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“A bela velhice”segundo a Antropóloga Mirian Goldenberg

“A bela velhice”segundo a Antropóloga Mirian Goldenberg

Tempo de leitura 5 min.

Oi Gente

O objetivo do post de hoje é falar um pouco sobre os resultados de uma pesquisa sobre esse processo do envelhecimento, uma vez que nosso país, já vem apresentando um alto índice de população que são considerados como idosos.

A Antropóloga Mirian Goldenberg, professora titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, já  vem pesquisando sobre esse assunto há mais de 25 anos, e tem alguns livros a respeito. Me lembro que, quando completei os 50 anos, recebi de presente um deles cujo o nome “Coroas”, bem sugestivo não é?

Para escrever o seu último livro “A bela Velhice” ela realizou um pesquisa na cidade do Rio de Janeiro, onde o culto ao corpo é bem expressivo, com pessoas acima de 60 anos para saber como estavam encarando esse momento da vida e trouxe algumas visões diferentes da velhice, quando se comparou o modo como a mulher e o homem envelhecem. Achei interessante e resolvi dividir aqui com você…

A INVENÇÃO DE UM BOA VELHICE

Esse livro é um resultado de uma pesquisa com 1700 entrevistas, desde 2007, com pessoas com mais de 60 anos, na cidade de Rio de Janeiro. Ela cita alguns belos velhos no Brasil, que já passaram dos 60 anos:  Chico Buarque, Ney Matogrosso, Fernanda Montenegro, Caetano Veloso, Silvio Santos e outros que estão aí como exemplos de pessoas que continuam a vida, apesar da idade, quebrando antigos tabus sobre a velhice. Fazem uma parte de uma geração dos sem idade.

Não li o livro, mas assisti um documentário onde a própria antropóloga comenta sobre o mesmo e trouxe alguns dados que achei interessante.

Segundo a autora, os belos velhos, continuam escrevendo, lendo, dançando, viajando, etc. Eles se recusam a serem os velhos deprimidos, doentes e acabados. Os belos velhos querem continuar ativos e produtivos. O tempo para eles  não pode ser desperdiçado. Eles  querem ter um projeto de vida.  Ao definir os resultados dessa sua pesquisa, ela citou essa frase como sendo a mensagem desses belos velhos: “Eu não preciso mais, mais eu quero” autora tem como militância lutar contra os preconceitos com os idosos.

Abaixo alguns resultados que a autora nos trouxe sobre suas pesquisas, sobre o que querem os belos velhos.

 

A IMPORTÂNCIA DE UM PROJETO DE VIDA

Os velhos querem continuar sendo ativos, produtivos. O tempo é algo valioso, o tempo é um capital. Querem ter um projeto de vida. 

São as pequenas e grandes escolhas que vão fazer a diferença. Isso é singular, cabe a cada um escolher como irão viver essa fase da vida. Aí está a beleza da velhice. Pode ser construída desde a infância ou ser construída a partir de qualquer idade. Ou seja, nunca é tarde para pensar, refletir e tomar atitudes com as suas escolhas para envelhecer.

 

AS DIFERENÇAS ENTRE HOMENS E MULHERES NA FORMA DE ENVELHECER

Ela nos mostra, alguns dos resultados quanto as perguntas que realizou nessa pesquisa.

O que as mulheres mais invejam nos homens?

A resposta mais citada foi: Liberdade

O que os homens mais invejam nas mulheres?

A resposta mais citada foi: Nada

As mulheres mais velhas valorizam muito as amizades. Dizem que são as verdadeiras amigas que ligam diariamente para conversar, acompanham e, inclusive, em casos de problemas de saúde,  visitam nos hospitais. A maioria das mulheres se sentem mais amadas, escutadas e reconhecidas pelas amigas do que pelos maridos, filhos e netos.

Já os homens valorizam mais a família, querem ter mais tempo para se dedicar a família. Eles querem mais a vida familiar que as mulheres que preferem mais a liberdade como algo conquistado. Pode-se pensar que é uma das razões que os homens separados ou viúvos, em sua maioria, se casam novamente.

As mulheres se referem ao casamento como uma prisão e que, pela primeira vez na vida, após os 60 se sentem com a liberdade. Pela primeira vez na vida se sentem livres para respeitar seus próprios desejos.

Quem envelhece melhor? O homem ou a mulher?

Quando perguntando para as mais idosas, a maior resposta dizem que os homens envelhece melhor que as mulheres.

Apenas um grupo disse que eles envelhecem pior, ficam deprimidos, menos amigos, bebem mais, não gostam de viajar, ir ao teatro e acreditam que inclusive na aparência do corpo as mulheres ficam melhor que eles. Esse grupo que respondeu assim são de mulheres em torno de 60 anos.

