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Você tem medo de envelhecer?

Tempo de leitura 8 min.

Oi Gente

O post de hoje tem como objetivo trazer aqui para você algumas informações para que possa pensar sobre esse assunto e dar a sua própria resposta a essa questão sobre o medo de envelhecer. Te convido a continuar a leitura por aqui…

As estatísticas nos mostram cada vez mais o número avançado de idosos em todos os países, consequências de avanços em várias áreas de estudos voltados para a qualidade de vida e prolongamento da expectativa de vida dos seres humanos. 

Envelhecer é algo natural e faz parte do processo de vida de qualquer ser humano. Só não envelhece quem morre novo, não é mesmo? Mas esse fato nem sempre é encarado de uma forma tranquila para todas as pessoas, gerando muitas vezes inquietações, ansiedade e angústia.

Conforme o número de anos vão se acumulando e, junto a ele as perdas naturais de determinadas funções fisiológicas, é possível que o medo comece a se instalar, principalmente quando há uma tendência a pensar na velhice com a proximidade da morte.

Quais os medos que podem surgir ou aumentar com o passar do tempo?

 O primeiro e maior medo do ser humano é lidar com o fato e a certeza de que um dia poderá morrer.

Quando se ouve dizer: tenho medo de voar, tenho medo de ladrão, tenho medo de dirigir, tenho medo de sair a noite, tenho medo de ficar doente, etc… Pense bem, o que está por trás desses medos? Você possivelmente não tem medo de avião, você tem medo de morrer por algo que possa acontecer em um vôo, você provavelmente não tenha medo de dirigir, o medo está atrelado a possibilidade de um acidente que possa te levar a consequências que poderão te levar a morte e, provavelmente, os demais medos acabarão por chegar nesse maior medo que é lidar com o não controle sobre o fato de que todos um dia partiremos.

O segundo e maior medo do ser humano é perder sua capacidade mental, ou para falar de uma forma mais clara, o medo de “ficar louco”.

O medo de perder as suas capacidades de interagir, de decidir, de ser respeitado, de deixar de pertencer, de não mais poder responder pelos seus atos, levando, em alguns casos, ao afastamento da vida social. Já fiz um post sobre isso por aqui: Você sabe quais são os dois maiores medos do ser humano?

Com o passar dos anos e, se você for privilegiado de poder entrar na fase de envelhecimento, fase onde as perdas começam a serem observadas, é natural que o medo possa atingi-lo.

Além da perda de algumas habilidades que se tinha quando se era mais jovem, na velhice é necessário lidar com várias perdas, tais como: a perda dos amigos, de parentes, de entes queridos e, de repente, você começa a observar que  a fila vai andando e, possivelmente, estará  chegando um pouco mais próximo de você. Envelhecer está sim relacionado a muitas perdas. E aí, como lidar com isso? Vamos pensar juntos?

O Brasil,  até pouco tempo atras, era considerado um país de jovens, mas, atualmente, já se observa uma nova realidade quanto a questão do envelhecimento da população. Segundo o IBGE “nos próximos 20 anos, a população idosa do Brasil poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população ao final desse período”.

Quando comparados as crianças, a proporção de idosos vem crescendo mais rapidamente. No ano de 1980 para cada 100 crianças, havia 16 idosos; já no ano 2000 observa-se praticamente o dobro dessa proporção, ou seja, para cada 100 crianças havia 30 idosos, lembrando que a taxa de fecundidade vem diminuindo reduzindo assim o número de nascimentos, enquanto a longevidade vem contribuindo para o aumento do número de idosos em nossa população.

Para se ter uma ideia, segundo o IBGE, no ano de 2050 os idosos representará 1/5 da população mundial. Primeiramente vale pensar que você não estará sozinho nessa caminhada e que bom poder fazer parte dessas estatísticas, não é verdade?

A média de expectativa de vida dos brasileiros atualmente já está em torno dos 75 anos.  Embora ainda muito precise ser feito quanto a questão dos idosos no Brasil, temos que admitir que, nos últimos tempos, a população está com um olhar mais cuidadoso quanto a essa questão, até porque a grande maioria das famílias brasileiras já convivem com um idoso e sabem bem das necessidades e cuidados redobrados, principalmente em relação a saúde, e até mesmo a prevenção para que a velhice seja vivenciada de uma forma que gere menos sofrimento. É lógico que alguns programas para a terceira idade estão mais centrados em grandes centros e ainda há muito a ser feito, em se pensando no país como um todo.

