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História da Moda de 1950 a 1960

História da Moda de 1950 a 1960

Tempo de leitura 8 min.

Oi Gente

O objetivo do post de hoje é trazer aqui para você um pouco sobre a história da moda, no período de 1950 a 1960. A partir de 1950, na Europa, a recuperação econômica estava em alta velocidade. “A cultura popular foi regenerada nos meios de comunicação, na música, no teatro e cinema, na indústria de mobiliário e de utensílios domésticos”, mas foi na área da moda que essa recuperação era, sem dúvida, mais visível.

Procurei trazer um pouco sobre esse assunto, dos estilistas famosos a moda popular, para que possamos ter uma ideia sobre o vestuário dessa década…

 

Era um momento em que as jovens já não queriam mais se vestir como suas mães. Queriam usar roupas que demonstrassem mais a sua juventude e de um modo mais divertido.

Mary Quant – anos 50

Mary Quant era uma empresária e designer de vanguarda em Londres dos anos 1950. Com um diploma em arte e ilustração, ela mesma admitiu que, no começo, nada sabia a respeito do processo de produção da moda. Mas munida da ousadia que nasce da ignorância, conseguiu mesclar o estilo da subcultura mod (uma abreviatura de modernismo) com os uniformes escolares do período eduardino e as roupas usadas para dançar pelas garotas, fazendo construções simples com tecidos informais, como popelina, algodão quadriculado e jérsei”. p. 216

Quant também revolucionou na área de Langerie, cosméticos e meias utilizando-se de embalagens preta e prata com uma margarida como logotipo.

New Look

Era preciso resgatar a feminilidade dos anos pós guerra. “Quadril arredondado, seios pronunciados e saias em comprimento bailarina, detalhes propostos pelo New Look de Dior, prevaleceram ao longo da década de 1950.”

No final desse período, Yves Saint Laurant, Balenciaga e Givenchy vão defender as silhuetas mais soltas. Assim, em “1957, os vestidos são saco retos e sem cintura sucederam a forma mais ajustada dos tubinhos com cintura alta e, mais tarde, deram origem ao vestido baby-dool (modelo amplo com saia franzida)”. Mesmo assim, em trajes mais casuais o uso de corselet, cintas e ligas ainda permaneciam.

“Em Paris, com sua antiga tradição de grandes ateliês, talentosas modistas eram abastecidas por fornecedores de flores de seda, bordados, fitas, chapéus, renda e botões, e tecidos luxuosos eram muitas vezes adaptados para corresponder a exigência dos estilistas”.  Os estilistas nessa época não achavam nada complicado na execução de suas criações, a exigência nessa década de 1950, que recebiam o novo e o diferencial de alta-costura e alta moda, era a perfeição na modelagem e no acabamento da costura. 

O Luxo dos anos 50

“Uma época de ouro parece ter ressurgido… O que importam o peso de meus tecidos suntuosos, os encorpados veludos e os brocados?”(Christian Dior).

Apesar de Christian Dior ter sido o destaque dessa década, combatendo a austeridade, outros importantes estilistas serviram de estimulo a Dior, todos de Paris: Jacques Fath, Jean Dessès, Hubert de Givenchy, Robert Piguet,Cristóbal Balenciaga e Pierre Balmain.  As suas incríveis criações românticas, que estavam entre as mais desejadas da época, os tornaram famosos.

As mulheres deviam ser magras “usar espartilhos, estar bem penteadas e portar acessórios que combinassem com a roupa. Saias rodadas de feltro ou de estampas mexicanas e cardigãs com detalhes bordados ou pedrarias davam um ar mais jovial e casual. Para o dia, tailleurs formais tinham mangas três-quartos para mostrar as luvas com dobras complexas nos punhos. A noite, as feitas de pelica macia ou cetim complementavam tubinhos tomara que caia. Luvas de cetim da época ainda podem ser encontradas em quantidades e, a menos que sejam assinadas por Dior ou Hérmes, tem preços relativamente baixos”. p. 79

Christian Dior 1950

Christian Dior (1905-1957)

No ano de 1950, a Maison Christian Dior era responsável por 50% da exportação de alta-costura francesa. Os desfiles e lançamentos de suas coleções eram lançadas duas vezes ao ano.

 Christian Dior, um senhor de meia-idade, era tímido, careca e gordo, mas o que estava em jogo não era a sua pessoa mas a sua capacidade de criação e dinamismo. 

Em 1955, Dior abriu a sua primeira boutique para vender, além de roupas, demais acessórios como bijouterias, echarpes, etc. A sua marca foi licenciada a outros 87 ateliês em outros países. A marca Dior de alta-costura foi a primeira a se tornar global.

Christian Dior 1952

Christian Dior 1952

Christian Dior 1954

Christian Dior 1955

Christian Dior 1957

Nesse período, foi realmente Christian Dior que liderou as novas tendências até sua morte morte repentina em 1957.