Uma das pesquisadas, segundo Goldenberg, funcionária publica de 75 anos e separada diz que os homens só procuram os médicos quando estão muito doentes, diz que  ela sempre se cuidou, tem saúde como uma menina, faz pilates e sempre se cuida na prevenção. Quando se refere ao ex -marido comenta que o mesmo está careca, desdentado, barrigudo e já teve infarto. Mas disse que ele foi,pelo menos, inteligente e arrumou uma outra mulher, com a idade de sua filha, com a profissão de enfermeira, para cuidar dele.

De o nome de uma pessoa pública que envelheceu bem?

Fernanda Montenegro e Silvio Santos foram os mais citados.

De um exemplo de pessoa pública que envelheceu mau?

Nessa questão, a maioria, citou que as atrizes que fizeram plásticas e se transformaram, ficando algumas até mesmo deformadas, ridículas e sem noção. As mulheres foram mais julgadas pelo comportamento do que os homens.

Voce deixaria de usar algo porque envelheceu?

91% dos homens disseram que não.

Já as mulheres, a maioria,  responderam que sim. Não usariam mini-saia, biquinis, acessórios enormes ou algo que pudessem não assumir a realidade de seus corpos.

As mulheres de mais de 60 anos, repetiram, mais de uma vez, que é a primeira vez na vida se sentem livres. A maior riqueza foi a liberdade que conquistaram nessa idade. Pela primeira vez na vida está olhando para ela e se cuidando. Ela deixa de existir para os outros e passa a existir para si mesmo.

Um professora de 65 anos fala: Parei de querer agradar a todos e aprendi a dizer não. Em primeiro lugar, não reclamo que falta homem no mercado e nem gasto meu tempo para competir com as garotinhas. A liberdade é o que mais conquistei.

 

A importância do Humor

O homem afirma que ri mais do que a mulher.

84% dos homens disseram rir muito.

68% disseram que ri.

Por que as mulheres não riem tanto como gostariam? Dizem que não tem muito tempo e nem tanto motivo para rir. Elas invejam a capacidade masculina de brincar e rir de qualquer bobagem.

O rir de você mesma é um dos melhores remédios. “Transformar tragédia em comédia”.

Ela finaliza que a única categoria onde todos estão na mesma situação são os velhos, porque o jovem de hoje serão velhos, os de hoje e os de amanhã. Seja homo ou hetero, independente de cor, raça, classe social, chegará o momento em todos estarão na mesma situação.

Milhares de homens e mulheres de 60 a 95 anos em sua pesquisa, segundo a autora, ensinou a ela que ser velho é lindo e é o momento de maior liberdade que se encontra no ser humano.

As mulheres foram mais julgadas e condenadas pelo comportamento na velhice, enquanto os homens não receberam críticas de nenhum dos lados.

É interessante quando a autora se refere ao grupo de 60 anos, onde  já há uma diferença de opiniões, mais livres, já existem mais para si mesmas do que para os outros. Pode-se pensar que essa nova geração de idoso está quebrando tabus que, talvez, as mais idosas, pelo próprio estilo de vida que tiveram, ainda não se libertaram da tão comentada prisão, como citaram em relação ao tempo em que estiveram casadas.

Lembrando que essa pesquisa foi realizada com idosos, na cidade do Rio de Janeiro e que, talvez, possamos pensar que nem sempre possa refletir os pensamentos de demais estados do nosso país.

Penso que ainda temos várias diferenças no modo de cada idoso viver a sua velhice, atualmente. Mas, não podemos deixar de perceber que essa nova geração de idoso que estão chegando na sociedade vem por aí quebrando todos os paradigmas anteriores sobre a velhice no Brasil.

Enfim, acho tudo isso lindo e o livro da antropóloga Miriam Goldemberg foi feliz no seu título “A bela velhice”. A autora é uma militante nesse assunto, quebrando paradigmas para que o Brasil veja a velhice com um novo olhar.

Assisti esse documentário, comentado pela própria autora, no canal Philos do NOW, na  Net. Caso queira assistir por lá, para poder obter mais detalhes, fica aqui a dica.

Era isso por hoje.

Obrigada pela sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço.

 

 

 

 

2 respostas

  1. Imagino como mulheres após os 60 se sentem mais livres. Concordo com essa que falou que aos 75 tem saúde de menina, se cuida, faz pilates, enfim, toma medidas para se precaver e melhorar a qualidade de vida. Mas será que são velhos? Ou são mais vividos? O tempo chega pra todos que não morrem em uma faixa etária mais jovem. Sim, é previso escolher não o vitimismo, mas o viver da melhor maneira possivel. Tenho uma amiga de 93 anos que se ama e se cuida mais que muitos de 50, 60 anos, e tem vida social bem movimentada!

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