Talvez o fato de observar as dificuldades enfrentadas pelos idosos aqui no Brasil, pela pouca estrutura ainda que lhes é oferecida, pode desenvolver uma visão negativa do envelhecer. A nova geração de idosos que vem aumentando no país já está tendo uma nova forma de repensar a velhice.

Nos Estados Unidos, para se ter uma ideia, a prioridade são as crianças, seguida dos idosos. Aqui, ainda os idosos não recebem o melhor tratamento que mereciam, mas já se tem caminhado para melhoras nessa área, principalmente a partir da criação do Estatuto do Idoso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm

https://drauziovarella.com.br/envelhecimento/ministerio-publico-lanca-cartilhas-para-auxiliar-idosos-em-sp/

O fato da idade ir avançando não se pode pensar que será um impedimento para fazer algo ou que poderá diminuir a qualidade de vida, o que é preciso é aprender a viver e se adaptar a cada nova idade, administrando o que é novo, sem ver em sua frente obstáculos maiores que os são na realidade. 

Infelizmente, ainda há no senso comum uma ligação entre a velhice e a morte. É como se o fato de envelhecer já condenasse o idoso a estar próximo do seu fim. Morte gente, é algo que pode acontecer desde o primeiro momento do nascimento. Você já reparou quando se recebe a notícia da morte de alguém é comum fazer essa pergunta: quantos anos ele(a) tinha? Se a resposta for acima dos 60/70 é como se a aceitação da morte fosse recebida com mais naturalidade.

Vale lembrar aqui que a idade cronológica nem sempre pode responder a real condição de uma pessoa. Não é nenhuma novidade, hoje em dia, a gente se deparar com pessoas acima de 65 anos em condições de saúde e produtividade bem melhores que alguns jovens e os fatores relacionados a essa questão são multifatoriais, envolvendo principalmente a qualidade de vida, fatores regionais, bem como sócio-econômico. Mas não podemos esquecer, também, que as escolhas que cada um faz com a forma de lidar com a sua vida também se refletirá nessas diferenças.

Penso que o fator idade, atualmente, já não é referência quanto a essa questão, basta ver em nosso país o elevado número de jovens que perdem a vida precocemente, seja pela violência, acidentes de trânsitos e falta de estrutura na questão de segurança, além de todos os problemas enfrentados em nosso país que já é de conhecimento de todos nós.

Se refletirmos bem, ao envelhecer a probabilidade de alguns riscos corridos por indivíduos mais novos vão sendo diminuídas, por já não estarem tão expostos aos imprevistos de quem está na fase da produtividade a todo vapor, além de se pressupor que a idade, a maturidade traz junto um ganho chamado sabedoria.

Na fase da adolescência, por exemplo, observa-se um grande número de situações onde os mesmos se colocam em riscos, por ainda não ter a maturidade suficiente para refletir sobre as consequências possíveis de seus atos. Na tentativa de se comportarem como adultos, que ainda não são, e a necessidade de serem recebidos e pertencentes a determinados grupos, se expõe em situações que jamais um adulto, mais preparado, não ousaria.

Como então poderíamos enfrentar o fato do medo de envelhecer?

É preciso inicialmente aceitar aquilo que não está em seu controle. Envelhecer é um ato natural da vida do ser humano e lidar com esse fato de forma mais positiva possível, quebrando tabus que já não condizem com a atualidade seria o primeiro passo a ser pensado.

A partir dos 65 anos, geralmente, a forma de ver a vida já é um pouco diferente de anos anteriores. Se chegou até aqui, é sinal de que desenvolveu habilidades suficientes e já pode se considerar um privilegiado. Agora é hora de poder aproveitar do seu jeito, no seu ritmo, no seu tempo.

O idoso precisa ver vida a sua frente, já que está cansado de saber que tem que lidar com perdas a todo instante.

Alguns filhos de idosos, ainda jovens,  podem ver os pais como mais velhos do que realmente são. Os idosos de hoje são bem diferentes das gerações passadas. É preciso que os filhos  perguntem a seus pais o que eles querem e procurem escutá-los de verdade e não responder por eles. Os pais envelhecem sim, mas ainda tem os seus desejos, embora diferentes dos filhos.

É preciso respeitar o idoso e o seu modo de envelhecer. Deixe que ele faça e decore a sua casa do jeito que lhe agrade. Se aquela peça é “brega” para o filho(a), para ele pode ter um valor imenso; deixe que o idoso escolha as suas próprias roupas, o seu modo de viver essa fase da sua vida. Engana-se quem pensa que o idoso não sabe o que quer.

