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Cadmo e Harmonia e a fundação de Tebas

Tempo de leitura 6 min.

Oi Gente

O post de hoje é sobre mitologia grega, e trago um pouco sobre o mito do herói Cadmo e sua amada Harmonia,  considerados os fundadores de Tebas. Saiba um pouco sobre eles por aqui…

A Mitologia Grega, como as demais mitologias, era a forma encontrada, antes de Cristo, para descrever as origens do mundo.  “Os mitos gregos ilustram as origens do mundo, os modos de vida, as aventuras e desventuras de uma ampla variedade de deuses, deusas, heróis, heroínas e de outras criaturas mitológicas”.

Na Grécia Antiga a cultura era politeista (acreditavam em vários deuses) é como se para cada questão que o ser humano não encontrasse uma  resposta, tinha um deus específico que resolveria seu problema.

Os deuses, embora os gregos antigos acreditassem na sua imortalidade, também acreditavam que  tinham varias funções e, sendo assim, era necessário conhecer os vários deuses para dirigir corretamente as suas dúvidas. Acreditavam também que mesmo sendo considerados deuses tinham qualidades e defeitos como os seres mortais.

O termo Mitologia, segundo o escritor Português Carlos Ceia, significa “termo de dupla significação, indica, por um lado, o conjunto de mitos ou narrativas míticas relativas a seres sobrenaturais, fantásticos ou de valor super humano e, por outro lado, o estudo ou interpretação dos mitos”.

Como é um assunto que eu gosto muito de ler e pesquisar, divido aqui no blog com você para que também possa conhecer um pouco a respeito, lembrando que esses mitos, até hoje, ainda nos traz ensinamentos que são aplicáveis no modo de comportamento dos seres humanos e que nos permite fazer relações com a forma dos antigos gregos explicarem ou elaborarem as origens do Universo.

Já fiz alguns posts por aqui sobre o assunto, mas esse Os 11primeiros deuses da mitologia grega é interessante para você ter uma ideia de onde tudo isso começou.

Os poetas gregos Hesíodo e Homero foram grandes transmissores, através de suas narrativas sobre a mitologia grega. Através deles foram sendo transmitidas de geração em geração esse conhecimento da mitologia grega.

Além dos deuses, os antigos gregos também tinham os seus heróis. “Uma diferença essencial entre as lendas dos heróis e a mitologia propriamente dita, entre os mitos dos deuses e os dos heróis, frequentemente ligados entre si, ou que, pelo menos, lhes tocam as raias, consiste em que os últimos se mostram, alguns mais e outros menos, entrelaçados com a história, com os acontecimentos, não de um tempo primevo que está fora do tempo, mas do tempo histórico, e que lhe toca as fronteiras tão intimamente como se já fossem história propriamente dita e não mitologia”. p. 13.

As cidades na Grécia que mais reuniram lendas sobre Heróis são as duas: Micenas e Tebas e Cadmo foi um dos heróis mais reverenciado por deuses e os homens.

Quem foi Cadmo?

 

 

Para se ter uma ideia da sua importância, Cadmo teve Zeus como seu bisavô, Posídon como seu avô e como sogro e sogra Ares e Afrodite. “Sua filha Sêmele tornou-se mãe de Dionisio e subiu ao céu com o filho. Outra  filha, Ino, também se tornou deusa, transformando-se em Leucoteria, a “deusa branca”. Além de Dionisio, Cadmo teve também, no filho de Palêmon, também chamado Melicerta, uma criança divina como neto. Ambas as crianças encontraram o seu caminho até as histórias dos deuses”. 
Seu pai Agenor (comandante de homens) foi soberano na Fenícia e Cadmo teve dois irmãos Fenix e Cilice e uma irmã chamada Europa.
Europa foi raptada por Zeus que se passando por um lindo touro branco, chamou a atenção de Europa que o seguiu para o mar adentro. Agenor, pai de Europa,  ordenou que os irmãos partissem em busca da filha roubada e proibiu que eles voltassem para casa sem trazer Europa de volta com eles. Mas somente Cadmo levou a sério o que o pai pediu. Reune, então alguns companheiros e sai procurando Europa pelas ilhas gregas e nada encontrando sai para lugares mais longes, perguntando sobre a irmã Europa.
Como não conseguia localizar a irmã Europa, Cadmo resolve consultar o oráculo para saber do paradeiro de Europa e eis então que é sugerido a Cadmo que desista de sua busca, pois não iria encontrar a sua irmã. Mas, Cadmo não queria desapontar seu pai Agenor e solicita novamente ao Oráculo de Delfos uma sugestão para dar prosseguimento ao seu objetivo. Foi então que recebeu a seguinte orientação, transmitida em versos:
“Cadmo, filho de Agenor, atenta para as minhas palavras.
Ergue-te com a aurora, sai da nobre Pito
Com trajos comuns, empunhando uma lança de caçador,
Atravessa a região de Flégias e da Fócida, até alcançares
O pastor e o gado de Pélagon, nascido para morrer.
 
Enfrenta-o, e das vacas que mugem toma uma
Que traz em cada flanco uma órbita lunar;
Faze dela o teu guia sobre o caminho batido.
Dar-te-ei um sinal claro, tu o conhecerás;
Onde esse animal chifrudo que mora no campo
Se ajoelhar primeiro sobre o solo relvoso,
Faze ali um sacrifício para a Terra de folhas escuras
Limpa e santamente. Feita a oferenda,
Descobre no morro uma cidade de ruas espaçosas,
Não antes de enviar à morte o temeroso guarda de Ares.
 
