logo-Blog MAri Calegari
Empatia: é natural no ser humano ou é uma construção?

Empatia: é natural no ser humano ou é uma construção?

Tempo de leitura 6 min.

Oi Gente

O objetivo do post de hoje é dividir aqui com você essa questão sobre a Empatia. Vamos tentar responder  algumas questões de forma simples e que possa ser compreendida: O que é empatia? É algo natural no ser humano? Ela precisa ser aprendida? Como desenvolver a empatia?  Ela é importante para as relações humanas? Saiba um pouco por aqui…

 

O QUE É EMPATIA?

Do grego empáthea, a palavra empatia é a experiência na qual nos projetamos em algum objeto, seja esse animado ou inanimado, a tal ponto de isto se tornar uma identificação própria, ou seja colocar-se no lugar do outro ser.

A empatia faz parte do interesse de várias áreas e inúmeros estudos e experiências já foram realizadas para falar do assunto. Mas afinal, o que tem de importante nessa palavra e atitude que tem tanta relevância nas relações sociais e na vida de qualquer ser humano?

É possível realmente se colocar no lugar do outro? Vamos pensar um pouco.

Empatia, não significa sentir o que outro sente, até porque como mensurar um sentimento no outro, uma vez que cada um sabe realmente o que isso significa, seja um sentimento de dor ou de alegria. Você está diante de uma situação de perda de emprego, por exemplo, como saber o que cada um sente nesse momento? Uma perda de emprego tem diferentes conotações para cada um, não é mesmo? Se colocar no lugar do outro, então, não significa sentir ou vivenciar exatamente o que outro está passando, mas sim ter a percepção do sofrimento do outro e poder oferecer, nesse momento, algo de mais íntimo que é a sua sensibilidade para com o outro, através de um gesto, de um olhar, de um abraço, de uma escuta sobre um sofrimento. 

De acordo com PIMENTEL e COELHO, 2009 “A empatia é um fenômeno que se dá no campo da experiência pré-reflexiva. Ela indica a capacidade de estabelecer um contato direto, ou seja, não mediado por palavras ou conceitos, com estados afetivos de outro ser humano. Ela implica, portanto, um modo de cognição perceptual, que se dá fora do campo verbal, discursivo ou proposicional. Desta forma, pode ser caracterizada como uma forma de escuta. Além disso, ela se constitui também como um modo de comunicação entre sujeitos, que acontece independentemente da intenção consciente, permitindo que se estabeleça um tipo de troca subjetiva sem a intervenção da fala. Como consequência do impacto desta troca, modificações na experiência dos sujeitos podem ocorrer”.

A empatia é algo natural no ser humano?

 Não. O ser humano nasce e logo em seguida pode-se, através de vários procedimentos médicos, observar as condições fisiológicas, anatômicas do novo serzinho, mas todo o desenvolvimento psíquico será desenvolvido a partir de então.

No início, aqueles que estão mais próximos nos primeiros cuidados do bebê, podendo ser a mãe e pai biológico, ou aquele(a) que assumiu as funções de cuidadores do bebê, serão os responsáveis para auxiliá-lo nas suas demandas e atender as suas necessidades básicas de sobrevivência.

Quanto a constituição desse serzinho como um sujeito, tudo que está em torno dele, fará parte do seu desenvolvimento psíquico, incluindo aí demais pessoas que estarão próximos dessa criança. A primeira comunicação de empatia se dá na relação mãe-bebê, onde sem a verbalização, ocorre algo de interação entre os dois que faz parte da percepção subjetiva.

A empatia precisa ser aprendida?

Sim. O desenvolvimento da empatia, portanto, inicia-se dentro da família, na forma como são transmitidas a educação pelos pais, cuidadores, educadores. Há uma tendência nos países ocidentais em ser desenvolvido a empatia mais nas meninas quando comparados aos meninos. Essa diferença refere-se a forma como os pais transmitem a empatia. Partindo-se das evidências de que as mães são mais empáticas do que os pais, é coerente com a suposição, na cultura ocidental, dar maior expressividade emocional positiva associada ao sexo feminino.

A escola, onde a criança iniciará sua educação, também deve continuar os ensinamentos quanto a desenvolver na criança a empatia. Por isso a importância dos pais conhecerem, antecipadamente, quais os métodos de ensino e direcionamento educacional da escola onde seus filhos irão estudar.

Como desenvolver a empatia?

Na primeira infância é o melhor momento para desenvolver a empatia no ser humano. Os pais e/ou cuidadores poderão aproveitar os momentos vivenciados pela criança para que se possa desenvolver a empatia. Por exemplo: qualquer situação em que algo esteja acontecendo com o outro é o momento de explicar a criança o respeito aos sentimentos daquele que está próximo a ela.  Aproveitar qualquer ocasião, no cotidiano, com um irmão que está com algum problema, uma criança que perdeu algum brinquedo e está triste, a vovó que poderá estar com alguma dor, por exemplo.

