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Você se lembra dos seus sonhos ao despertar?

Tempo de leitura 5 min.

Oi Gente

O post de hoje tem como objetivo trazer aqui para você um pouco de um capítulo do livro a Interpretação dos Sonhos, de Sigmund Freud, onde ele nos fala sobre esse fato “Por que nos esquecemos dos sonhos após o despertar”. Tentei sintetizar ao máximo para que possa ter uma ideia sobre o assunto…

Você tem o costume de sonhar? Quando sonha, costuma se lembrar do que sonhou? Lembra-se do sonho completo ou apenas alguma parte do sonho? ou ainda, é aquele que diz que nunca sonha? Tem pesadelos? Sonhos estranhos? O que pensa sobre seus sonhos? 

Embora você, talvez, possa não se interessar muito pelo o assunto, a verdade é que os nossos sonhos nos diz muito sobre nós mesmos e, talvez,  se a gente pudesse observar melhor os nossos sonhos seria possível uma maior compreensão de si mesmo.

No final do século XIX e início do século XX, publicado em 1900, a obra de Freud “A Interpretação dos Sonhos” foi denominada pelo próprio Freud, no prefácio da terceira edição inglesa,  escrita em Viena, em 15 de março de 1931, como uma de suas obras mais importantes. Segundo  suas palavras “Este livro, com a nova contribuição à psicologia que surpreendeu o mundo quando de sua publicação (1900), permanece essencialmente inalterado. Contém, mesmo de acordo com meu julgamento atual, a mais valiosa de todas as descobertas que tive a felicidade de fazer. Um discernimento claro como esse só acontece uma vez na vida”. p. 38

Essa obra de Freud, em dois volumes, da Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, é uma obra gostosa de se ler, até porque Freud escrevia muito bem. Essa obra, de Freud é praticamente uma leitura obrigatória para os psicólogos, estudantes de psicologia e principalmente para os psicanalistas. 

Freud buscou na literatura vários autores que já haviam escrito sobre o sonhos e parte dali para elaborar os seus estudos sobre a Interpretação dos Sonhos, trazendo o que alguns deles já havia dito a respeito e acrescentando as suas descobertas e associações com relação ao sonhar.

Por que nos esquecemos dos sonhos depois do despertar

Mas aqui, nesse post, trago apenas um pouco sobre o que Freud escreveu com esse chamado: “Por que nos esquecemos dos sonhos depois do despertar”.

As vezes, ao acordar, percebemos que sonhamos e se tem a sensação de que se lembra apenas pedaços desse sonho, ou ainda, como nos diz Freud (…) podemos também observar como a lembrança de um sonho, que ainda era nítida pela manhã, se dissipa, salvo por alguns pequenos fragmentos, no decorrer do dia; muitas vezes sabemos que sonhamos, sem saber o que sonhamos; e estamos tão familiarizados com o fato de os sonhos serem passíveis de ser esquecidos que não vemos nenhum absurdo na possibilidade de alguém ter tido um sonho à noite e, pela manhã, não saber o que sonhou, nem sequer o fato de ter sonhado”. p. 79

As possíveis causas

Freud foi buscar essa explicação em Strümpell e,em outros pesquisadores dos sonhos, contemporâneos dele, e  Strümpell  cita que existe mais de uma causa para que isso aconteça. Abaixo segue algumas delas:

