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Nise da Silveira e o seu olhar para linguagem da arte

Nise da Silveira e o seu olhar para linguagem da arte

Tempo de leitura 3 min.

Oi gente

Hoje o post é sobre essa extraordinária mulher a qual, com seu olhar diferenciado aos pacientes psiquiátricos, internados no hospício da Praia Vermelha, pode dar um novo  olhar para o tratamento da saúde mental.

Resolvi fazer esse post antes mesmo de  assistir o filme, onde a artista Glória Pires faz o papel de Nise da Silveira, considerada uma das maiores representantes da corrente Junguiana no Brasil. O Nome do filme – Nise – O coração da loucura.

 

Nise da Silveira viveu entre os anos de 1905 e 1999, uma alagoana formada em psiquiatria pela Universidade da Bahia e que iniciou seu trabalho, ainda como uma psiquiatra principiante, no hospício da Praia Vermelha.  “Em 1933, entrou para o serviço público, através de concurso, trabalhando no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental”.      Quando da sua formatura foi a única mulher entre 157 formandos, e está também entre as primeiras mulheres que se formaram em medicina no país.

Seu envolvimento com o partido marxista lhe rendeu 15 meses de reclusão no presídio “da Frei Caneca, local onde conheceu Graciliano Ramos, que a descreve no seu famoso livro “Memórias do Cárcere” (… lamentei ver a minha conterrânea fora do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia ser culta e boa”.

Pacientes no corredor do Hospício de Pedro II

Quem a denunciou sobre o fato de ler livros marxistas foi uma enfermeira e, segundo Nise contava,  “Luiza, uma esquizofrênica que todas as manhãs levava o café da Nise, ao saber que esta tinha sido presa, aplicou uma formidável sova na infeliz enfermeira que denunciara sua querida doutora. Nise terminava este relato dizendo que aquilo fora “uma verdadeira reação afetiva”, e ria satisfeita, para então concluir seriamente: “o esquizofrênico não é indiferente, não é não”.

Inconformada com as modalidades de tratamentos utilizadas em sua época, como os choques elétricos, camisa de força, isolamento e outros, pois comparava esses tratamentos a outros tipos de tortura que ocorriam no campo político.  Com um olhar mais humano, foi a pioneira em trazer ideias de “Laing  (antipsiquiatria), Basaglia (psiquiatria democrática) e Jones ( comunidade terapêutica), trazendo assim para o Centro Psiquiátrico D. Pedro II, a terapia ocupacional.

Prédio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), antigo primeiro  Hospício D. Pedro II, construído entre 1842-1852

Assim, Nise cria a STOR (Seção de Terapeutica Ocupacional e Reabilitação) do Centro Psiquiátrico D. Pedro II. Nesse setor ela era auxiliada por um estagiário e dentro das atividades a pintura era a que se destacava, criando o atelier do STOR o qual ganhou “notoriedade e a produção dos pacientes tornou-se um material impressionante sobre as imagens da psicose.”

A partir dos trabalhos artísticos dos pacientes internados é que surgiu a ideia da criação do Museu de Imagens do Inconsciente, criado em 1952. Em 1955, Nise fundou ou grupo de estudos sobre Carl Jung, trasnformando como um lugar onde as pessoas “buscavam caminhos alternativos aos diversos discursos hegemônicos que então dominavam o campo psi.

Já em 1956, preocupada em resgatar a dimensão humana dos denominados “loucos”, Nise da Silveira criou a Casa das Palmeiras, Instituição pioneira de acolhimento, de portas sempre abertas”.

Uma das reuniões do grupo criado por ela e que continua até hoje no Rio de Janeiro.

Enfim, Nise foi essa pequena guerreira que conseguiu através do seu olhar, persistência, perseverança, dedicação e muito amor,  trazer uma nova forma de comunicação aqueles que eram afastados da sociedade. Através da arte, o paciente também pode expor aquilo que está no seu inconsciente, em sua forma diferente de pensar. 

 

Quando a fala não é possível, se fala pela arte. Podemos dizer assim que uma imagem fala mais que mil palavras?  O que você pensa sobre isso?

 

 

 

 

Era isso por hoje gente.

Obrigada pela visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço.

 

Referências:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932002000100014

http://www.ccs.saude.gov.br/memoria%20da%20loucura/mostra/retratos02.html

http://www.oguialegal.com/universidadeneyla.htm

http://www.polbr.med.br/ano02/wal0902.php

fotos disponíveis no google.

Fique a vontade para expor sua opinião, afinal aqui discutimos ideias e não pessoas.

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