Dessarte será teu nome conhecido dos homens vindouros,
Tua consorte seja uma deusa, abençoado Cadmo.”
 
 
 
 Cadmo então, seguindo o que foi orientado saiu e quando encontrou a vaca branca começou a segui-la e quando a mesma parou em um determinado lugar, ali Cadmo iniciou a formação da cidade de Tebas. 
Nesse lugar Cadmo preparou suas oferendas e solicitou aos seus seguidores que encontrassem uma fonte, pois precisava de água para o sacrifico da referida vaca, que ofereceria aos deuses. Cadmo estranhou a demora dos homens comandados por ele resolve então ir ao encontro dos mesmos e, quando se aproxima da fonte, o que encontra são os seus seguidores todos mortos por um dragão que guardava a fonte.
Assim, Cadmo agora sozinho percebeu que teria que enfrentar o dragão com apenas uma única arma que era sua lança de caçador, para que pudesse retornar ao local, onde havia apenas poucos habitantes, para cumprir a sua missão de fundar ali uma nova cidade. “Lá estava ele, no solo pelo qual pessoa alguma se erguera ainda antes da sua proeza fundando a cidade – no princípio do mundo, por assim dizer, na solidão primeva”. p. 39.
Dizem os poetas e pintores que essa façanha de Cadmo foi assistida pelos deuses e deusas. Alguns dizem que Atenas o ajudou e o lhe aconselhou que pegasse os dentes do dragão como sementes. Dizem também que tudo isso era plano de Ares, o deus da guerra.
Das sementes do Dragão, brotaram guerreiros armados, cinco ou mais, toda uma hoste ameaçadora para o solitário Cadmo, que lhes propiciara a existência. (…) O herói amendrontada apedrejou-os, e os guerreiros acreditaram estar sendo atacados uns pelos outros. A luta principiou e eles se entremataram, ficando vivos somente cinco: Udaio (homem do chão), Ctônio (homem da terra), Pelor (Gigante), Hiperenor (mais do que homem), e Equion (homem-serpente). Coletivamente conhecidos como os espartanos, isto é, “homens semeados”, eram afamados como a “semente com elmo de ouro”.  E assim, esses cinco foram considerados os fundadores das primeiras familias de Tebas. p. 40
Cadmo recebeu castigo por ter matado a serpente que era a guardiã dos bosques sagrados e teve que trabalhar como escravo durante 1 ano (nos dias atuais seriam 8 anos) para o deus Ares. Após cumprir sua pena pode então se aproximar e casar-se com a filha do deus Ares, Harmonia.
Ali onde o dragão já não reinava, nas colinas de Tebas, a fundação foi completada pelo casamento de Cadmo com Harmonia, filha de Ares (deus da guerra) e Afrodite.  Harmonia era uma segunda Afrodite (a deusa do amor e da beleza)  e unindo-se a Cadmo como nenhuma  outra deusa, “sobretudo a grande deusa do amor” . Essa união foi a mais importante de todos os casamentos dos heróis.
“Todos os deuses foram ao casamento, deixando os domicílios celestes por amor, e as Musas reverenciaram o casal de noivos com cantos, foi um festival como raro acontecia nas lendas dos heróis.  (…) Diz-se que Zeus, nessa ocasião, festejou o acontecimento na mesma mesa do felizardo Cadmo. “p. 41
Os noivos receberam de presente dos deuses e entre eles peplos, uma espécie de capa; um colar de ouro presente de Afrodite. Do casamento geraram quatro filhos, os quais só tiveram tragédias em suas vidas, devido ao fato do pai Cadmo ter matado a serpente (dragão) e como castigo dos deuses, pois a serpente era consagrada a Ares  : “Sêmele foi atacada pelo raio de Zeus; Agave, possuídade horrível loucura, despedaçaria o próprio filho; Autônoe, num dia, ajuntaria os ossos do filho Actéon e Ino se aventuaria a saltar no mar com o filho Palêmon.” 
 Cadmo reinou em Tebas por longos anos e ensinou aos gregos o alfabeto e a escrita. “Conta-se que Cadmo e Harmonia deixaram Tebas numa carruagem puxada por bezerros – um casal divino a cujo respeito não se pode saber, quando os dois se transformaram em cobras, como castigo dos deuses.”
Ao sair de Tebas deixou seu trono para o neto Penteu, filho de Agave e Équion (um dos espartos) e se dirigiu para outra região chamada Ilíria onde ali se tornou rei e teve mais um filho com o nome de Ilírio. 
Apesar de toda a dedicação de Cadmo com a fundação de Tebas, ele e a esposa não escaparam do seu maior castigo dado pelos deuses, onde no final de suas vidas os dois foram transformados em serpentes. “Também na Ilíria se mostraram túmulos de Cadmo e Harmonia e duas pedras em forma de serpentes, que se dizia serem seus monumentos comemorativos”.
Era isso por hoje.
Obrigada pela visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.
Um abraço.
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

Referências:

http://www.suapesquisa.com/historia/dicionario/politeismo.htm

Kerény Karl – A mitologia dos gregos – Vol. II – A história dos heróis – Ed. Vozes,  Petrópolis, 2015

Greviaantiga.org

 

2 respostas

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