  1. “Em primeiro lugar, todas as causas que conduzem ao esquecimento na vida de vigília operam também no tocante aos sonhos”. 
  2. Assim como nos esquecemos de fatos durante o dia, mesmo acordado, assim também acontece com os sonhos e  uma das justificativas é que as percepções e sensações “são esquecidas por serem fracas demais, enquanto outras imagens mais fortes, adjacentes a elas, são recordadas.” 
  3. Uma outra causa citada por ele, refere-se ao fato de que para se lembrar é necessário que as percepções, as representações e os pensamentos tenham uma certa sequência e, quando isso não acontece, por exemplo, quando você se lembra apenas algumas imagens dos sonhos sem que haja uma ligação entre elas, é mais fácil o esquecimento. Strümpell dizia que “é tão difícil e inusitado conservar o que é absurdo como reter o que é confuso e desordenado”.  Freud complementa: Ora, na maioria dos casos, faltam aos sonhos inteligibilidade e ordem. As composições que constituem os sonhos são desprovidas das qualidades que tornariam possível recordá-las, sendo esquecidas porque, via de regra, desfazem-se em pedaços no momento seguinte”.
  4. “(…) após o despertar, o mundo dos sentidos exerce pressão e se apossa imediatamente da atenção com uma força à qual muito poucas imagens oníricas conseguem resistir, de modo que também nisso outro fator que tende na mesma direção. Os sonhos cedem ante as impressões de um novo dia, da mesma forma que o brilho das estrelas cede à luz do sol”;
  5. Outro fator é “que a maioria das pessoas tem muito pouco interesse em seus sonhos. Qualquer pessoa, tal como um pesquisador científico que preste atenção a seus sonhos por certo período de tempo, terá mais sonhos que de hábito – o que sem dúvida significa que passa a se lembrar de seus sonhos com maior facilidade e frequência”;
  6. “(…) quando um sonho parece, pela manhã, ter sido esquecido, ainda assim pode ser recordado no decorrer do dia, caso seu conteúdo, embora esquecido, seja evocado por alguma percepção casual”.

O interessante que se aborda, também, nesse capítulo, é sobre o fato de  apenas lembrarmos de algumas partes dos sonhos e é comum ao contá-los que o sonhador tenha uma tendência a  preencher as lacunas que foram esquecidas sobre o sonho. Assim,  ao preencher essas lacunas conscientemente para que o sonho possa ter uma maior clareza, corre-se o risco dele não estar trazendo ao consciente o real significado daquilo que foi sonhado.

Como ajudar a se lembrar de seus sonhos, para que possa ser o mais próximo daquilo que se sonhou?

Ao traduzir um texto de Jessen, Freud nos apresenta, de certa forma, alguma dica sobre a possibilidade de se lembrar dos sonhos, com menor interferência possível, na hora de expô-lo acordado:

“A observação dos sonhos tem suas dificuldades especiais, e o único meio de evitar qualquer erro em tal matéria é confiar ao papel, sem a menor demora, o que se acaba de experimentar e observar; caso contrário, o esquecimento sobrevém rapidamente, seja ele total ou parcial; o esquecimento total não apresenta gravidade; mas o esquecimento parcial é traiçoeiro, pois, se nos pusermos em seguida a relatar aquilo que não esquecemos, estaremos sujeitos a completar pela imaginação os fragmentos incoerentes e desarticulados fornecidos pela memória(…); tornamo-nos artistas sem nos apercebermos disso, e o relato periodicamente repetido impõe-se à crença de seu autor, que de boa fé o apresenta como fato autêntico, devidamente estabelecido segundo métodos adequados”. p.82

Enfim, se você é daquele(a) que gosta de entender ou saber um pouco mais sobre seus próprios sonhos, talvez possa se observar melhor ou quem sabe ter um papel e um lápis próximo, onde costuma dormir, para assim que possa ao acordar poder relatar tudo aquilo que se lembra do que sonhou. Penso que com isso, quanto mais próximo da verdade do seu sonho, sem que você possa preencher as lacunas, como se fosse um artista criando uma nova obra, você poderá estar acessando aquilo que pertence ao mais intimo do seu ser que é o seu inconsciente, ou seja, onde está a sua real verdade.

Lembrando ainda que, os sonhos tem sim seus significados, é onde estão guardados, algumas vezes, os seus reais desejos. É  algo que pertence, única e exclusivamente ao sonhador. Sendo assim,  interpretá-lo, mesmo com a ajuda de algum profissional, quem dará a resposta sobre os seus sonhos e a sua interpretação será você mesmo, pois ele te pertence e você é que fala sobre ele.

  Quanto mais próximo da lembrança verdadeira de seus sonhos você conseguir chegar, mesmo que possa parecer algo sem sentido em um primeiro momento, poderá trazer para você algumas respostas que conscientemente estão bloqueadas. Agora, muitas vezes lidar com as suas verdades não são fáceis, mas aí também se quiser ser um artista, caberá a você a decidir.

 

Era isso por hoje.

Obrigada pela sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço.

 

 

Referência: FREUD, S. – A Interpretação dos Sonhos (I) (1900) – Volume IV da Ed. Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Paginas – 79-83 – Ed. Imago, Rio de Janeiro, 1996.

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