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Eros e Psique os eternos namorados

Eros e Psique os eternos namorados

Tempo de leitura 6 min.

 

 Oi Gente

Hoje, dia dos namorados, 12 de junho de 2016, trago aqui para você esse mito de Eros (mitologia grega) ou Cupido (mitologia romana) e a Psique. Como não lembrar deles em um dia desses…

Havia um rei e uma rainha que tinham três filhas, porém a beleza da mais jovem era tão exuberante que não havia palavras para poder dar significado a ela. A fama dessa beleza e espalhou por todos os cantos, que vizinhos de outros países apareciam em multidões para admirar tanta beleza.

Afrodite (mitologia grega) e Vênus  (Mitologia romana), a deusa da beleza, do amor, do riso, do casamento, sabendo disso, ficou indignada. Como é que uma simples virgem poderia estar despertando tamanha admiração, ao ponto das pessoas cobrirem o caminho por onde ela iria passar de flores e coroas?

Não satisfeita Afrodite (Vênus) chama então seu filho, o danado do cupido, conhecido por suas travessuras e mostrando Psique lhe pede um favor:

” Castiga, meu filho, aquela audaciosa beleza; assegura à tua mãe uma vingança tão doce quanto foram amargas as injúrias recebidas. Infunde no peito daquela altiva donzela uma paixão por algum ser baixo, indigno, de sorte que ela possa colher uma mortificação tão grande quanto o júbilo e o triunfo de agora”.

Cupido querendo atender o pedido da mãe, vai até o Jardim de Vênus e diante de duas fontes, uma de água amarga e outra de água doce Cupido enche dois vasos e se dirige ao quarto de Psique, onde ela estava dormindo. Embora com uma certa piedade, cupido passou nos lábios Psique um pouco da água amarga e a tocou com a ponta de sua seta de lado. Psique acordou e diante de cupido, ao qual estava invisível nesse momento, e perturbado ele mesmo se feriu com a ponta de sua lança e ele estava com o pensamento fixo de desfazer o mal que fizera a pobre psique e assim ele derramou sobre seus cabelos gotas balsâmicas de alegria.

As irmãs de psique encontram seus maridos e seus pais preocupados com a jovem que não tinha casamento, resolveram ir ao oráculo para saber qual seria o destino da sua tão bela filha?  e Apolo respondeu: “A virgem não se destina a ser esposa de um amante mortal. Seu marido a espera no alto da montanha. É um monstro a quem nem os deuses e nem os homens podem resistir”.  

Seus pais a acompanharam até o alto da montanha, com os corações aflitos e triste pelo destino de sua linda filha. Psique encontrou um lindo bosque e ali pegou no sono e ao acordar encontrou uma fonte de águas cristalinas e um lindo palácio e aí percebeu que estava diante de um palácio dos deuses e não de um simples mortal. Admirada por tanto ouro e objetos de arte, de repente ela ouve uma voz, sem que pudesse ver que estava falando, que lhe dizia: “- Soberana dama, tudo que vês é teu. Nós, cujas vozes ouves, somos teus servos e obedeceremos às tuas ordens com a maior atenção e diligência. Retira-te, pois, para o teu quarto e repousa em teu leito e, quando tiveres descansado, poderás banhar-te. A ceia te espera no aposento adjacente, quando te aprouver ali te assentares”.  

 Psique obedecia a todos os conselhos e seu marido invisível vinha todas as noites visitá-la, sem que a mesma pudesse vê-lo. Ela implorava para que a deixasse vê-lo, mas ele a recomendou que não não fizesse “qualquer tentativa para vê-lo, pois ele tinha bons motivos para se esconder”.

Psique sentindo-se sozinha solicita que tragam as suas irmãs para ver onde estava morando e o seu desejo foi atendido. As irmãs chegando ao palácio e vendo toda a riqueza e a “vista daqueles dons celestiais fez com que a inveja penetrasse no coração das duas, vendo que a sua irmã mais moça possuía tais riquezas e esplendores, muito superiores aos seus”.

E então, as irmãs começam a encherem Psique de perguntas, tais como: Que tipo de marido era o dela? Psique fala carinhosamente que seu marido era um belo jovem que passava o dia caçando nas montanhas e tirando de Psique a informação de que ela nunca o tinha visto, começaram a encher o coração da jovem com bobagens: você se lembra bem que o oráculo disse que você se casaria com um monstro? As pessoas no vale dizem que você tem um marido horrível semelhante a uma serpente e essas coisas terríveis que invejosos colocam na cabeça do invejado. As irmãs aconselham a psique a pegar uma lâmpada para a noite, quando seu marido a visitasse, ela pudesse olhá-lo para saber que o que diziam era verdade.

As irmãs de Psique a deixaram e a moça ficou com a curiosidade de saber quem era de fato o seu marido. Pegou uma lâmpada para que, quando esse viesse a noite, ela pudesse vê-lo enfim como ele era. “Quando ele adormeceu, Psique levantou-se e sem fazer ruído e, trazendo a lâmpada, visualizou não um monstro horripilante, mas o mais belo e encantador dos deuses, com madeixas louras caindo sobre o pescoço cor de neve e as faces róseas, um par de asas nos ombros mas brancas que a neve, de penas brilhantes como as flores da primavera”.