Uma forma também de desenvolver a empatia é ler para a criança histórias infantis, dentro de cada idade, onde ela possa acompanhar as situações vivenciadas pelos personagens e ensiná-las a reconhecer algum sofrimento ou problema pelo o qual o personagem da história esteja passando. Aproveitar, até mesmo, com um animalzinho que esteja sofrendo, ou perdido na rua, ou qualquer outro semelhante que esteja passando por algo que o deixa triste.

Além de você estar ensinando a criança a desenvolver a empatia, poderá também estar oferecendo a ela a oportunidade de saber que na vida há momentos bons e outros não tão bons e que, mesmo assim, é possível passar por determinadas situações que nem sempre são somente agradáveis.

É importante que desde cedo a criança possa frequentar ambientes onde poderá aproveitar para ensinar a habilidade da empatia. Em festas de aniversários, por exemplo, é um bom lugar para que se possa ir inserindo a criança nos ambientes diferentes de suas casas, quando essas ainda não estão na escola. Nesses eventos, no encontro com outras crianças, colaborar para que elas possam interagir umas com as outras, dividindo e acolhendo os coleguinhas em uma brincadeira de grupo, dividindo brinquedos. É comum observar, em festas infantis, aquelas situações em que uma criança apresenta a maior dificuldade de dividir algo com o outro amiguinho, muitas vezes colocando os adultos em situações embaraçosas, não é mesmo? É importante demonstrar para a criança que nem tudo é como ela quer, o que poderá mais tarde facilitar a viver com a falta e/ou a perda com possibilidades de lidar melhor com a situação.

Pois é, quanto mais cedo você colaborar com a criança no sentido de aprender a conviver em grupo, mas facilidade ela terá em seus relacionamentos futuros. Afinal, as relações sociais fará parte da vida de qualquer ser humano.

A empatia é importante para as relações humanas?

Sem dúvida. Embora há uma tendência nos adultos de super protegerem os filhos, quando pequenos, esquecem que os mesmos irão crescer e nem sempre será possível acompanhá-los nessa proteção. 

Você já deve ter percebido como algumas pessoas tem dificuldades enormes em se adaptarem a trabalhar em grupos, em equipe e, quando esses chegam a adolescência e a vida adulta se essas habilidades não foram ensinadas durante seu desenvolvimento poderá ser um obstáculo para seu futuro profissional.

 

Outro dia, aqui na nossa cidade,  participei de um grupo de profissionais, de diferentes áreas, onde se discutia algumas questões sobre o uso exagerado da tecnologia,  ouvi  um depoimento de um consultor de empresas que relatou que hoje em dia, um grande número de jovens profissionais, com grandes habilidades com tecnologia e conhecimentos em geral, quando são solicitados a interagir pessoalmente com clientes e/ou participar de algumas reuniões que necessitam esse contato pessoal, vem encontrando a maior dificuldade. Ter um bom relacionamento interpessoal está sendo um diferencial para o jovem profissional.

Desenvolver a empatia não quer dizer que sempre terá que ceder  ao outro para que se possa se considerar empático, até porque não existe um ser igual ao outro, somos seres singulares. O outro extremo também não é interessante, ou seja, aquela pessoa que quer se colocar inteiramente no lugar do outro. Ter o cuidado com os excessos. As vezes, por não saber como lidar com conflitos ou defender uma opinião a pessoa acaba sempre cedendo, até mesmo estando em desvantagem ou sabendo que naquele momento ela está certa, e cede inteiramente para o outro evitando assim algum tipo de conflito. Lidar com conflitos, com respeito as opiniões de outros, é necessário dentro das relações humanas.

Lembrando que ser empático é ser sensível ao outro, sem contudo se perder da sua própria vontade e desejo. É ter a capacidade de ver o outro sem contudo esquecer-se de si. 

Enfim gente, o objetivo do post foi apenas trazer aqui para você um pouco sobre a importância da empatia nas relações humanas e pensar sobre a questão de não perder a oportunidade de ensinar e desenvolver na criança, desde a sua primeira infância, essa habilidade que facilitará a sua vida em sociedade no futuro.

Era isso por hoje.

Obrigada pela sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço.

 

 

Referencias:

PIMENTEL, Perla Klautau de Araujo  and  COELHO JUNIOR, Nelson.Algumas considerações sobre o uso da empatia em casos e situações limite. Psicol. clin. [online]. 2009, vol.21, n.2, pp.301-314. ISSN 0103-5665.  http://dx.doi.org/10.1590/S0103-56652009000200004.

Imagens do post, são as disponíveis na web.

 

 

 

compartilhar faz bem!

Pinterest
Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp
Email