O fato de envelhecer não significa que o idoso já tenha obrigatoriamente que se instalar na casa de um dos filhos. Como é importante ele permanecer em sua casa, isso lhe dá um pouco mais de autonomia e é natural, também, que nessa idade alguns queiram ficar mais reclusos, até porque já passaram por tantas etapas que os filhos ainda estão passando.

Na casa de um idoso, por exemplo, não deveria se fazer economia na conta de luz, embora saibamos que é o que alguns deles mais gostam de controlar. Já observou como uma casa escura é mais triste? Não economize nesse aspecto, deixe os ambientes claros. O idoso precisa ver vida a sua frente, ver luz, claridade. Lembrando que em determinadas fases da vida, a visão e audição já estarão mais prejudicadas.

Se possível, convidar o idoso para sair de casa e ir a lugares onde se vê vida e não apenas acompanhá-los em velórios. O idoso precisa se sentir pertencente e inserido no meio dos mais jovens, dos mais novos. Apesar de suas limitações, está lá vivo e com sede de viver bem esse tempo.

Participar de algum grupo, manter um hobby e/ou ser voluntário, como forma de se sentir produtivo é muito saudável no processo do envelhecimento. Solicite a colaboração do idoso, é importante que se sinta útil.

É interessante observar o grande número de pessoas que ao presentear um idoso, por exemplo, compram pijamas e chinelos, como se estivesse enviando o recado que é para ele ficar em casa, ou prepará-lo para uma possível ida ao hospital. Por que não dar algo diferente para incentivar a sua auto-estima, um perfume por exemplo, uma nova vara de pescar, um acessório, um cd com suas músicas preferidas, ou algo que você saiba que ele(a) curte.

Os óculos, os remédios, os aparelhos de audição, a insulina, são todos bem vindos para colaborar com a melhor qualidade de vida. Ao sair de casa, quem sabe é melhor fazer uma verificação se todos os pertences foram pegos, até porque é natural esquecê-los.

Cada dia é um dia a ser vivido da melhor forma possível, no seu tempo, do seu jeito, respeitando o ritmo de cada um. Sair com um idoso é se preparar com relação ao tempo, ter paciência, pois é natural que diminua também a sua agilidade. Para citar alguns exemplos:  entrar e sair de um carro, de um ônibus, subir uma rampa, subir e descer uma escada, andar na chuva, atravessar rua e, principalmente, quando se trata de lugares mais movimentados, pois a questão espacialidade também começa a estar presente.  

Cada vez mais, os novos idosos estão chegando a conclusão que envelhecer é tudo de bom, desde que  se respeite, se adapte as suas limitações e se permita a se amar e ser amado pelos mais próximos. Caberá aos idosos, também, não se esquecer  que os mais novos estão em outro momento diferente do seu e que respeitá-los é necessário, até porque você idoso já passou por essa fase.

Ao envelhecer sem medo, evita-se ficar reclamando o tempo todo e se vitimizando. Como é bom estar com um idoso de bem com a vida. 

Ao entender que o controle do tempo não está nas nossas mãos e que lutar contra essa realidade não lhe trará benefícios algum, o envelhecer permitirá que os seus medos diminuam e que, talvez, esse período da vida possa ser o melhor a ser aproveitado, apesar das limitações inerentes a idade.

 Enfim gente, se pensarmos que o medo geralmente está relacionado a preocupação de algo que poderá vir a acontecer sem contudo não ter vivenciado ainda, ter medo de envelhecer poderia se pensar que é algo que não está no seu controle e assim ele poderá ser evitado, pois somente na medida em que enfrentamos esse medo e vamos de encontro a ele, poderá verificar que esse medo é mais imaginário que real. Quanto mais enfrentamos os nossos medos, os encarando com aquilo que é possível ser feito, ele vai ficando cada vez menor, podendo até chegar a conclusão que eram medos infundados. 

E aí qual a sua resposta: Você tem medo de envelhecer?

 

Era isso por hoje.

Obrigada por sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço.

 

 

 

Referências:

https://ww2.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/25072002pidoso.shtm

imagens disponíveis no google

2 respostas

  1. Não tenho medo de envelhecer, pois como o próprio texto diz, só não envelhece quem morre jovem. O ser humano não foi projetado pra envelhecer, mas envelhece. Daí a resistência quase instintiva das pessoas a esse processo.

Fique a vontade para expor sua opinião, afinal aqui discutimos ideias e não pessoas.

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