Amore e Psiche Eugène Médard:

Mas, quando Psique baixou a lâmpada para observá-lo, eis que uma gota de óleo ardente cai no ombro de seu deus, o qual abriu os olhos assustado e encarando Psique, simplesmente abriu suas lindas asas brancas e voou. Psique tentando segurá-lo quando esse saia pela janela, caiu ao chão e o Cupido, parou seu voo por um instante e falou:

“Tola Psique, é assim que retribuis meu amor? Depois de haver desobedecido às ordens de minha mãe e te tornado minha esposa, tu me julgavas um monstro e estavas disposta a cortar-me a cabeça? Vai. Volta para junto de tuas irmãs, cujos conselhos parecer preferir aos meus. Não lhe imponho outro castigo, além do de deixar-te para sempre. O amor não pode conviver com a desconfiança”.

Amore e Psiche | Antoon Van Dyke, 1638 | #WorldSleepDay:

Assim, Cupido deixou Psiquê e quando essa se recompõe um pouco, percebe que já não estava mais no lindo palácio e sim em um campo aberto próximo da casa de suas irmãs. Psique, então, vai a procura das irmãs e lhes conta toda a sua história. As irmãs fingiram sentir a perda do amado de sua irmã, se entreolham e pensam: “Agora, talvez ele escolha uma de nós – disseram”.

Psique desolada começa a correr de lado  a lado a procura de seu marido, e aconselhada pela deusa Ceres a voltar até Vênus ela o faz. Chegando diante de Vênus Psique lhe suplica o que poderia fazer para rever o seu amor e marido e Vênus lhe disse: “Farei uma experiência de tua capacidade como dona-de-casa. Ordenou então, a Psique que fosse ao celeiro de seu templo, onde havia grande quantidade de trigo, aveia, milheto, ervilhacas, feijões e lentilhas preparados para a alimentação dos pombos sagrados, e disse: – Separa todos estes cereais, colocando cada um de acordo com sua qualidade e trata de fazer isso antes do anoitecer”.  

E assim Vênus foi dando tarefas difíceis a Psique até que pediu a ela que visitasse Prosérpina para ir buscar uma caixa onde estava guardada a beleza que tanto Vênus queria ter e solicitou a Psique:  “- Quando Prosérpina te der a caixa com sua beleza – acrescentou, porém, a voz – tem cuidado, acima de todas as coisas, para de modo algum abrires a caixa e não permitir que tua curiosidade olhe o tesouro de beleza das deusas”.

 

Psique enfrentou todos os perigos até poder estar de possa da famosa caixa da beleza solicitada como uma das tarefas por Vênus e, quando estava de volta  pelo mesmo caminho, para entregar a caixa a deusa Vênus, eis que a sua curiosidade volta a cena e ela, desobedecendo o pedido de uma deusa, abre a famosa caixa e disse: – Como? exclamou – Eu, transportando a beleza divina, não aproveitarei uma parte mínima dela para pôr em minhas faces e parecer mais bela aos olhos de meu amado marido?

Depois de assim pensar, resolveu abrir cuidadosamente a caixa e nada de beleza ali encontrou, pelo contrário, encontrou  sim “o verdadeiro sono estígio, que, libertando-se da prisão, tomou posse dela e fê-la cair no meio do caminho, como um cadáver sem senso de movimento”.

 

Cupido, recuperado de seus ferimentos, vem então ao encontro de sua amada Psique e não mais suportando a distância entre os dois, voou até onde estava a bela jovem, devolvendo o sono profundo dentro da caixa novamente e, com um toque suave de sua flecha em Psique a acordou e mais uma vez exclamou: ” – quase morreste, devido à mesma curiosidade. Mas agora executa exatamente a tarefa que lhe foi imposta por minha mãe, e cuidarei do resto”.

Ao retornar, então, Cupido vai até Zeus (Grego) ou Jupiter (Romano) e lhe solicita que interfira até  Afrodite (Grego) Vênus (Romano)  para que ele possa enfim deixar que Psique seja imortal para que eles possam viver seu grande amor. Vênus então pede que Psique vá a Assembléia Celestial e lhe entrega uma taça de Ambrosia, dizendo: ” – Bebe isto, Psique, e sê imortal. Cupido não romperá jamais o laço que atou, mas essas núpcias serão perpétuas”.

“Assim, Psique ficou, finalmente unida a Eros (Grego) Cupido (Romano) e, mais tarde, tiveram uma filha cujo nome foi Volúpia (deusa da virtude em grego) prazer (romana).

 

Psiquê em grego pode significar tanto borboleta como alma. “Psiquê é portanto, a alma humana,purificada pelos sofrimentos e infortúnios, e preparada, assim, para gozar a pura e verdadeira felicidade”.

Para a psicanálise quem é a Psiquê? – Ela  representa a divisão primária da subjetividade, da alma humana, dividida entre o que ela é e o que se quer,  com aquela que tem a curiosidade e segue um percurso de inquietações e descobertas.

 Faz pensar também no trabalho de escolhas, no enfrentamento dos medos, na repetição dos mesmo erros. 

Assim gente, desejo que nesse dia dos namorados,  para aqueles que ainda não tem um cupido ou uma psique ao seu lado, que possa pedir ao oráculo para que providencie um, caso for de seu desejo e para você,   que já tem o seu cupido ou a sua psiquê,  que procure continuar com os laços atados e comemorando, quem sabe, com uma taça de Ambrosia, para que esse amor seja imortal. 

 

Era isso por hoje

Obrigada pela visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço 

 

 

 

 

Referência:

Thomas Bulfinch – O livro de Ouro da Mitologia – História de Deuses e Heróis – Tradução: David Jardim – Ed. Agir, Rio de Janeiro, 2014.

As imagens estão disponibilizadas na web.

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