Segundo James Laver, já falecido e foi curador dos departamentos de Gravura, Desenho e Pintura do Victoria and Albert Museum, em Londres, de 1938 a 1959 e autor desse livro onde estou pesquisando – A roupa e a moda –  comenta sobre esse período que “as liberdades tomadas por Dior, Balenciaga, Balmain e outros, em relação a cinturas e bainhas, amplidão e comprimento, eram sinais de uma economia saudável: mas, fazendo-se uma reavaliação, também parecem uma série de tentativas desesperadas para manter o despótico domínio de Paris – sobre o sistema de alta costura – e evitar que se desse muita atenção as novas influências que surgiam na moda”.

O mesmo autor ainda nos conta como estava o clima de Paris nessa década de 1950: “(…): as mulheres deveriam ter a aparência de quem despendia tempo para ter um aspecto perfeitamente cuidado. A “beleza” tornou-se um tema de muita importância assim que terminou a escassez de cosméticos pós-guerra. As sobrancelhas eram arqueadas e escuras, o batom dava aos lábios uma linha severa, a maquilagem dos olhos variava do marrom forte ao verde jade, o rímel era essencial. Penteados soignée porém simples eram a regra, chinós usados com chapéus para o dia e para a noite e cachos na altura dos ombros para ocasiões informais. O luxo também predominava: peles, cashmere, mohairs e jóias requintadas eram muito importantes”. p. 260

Outro acessório que foi muito utilizado nesse período era os famosos broches, alguns enfeitados com pedrarias, podendo ser de metal dourado, em formas de animais ou ainda um grande buquê de pedras. Podiam ser usados de dia nas roupas, bem como nos trajes da noite.

Os chapéus também continuavam em alta, e variavam de tamanhos, desde pequenos usados sobre coque a outros modelos de abas largas. Eles continuaram até o final da década de 1950, mas tornando-se altos e cônicos, e algumas vezes cobertos de flores. Já fiz um post por aqui sobre a origem dos chapéus.  Origem do Chapéu e suas curiosidades

Os sapatos eram predominantes os de salto alto, conhecido como salto agulha, podendo ter os bicos pontudos ou retos.

Christian Dior, reconhecendo sua meia-idade e precisando trazer alguém mais jovem para sua marca, ainda no ano de 1955, ele escolhe como seu herdeiro o jovem Yves Saint Laurent. Em outubro de 1957, quando de sua morte, a França ficou em luto. Foi Yves Saint Laurent que assinou as primeiras peças no ano de 1958.

Na primavera de 1958 Yves Saint Laurant, ainda muito jovem, lança sua coleção Trapeze, a primeira de suas coleções como estilista-chefe da Dior. 

Pierre Balmain (1914-1982)

Outro ícone da moda nesse período foi Pierre Balmain,  que viveu no período de 1914-1982. Os seus vestidos foram admirados pelo “uso de materiais suntuosos, acabamento perfeito e glamour: Românticas e femininas, suas criações seguiam a silhueta e o estilo prevalescente na época.”

Pierre Balmain era um estilista elegante, bem educado e habilidoso no relacionamento com as grandes damas de Paris. Tinha como clientes estrelas do cinema, mulheres da realeza e políticos. Para se ter uma ideia, a rainha da Tailândia, Rainha Sirikit, tinha em Balmain o seu costureiro exclusivo.

Balmain era fascinado pelos bordados, aplicações e foi responsável por uma grande produção de vestidos para os grandes bailes da década de 50 e início de 60. Foi amigo de Christian Dior e inclusive pensaram em abrir algum negócio juntos. Mas, Balmain inaugurou seu próprio negócio, em outubro de 1945, na rue Françoir-1er, em Paris.

O seu apogeu aconteceu nessa década de 1950 e início de 1960, mas ele trabalhou até os anos 70 passando seu ateliê, após a sua morte, a Erik Mortenson, que foi seu assistente por mais de 30 anos.

Pierre Balmain – 1951

Pierre Balmain – 1951

Pierre Balmain – 1952

Pierre Balmain – 1953

Pierre Balmain 1953

Pierre Balmain 1953

Pierre Balmain – 1954

Pierre Balmain – 1954

Pierre Balmain – 1955

Pierre Balmain 1957

Pierre Balmain 1958

Olhando essas fotos de Balmain, é de ficar maravilhada pela criatividade desse estilista. Os detalhes dos bordados em suas criações são realmente glamourosas e de alto luxo. 

Cristóban Balenciaga (1895-1972)

Cristóban Balenciaga “aprendeu o ofício de alfaiate em San Sebastián, aos 12 anos. Lá, abriu o primeiro ateliê de alta-costura, em 1919 (…) e começou a receber encomendas da família real espanhola”.

Chegou em Paris, onde abriu na Avenida George V, sua primeira oficina no ano de 1937, devido a Guerra Civil Espanhola.

O seu estilo inovador, era sua marca de identidade. Marlene Dietrich, Greta Garbo e mulheres de grandes fortunas americanas foram algumas de suas clientes. Era tido como mestre e admirado no mundo todo pelos demais estilistas famosos.

