a proposta não é apenas informar o que é a adolescência e quais são seus dilemas, mas também ativar a lembrança do que foi a adolescência de cada um, para, a partir daí, pensar. Assim, esperamos que esta leitura vá além dos usos profissionais, servindo para qualquer interessado em entrar no túnel do tempo e voltar a paisagens marcantes de sua vida”.

Estou lendo, atualmente, esse livro e aos poucos assistindo os filmes ali propostos e resolvi ir dividindo aqui com você, através dos filmes propostos, algo para se pensar a adolescência nas diferentes épocas, até porque muito se fala da adolescência, mas é preciso pensar também que todos passamos por essa fase.

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O filme retrata a adolescência do anos 50, onde os adolescentes eram vistos como rebeldes.

O filme dirigido por Nicholas Ray, com roteiro de Stewart Stern. “O drama é centrado no atrito de gerações e em uma insatisfação difusa dos adolescentes, confrontados com suas famílias caricaturais. Na falta de outras razões às quais atribuir os sofrimentos demonstrados pelos personagens, a culpa sobra para os pais, apresentados como figuras fracas, opressivas ou simplesmente abandonadoras”. p. 25

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O filme, apesar de apresentar vários adolescentes, mostra mais diretamente a situação de três: Jim Stark, filho único, com pais permissivos e fracos; Judy, interpretada por Natalie Wood, uma adolescente que fugiu de casa, após a discussão com seu pai e Plato, um pouco mais novo que vive praticamente com a empregada, devido a ausência dos pais que vivem viajando.

James Dean

James Dean foi um ator e ídolo juvenil, nascido no ano de 1931 e morreu muito jovem aos 24 anos, devido a sua paixão pela velocidade.

Nesse filme, James Dean interpreta Jim Stark, filho único de um casal sem autoridade sobre o filho. É o último filme em que James Dean teve participação.

O início do filme, acontece em uma delegacia onde Jim foi detido por alcoolismo e vadiagem, observa-se um adolescente saudoso da infância e carente da admiração que os pais tinham quando era criança e hoje já não percebia mais isso. Se queixava da fragilidade do pai. “Ele o considera um homem covarde, suplicante e submisso em relação à esposa e à sogra sarcástica.”

Jim é novo na cidade, pois como filho único os pais vivem em torno do mesmo, mudando de cidade pelo fato das confusões aprontadas por JIm. “Os pais organizam sua vida ao redor desse filho único, desajustado, que não consegue controlar-se e é um imã de problemas. Eles não entendem sua conduta, preocupam-se em demasia com ele, mas de fato não o escutam, embora Jim seja direto sobre o que o atormenta.” p.26

Um adolescente novo na cidade sofre todo tipo de bullying e desafios para que possa ser aceito pelo grupo da cidade.

Em uma das cenas, como se fosse uma prova para ser aceito pelo grupo de jovens da cidade, resolvem tirar um racha e Jim entra nessa corrida, no alto de um penhasco.

A velocidade, nessa idade, possibilitada pelas máquinas mortíferas na mão dos adolescentes (motos e carros) está diretamente ligada a vida dos adolescentes.

Nessa noite, infelizmente, um dos carros cai no penhasco e ocorre a morte de um dos adolescentes. Todos fogem do local e Jim permanece ali, observando o triste acidente.

Chega em casa e fala sobre a morte e o ocorrido na noite com seus pais e o que espera, de certa forma, alguma reação desses pais sobre o que havia acontecido e esses, mais uma vez, preferem se fazer de desentendidos o que o irrita profundamente.

Jim que buscava uma reação diferente de seus pais escuta da sua mãe, novamente, uma proposta de mudança de casa e cidade. A cada situação de problemas acontecido com o filho, ao invés de enfrentá-los, acha mais fácil fugir para não ter que lidar com a realidade.

