Oi Gente
As Mitologias serviram e ainda servem de inspiração até os nossos dias. O mito de Píramo e Tisbe, da Mitologia Romana, foi a inspiração para a tão famosa história do amor proibido de Romeu e Julieta, de Shakespeare. Saiba um pouco por aqui sobre esse mito e tire suas conclusões…
O amor proibido de Píramo e Tisbe
Píramo e Tisbe eram dois jovens, considerados os mais lindos e formosos da antiga Babilônia. Eles eram vizinhos e se conhecendo desde crianças o amor surgiu entre eles, porém contra o consentimento de seus pais.
Devido ao amor proibido, os dois tinham que se comunicar as escondidas e assim conversavam por sinais, por olhares, com total discrição para que não chamassem a atenção de seus pais.
Como aquilo que é proibido tem lá algo que aumenta e/ou desperta mais ainda o desejo, a curiosidade, e o interesse no comportamento humano, os dois acabaram descobrindo uma fenda entre as paredes de suas casas, as quais eram encostadas uma a outra, parede com parede. “Na parede que separava as duas casas havia uma fenda, provocada por algum defeito de construção. Ninguém a havia notado antes, mas os amantes a descobriram.”
Assim, através dessa fenda eles podiam conversar. Por ali, passavam o som de suas vozes e conseguiam manter um contato, apenas com palavras e ternas mensagens de amor as quais passavam nas duas direções. As vezes, até mesmo brigavam com a própria parede por estarem tão próximos e tão distantes ao mesmo tempo.
Quando escurecia e tudo ficava calmo, os dois combinavam de se encontrarem sempre no mesmo lugar escolhido por eles, no dia seguinte, para assim poderem estar juntos longe dos pais e olhares de estranhos.
“De manhã, quando Aurora expulsara as estrelas e o sol derretera o granizo nas ervas, os dois encontraram-se no lugar de costume. E então, depois de lamentarem seu cruel destino, combinaram que, na noite seguinte, quando tudo estivesse quieto, eles se furtariam aos olhares vigilantes, deixariam suas moradas, dirigir-se-iam ao campo e, para um encontro, iriam ter a um conhecido monumento que ficava fora dos limites da cidade, chamado o Túmulo de Nino, e combinaram que aquele que chegasse primeiro esperaria o outro, junto de uma certa árvore”. (p.33).
Eis que chega o momento da fuga dos dois e, para ir ao encontro do seu amado, Tibes cobriu seu rosto com um lenço. A linda donzela ao chegar ao túmulo, próximo a uma fonte e também próximo a uma árvore de amoreira branca, ali sentou-se aguardando, ansiosamente, a chegada de seu amado.
Enquanto ela estava ali sentada, com seu coração cheio de alegria e esperança em poder, finalmente, viver esse amor com Píramo ela ouviu um barulho estranho e assustador e, logo, avistou uma leoa que acabara de abater uma presa e estava toda ensanguentada vindo em direção a fonte, provavelmente para saciar a sua sede.
Tisbe, muito esperta, rapidamente saiu do local e foi se escondeu dentro de uma gruta, ali perto. O problema é que nessa fuga rápida, ela deixou cair o seu véu e a leoa, após saciar a sua sede, ao perceber o véu ao chão, despedaçou-o com sua boca ainda ensanguentada.
Píramo, atrasado para o encontro, ao chegar no lugar combinado não encontra a sua amada Tisbe, mas encontra sim o véu todo coberto de sangue e despedaçado. No caminho até o túmulo, Píramo já havia notado as pegadas da leoa. A partir daí, percebeu a falta da amada e deduziu: “Desventurada donzela! – exclamou – Fui a causa de tua morte!. Tu, mais digna de viver do que eu, caíste como primeira vítima. Seguir-te-ei. Fui o culpado, atraindo-te a um lugar tão perigoso, e não estando ali eu próprio para guardar-te. Vinde, leões, dos rochedos e despedaçai com vossos dentes este corpo maldito!.”
Pegou o véu de sua amada, levou até a árvore , cobriu-o de beijos e de lágrimas e, arrancando sua espada, mergulho-a em seu próprio coração.
O seu sangue espirrou sobre a amoreira. Assim, “O sangue esguichou da ferida, tingiu de vermelho as amoras brancas da árvore, e, penetrando na terra, atingiu as raízes, de modo que a cor vermelha subiu, através do tronco, até o fruto”.
Tisbe, ainda amedrontada pela leoa, sai da gruta e vai até o local marcado para seu encontro com Píramo. Antes de chegar, avistou de longe a cor vermelha das amoras e chegou a pensar que havia errado o local. Se aproximando avistou um vulto que se debatia e se agonizava. “Reconheceu o amante, gritou e bateu no peito, abraçando-se ao corpo sem vida, derramando lágrimas sobre as feridas e beijando os lábios frios”.
Escutando o desespero de Tisbe, “Píramo abriu os olhos e fechou-os de novo. A donzela avistou o véu ensangüentado e a bainha vazia da espada”.
Assim, Tisbe também pensa que por sua causa e culpa Píramo se matou e pensa – “Também posso ser corajosa uma vez, e meu amor é tão forte quanto o teu. Seguir-te-ei na morte, pois dela fui a causa; e a morte, que era a única que nos podia separar, não me impedirá de juntar-me a ti. E vós, infelizes pais de nós ambos, não negueis nossas súplicas conjuntas. Como o amor e a morte nos juntaram, deixai que um único túmulo nos guarde. E tu, árvore, conserva as marcas de nossa morte. Que tuas frutas sirvam como memória de nosso sangue.”
Enfim gente, dá para perceber a semelhança entre esse mito e a famosa história de amor de Romeu e Julieta, de Shakespeare. E, espero que toda vez que você ver um amoreira saiba um pouco como sua cor ficou vermelha e possa se lembrar de Píramo e Tisbe.
Era isso por hoje.
Obrigada pela visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.
Um abraço.
Referência:
Bulfinch Thomas, O livro de ouro da Mitologia – Histórias de Deuses e Heróis, tradução David Jardim – Rio de Janeiro: Agir, 2014.
Respostas de 2
Eu não conhecia nem a história (muito bonita, por sinal) nem o blog. E essa seção sobre “História e Mitologia” foi uma das melhores descobertas do ano. Parabéns pelo trabalho! Já vou adicionar aos favoritos do navegador.
Obrigada Aparecido. Seja bem vindo por aqui. Um abraço.