Muitas de suas criações continuava a trazer marcas da cultura espanhola. “Algumas vezes feitas de tecido preto com detalhes também pretos, suas peças obtinham maravilhosas texturas por meio de contas âmbar escuro lapidadas, gotas, veludo e tiras torcidas. Elaboradas passamanarias pretas constratavam com tons claros de azul ou amarelo, remanescentes das roupas do matador, e vestidos de noite ganhavam detalhes inspiradores nas saias em camadas ao estilo flamenco, na forte discrepância de cores e nas camadas de renda negra das mantilhas”. p. 84

Para as roupas do dia, criou roupas mais confortáveis como os tailleurs de tweed. “Esses modelos simples muitas vezes mascaram a maestria da modelagem, com transpassados inteligentes, corpetes com pregas nas costas e amarrações escondidas. (…) Para a noite, Balenciaga escolhia cores como azul-claro,safira, lilás, marfim, rosa-choque, salmão, verde-maçã, e, claro, preto para conferir dramaticamente e desviar o olhar para a forma arquitetada da roupa”. p. 84

Em 1968, ele apresentou sua ultima coleção – primavera/verão. Em uma entrevista afirmou: “A vida que dava espaço para a alt-costura acabou. A verdadeira alta-costura é um luxo impossível de ser feito novamente”.

Chanel dos anos 50 a 60

Chanel em 1958

Chanel, já considerada um ícone da moda de anos anteriores, nas décadas de 50 a 60 0s seus tailleurs “não mudaram drasticamente e podiam ser usados de dia e à noite. Peças do período apresentavam arremates com fitas em cores contrastantes, detalhes nos bolsos e berloques pendurados para manter o paletó no lugar. Na década de 50, a saia era mais longa e reta; mais tarde, passou a seguir a linha A, e a barra começou a subir. Conjuntos de alta-costura geralmente vinham com um simples corpete de seda ou uma blusa com punhos destacáveis e abotoaduras com tecido correspondente”. 

Quanto as saias e as blusas dizia: “A saia é feita para o cruzar das pernas, e a cava, para o cruzar dos braços.”.

1950

1957

A moda popular

Fora de Paris e da alta-costura, ocorriam uma revolução jovem. As j0vens queriam as suas próprias modas, como já foi dito no início do post, diferentes de suas mães. “Um look popular era a do “estudante de arte”, a antítese do luxo vigente”.  Assim o sportwear americano entrava para ficar, com calças cigarrete na altura dos tornozelos, com sapatos baixos estilo sapatilhas de balé e os famosos jeans. Outros vieram dos costureiros, como o cardigã justo debruado de Mainbocher (que voltou à moda de 70), a camisa Chanel em estilo masculino com abotoaduras, precursora do look unissex, e seus paletós em forma de cardigã que foram copiados para os dois sexos”. (JAMES, L. p. 260).

 

As indústrias de roupas prêt-à-porter (pronto para vestir, pronto para levar) iam cada vez mais sendo estabelecidas e com uma tendência forte de quem veio para ficar. “Nos Estados Unidos, as técnicas de produção em massa já estavam bem desenvolvidas, produzindo sportwear e peças separadas versáteis que também eram populares na Europa, onde esse look mais informal e coordenado ainda não se firmara.” (J. Laver, p. 261).

Fotos da moda popular nessa década

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Algumas imagens das Revistas de Moda

 

 

 

 

 

 

 

As camisolas para dormir

Camisolas

Nessa década, eu ainda não havia nascido, mas já encontramos na família algumas fotos de parentes que retratam bem esse período.

Enfim gente, o objetivo do post foi trazer um pouco da história da moda, no período de 1950 a 1960. Acredito que atingi meu objetivo e minha curiosidade e compartilho com você, pois tentei trazer aqui uma ideia de vários ângulos sobre o vestuário e a moda nesse década.

Agora se você gosta e curte esse assunto, assim como eu, aqui tem outros posts que já fiz de décadas anteriores, fique a vontade para visitar:

Quando e como surgiu a moda?

Como surgiu a marca no mundo da moda

Fatos e fotos da Moda no período de 1900 a 1910

Fatos e fotos da moda entre 1910 a 1920

Fatos e fotos da moda de 1920 a 1930

Fatos e fotos da moda de 1930 a 1940

História da moda de 1940 a 1950

 

Era isso por hoje.

Obrigada pela sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço.

 

 

Referências:

TAYLOR, K. – Moda Vintage e Alta-Costura – Um panorama de estilistas do século XX, de Paul Poriet a Alexander MacQueen, publifolha

http://www.cristobalbalenciagamuseoa.com/cristobal-balenciaga/biografia/

LAVER, J. – A roupa e a moda – uma história concisa – Ed. Companhia das Letras, São Paulo, 1989.

As imagens são de pesquisa coletadas no google e pinterest e disponíveis para divulgação.

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