Há um fascínio dos adolescentes por carros, motos e velocidade. “Correr de carro, exigir dele ou de uma moto toda a sua potência, iguala-se a tirar do corpo jovem o máximo que ele pode dar. Dessa forma, muitos carros são sua extensão corporal e são submetidos ao desprezo pela morte que muitos adolescentes demonstram”. p. 28

A adolescente Judy

Judy que será a futura namorada de Jim, é uma adolescente de 16 anos que ainda quer preservar o lugar da menininha do papai. Em uma das cenas, onde dá um beijo na bochecha de seu pai é repreendida por ele severamente por achar que já está bem grandinha para esse tipo de comportamento.

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Mesmo o pai rejeitando esse comportamento, ela insiste em beijá-lo e recebe do pai um tapa na cara. Judy sai correndo, dizendo aos pais que aquela não é mais sua casa.

“Judy retrata o incômodo de uma geração de pais ao ver suas filhas adolescentes transformadas em algo com o qual não sabiam, nem queriam saber, lidar”. p. 30

Judy representa um nova geração de adolescentes que, apesar de saber do seu papel destinado ao casamento, queriam poder viver uma juventude diferente de seus pais. ” Eram anseios femininos que ganharam força nessa primeira leva massiva de adolescentes, elas queriam companheiros sensíveis, que as escutassem e respeitassem seus desejos e impasses”. p. 31

Vale lembrar que essas jovens viveram na época em que a pílula anticoncepcional não estava ao alcance das jovens e os pais não eram abertos quanto a questão da sexualidade. As mães não falavam sobre assunto, bem como as escolas excluíam a educação sexual de seus currículos.

Pode-se dizer que foi a primeira geração de jovens que deram início a refletir sobre a necessidade de conquistas femininas. Época em que “boa parte das conquistas em termos de informação sobre a sexualidade e funcionamento do corpo das mulheres, assim como do poder delas sobre seu destino, ainda está em tensa negociação”. p. 33

O pré-adolescente Plato

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Plato praticamente era criado pela sua empregada, uma vez que os pais viviam ausentes, sempre em viagem.

No início do filme a empregada, que tinha uma relação afetiva com o menino, o leva à delegacia devido ao seu comportamento de atirar com uma arma em filhotes de cachorros. “Na verdade, ele estava se sentindo como um filhote, extremamente vulnerável. Já que sua vida não chama a atenção, brinca com a ideia da morte, com a qual talvez seus pais sensibilizariam”. p. 33

Jim, na delegacia, em um gesto de cuidado e olhar ao garoto empresta sua jaqueta vermelha para o proteger do frio, o que faz com que Plato se aproxime de Jim.

Plato sempre com sua arma acaba tendo um fim trágico, sendo morto pelos policiais, por entenderem que os adolescentes e jovens daquela época, como era o discurso dominante dos adultos, “era de demonização dos jovens que, por sua vez, ridicularizavam os mais velhos”. p. 35

Abaixo, o video do filme. Embora esse vídeo não está la muito bom, dá para se ter uma ideia do filme, caso não tenha assistido ainda.

Observa-se no filme que, apesar dos pais estarem em atrito com os adolescentes, o fato de estarem presentes na vida dos filhos ainda é a melhor solução. Plato, no filme, talvez não tenha tido a mesma sorte de Jim e Judy, levando-o a morte precocemente.

Enfim, esse filme de 1955 já nos mostra o choque das gerações onde os adolescentes queriam ter suas vidas e histórias diferentes dos seus pais, porém apresentando as inquietações que fazem parte desse período a que todos chamados adultos de hoje, tiveram que passar. Ali já se percebe as inquietações do jovens sobre esse período de transição e o questionamento sobre o sentido da vida.

Aos poucos, espero continuar dividindo aqui com você os demais filmes que o livro nos apresenta, por achar interessante o tema e a discussão sobre essa fase da vida.

Deixo aqui também a dica desse livro, que ainda estou lendo, que é bem interessante, principalmente para aqueles que convivem ou trabalham com adolescentes.

Era isso por hoje.

Obrigada pela sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço.

Fique a vontade para expor sua opinião, afinal aqui discutimos ideias e não pessoas.

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